Comentário: os Principais Pontos da Declaração da Cimeira UE-Liga dos Estados Árabes


De Max Coutinho

A União Europeia decidiu combater a Conferência de Varsóvia para o Médio Oriente organizada pelos Estados Unidos ao organizar, 10 dias depois, a Cimeira UE-Liga dos Estados Árabes (i.e. Cimeira UE-LAS) no Egipto. Este artigo está dividido em dois capítulos: neste primeiro iremos comentar alguns dos pontos mais interessantes da Declaração da Cimeira e fazer lembrar à Liga Árabe do porquê que deve desconfiar das motivações europeias. 

Os Principais Pontos da Declaração da Cimeira UE-LAS


1. Confiantes de que a interacção fortalecida entre os estados membros da LAS e da UE tem um grande potencial de aumentar a estabilidade, a prosperidade e o bem-estar das duas regiões e do mundo, trabalhando em conjunto dentro da ordem global multilateral e baseada em regras. 

Comentário: A Europa, desde 1973 (a primeira crise do petróleo), tem vindo a jogar um jogo insidioso no Médio Oriente que nada tem a ver com a estabilidade, a prosperidade nem com o bem-estar dos países do Médio Oriente; au contraire, tudo o que a Europa faz é para estabilidade, prosperidade e bem-estar do povo da Europa. 

Facto: a Europa não tem tido conflictos nem pobreza extrema desde o fim da Segunda Grande Guerra. A UE foi criada para assegurar que jamais o continente se visse de novo ameaçado por uma Grande Guerra e, logo, todas as suas medidas políticas visam garantir esse resultado – mesmo que seja às custas de outros povos (e.g. Africanos, Norte Africanos e povos do Médio Oriente). 

“Ordem global”, “multilateral”, “baseado em regras” são palavras bonitas mas vazias de sentido. O que é que a UE quer dizer com Ordem Global: Globalismo, Governo Mundial Único – liderado por quem? Os Estados MENA deveriam ter cuidado com estas palavras porque uma coisa é certa, os Estados da Liga Árabe (LAS) serão os que menos beneficiarão de qualquer relacionamento com a Europa – como tem sido o caso até aqui. O que é que a UE quer dizer com “baseado em regras”: imposição de regras aos estados MENA, ditar a esses mesmos como se comportar para continuar a gozar de uma relacionamento privilegiado com a Europa?

A LAS deveria suspeitar de tais subtilezas porque a UE não se rege pelo Realismo com Princípios (que respeita a vossa soberania, identidade e costumes); a UE rege-se pelo Liberalismo (rejeição da Política de Poder) e o Construtivismo (rejeitar a natureza humana e outros elementos importantes na política mundial) o que forçosamente vai contra os Princípios Islâmicos. 

2. Também expressamos o nosso empenho em (...) aprofundar a sociedade Euro-Árabe de modo a concretizar as nossas aspirações partilhadas, a promover a paz, a estabilidade e a prosperiade, garantir a segurança, a promover o desenvolvimento económico, social e tecnológico (...). 

Comentário: os Serviços de Informação Europeus, especialmente os franceses e os britânicos, têm vindo a usar a relação privilegiada com os Estados Árabes, para minar o Povo Árabe há décadas. Logo, quais são exactamente essas aspirações partilhadas para promover paz, estabilidade e garantir a segurança na região: minar os Judeus? Isso é tão démodé e déclassé que até dói.

LAS só precisa de perguntar uma coisa: 23% de todas as importações de petróleo provêm dos Estados da Liga Árabe, mas quanto é a LAS compra à UE? LAS tem um défice comercial de cerca de €72 mil milhões (dados de 2017), significando isto que a Europa está a tirar partido da LAS, e o seu povo não está melhor por isso, não é?

Porque é que vocês pensam que a UE continua a promover o Conflito entre os Árabes e Israel? Porque ganham muito dinheiro com isso: se o lado árabe continuar a verter fundos para o Hamas e a Fatah, eles não terão como investir no seu próprio desenvolvimento humano e tecnológico, nem em tecnologia para a produção sustentável de alimentos; permanecendo, deste modo, dependente da UE e de outros para se fornecer. 

Ao mesmo tempo, a Europa mantém laços estreitos com o Irão e agora está a propôr um mecanismo para ajudar o Irão a contornar as Sanções impostas pelos Estados Unidos da América. Em termos mais latos, isto significa que a UE está a ajudar o Irão a financiar as suas posturas expansionistas e terroristas no Médio Oriente. 

3. Renovámos o nosso empenho para com o multilateralismo eficaz e para como um sistema internacional baseado na lei internacional de modo a lidar com desafios globais, incluíndo através de cooperação intensificada entre a LAS, a UE, as Nações Unidas (ONU) e a União Africana (UA). 

Comentário: o Multilateralismo jamais poderá ser eficaz já que representa energias dispersas – demasiados elementos a oferecerem a sua opinião baseada em interesses especiais. Sempre que a UE invoca a lei internacional (LI) faz-nos rir porque a LI só lhes interessa quando conveniente – como exemplificado nas suas posições em relação ao Conflito Árabe-Israelita.


5. Reafirmámos a importância de fortalecer a cooperação económica entre as duas partes, estabelecendo uma parceria forte baseada no investimento e no desenvolvimento sustentável.

Comentário: este ponto é uma repetição do ponto número 2; logo, a LAS precisa de se lembrar que sempre que a UE fala em fortalecer a cooperação económica, o desenvolvimento etc na verdade está a dizer que o lado árabe terá que arcar com a maior carga financeira (i.e. mais importações, mais investimentos em países europeus [ou seja, mais empregos para europeus] e mais compras de armas [de novo para assegurar Euro-empregos] etc) – o que é que o Povo Árabe tem a ganhar em termos concretos? Mais guerras, mais destruição, mais pessoas deslocadas e desolação. 

6. Reiterámos que chegar a soluções políticas para crises regionais, de acordo com a lei internacional, incluíndo a lei humanitária internacional, é crucial para obter paz e prosperidade que as pessoas da região precisam e merecem. 

Comentário: por outras palavras, vão continuar a usar os Árabes como instrumento político contra Israel. Isto é provado pela maneira como a UE ignora de forma descarada a Lei Internacional no que toca à Terra de Israel.


7. Reafirmámos as nossas posições comuns no que toca ao Processo de Paz no Médio Oriente, incluíndo o estatuto de Jerusalém, e na ilegalidade ao abrigo da lei internacional dos colonatos israelitas nos territórios ocupados Palestinianos.  

Comentário: a UE vai ficar isolada do resto do mundo se continuar nesta senda, porque não só está o mundo aos poucos a reconhecer Jerusalém como capital do Estado Judaico mas também a LAS será o primeiro bloco a reconhecê-lo. Mas também, este ponto é a confirmação de que a UE pretende estagnar e continuar a usar a LAS como arma contra os Judeus no Médio Oriente. 

O DS não vê problema nisto, mas já previmos o futuro da UE: a contagem decrescente para o seu peido-mestre já começou – tal como estão prestes a descobrir nas eleições europeias, em Maio. 

8. Afirmámos a necessidade de preservar a unidade, a soberania, a integridade territorial e a independência destes países [Síria, Líbia e Iémen – Ed].

Comentário: como, quando a Europa contribuiu enormemente para a desunião, quebra de soberania, violação territorial e dependência ao (directa ou indirectamente) apoiar proxies (que os destruiram) e os seus patrocinadores? Quanto é que a Alemanha, e outros países produtores de armas, ganharam com estes conflitos? Há o mercado oficial de armas e depois há o mercado negro onde os "Governos" vendem armas através de vendedores de armas independentes (e.g. Angolagate, Irãogate e outros armagates por aí a fora). 

9. Acerca da Síria (...) Condenámos todos os actos de terrorismo, de violações de direitos humanos cometidos contra o povo sírio perpetrados por qualquer criminoso e sublinhámos a necessidade de responsabilizar todos aqueles responsáveis pela crise. 

Comentário: que nobre. Contudo, olhemos de perto para as palavras emitidas – vocês vêem algum criminoso identificado por nome? Claro que não e esta omissão carrega significados interessantes, tais como a UE estar a jogar um jogo duplo; e uma vez que está associada ao Irão não quer ofender Teerão ao mencionar Bashar al-Assad ou o Hezbollah. E porque as suas agências de inteligência provavelmente trabalham de perto com alguns grupos Jihadistas para “um bem maior” eles não querem ofender Al-Qaeda, o Khorasan ou um qualquer outro grupo terrorista que opere na região. 

12. Reconhecemos que a paz e segurança, os direitos humanos e o desenvolvimento económico e social reinforçam-se mutualmente. 

Comentário: Direitos Humanos...o que é que a UE quer dizer com Direitos Humanos quando negoceia com Estados Islâmicos Árabes? O Código Moral deles não é igual ao vosso, o seu sentido de Ético difere do vosso, os seus pontos de vista acerca dos direitos humanos divergem dos vossos...então, o que é que reconheceram exactamente?

13. Discutimos a importância de preservar a arquitectura global da não-proliferação nuclear, baseado no Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, e o objectivo de ter um Médio Oriente livre de armas de destruição em massa e dos seus meios de entrega. 

Comentário: este ponto é uma piada. Todas as potências do mundo têm armas nucleares, não nos enganemos. Logo, qualquer arquitectura de não-proliferação nuclear já foi modificado há muito tempo: a Rússia, os EUA, a Alemanha, a França, o Reino Unido, a Índia, o Paquistão, a Coreia do Norte/China, o Irão têm armas nucleares; outros tê-los-ão em segredo ou ainda estão a meio de as desenvolver (Japão, Brasil, Arábia Saudita etc). O Médio Oriente não é uma região livre de ADMs - e jamais o foi com a ajuda do Estado Francês. 

14. Reafirmámos a nossa determinação para combater a intolerância cultural e religiosa, o extremismo, estereótipos negativos, estigmatização e discriminação conducentes ao incitamento, à violência contra pessoas baseada na religião ou na crença e condenar qualquer defesa de ódio religioso contra indivíduos que constitua incitamento, hostilidade ou violência, incluindo na internet e nas redes sociais. 

Comentário: que bom; contudo, este ponto não diz quais as penalizações que LAS poderá sofrer se não parar com a onda de ódio que inunda as suas sociedades (muitas vezes incitadas pelos próprios governos)? Como é que o UE vai parar o Estado Palestiniano Ex-Nihilo de incitar contra os Judeus na TV, nos manuais escolares, nas ruas etc?

E será que a UE prometeu calar os partidos “Populistas” (convenientement rotulados de “extrema-direita) quanto à Islamização da Europa (por outras palavras, violar os seus direitos de liberdade de expressão)? E como é que a UE pretende monitorar a determinação dos LAS para combater a intolerância, o extremismo e a discriminação? Este ponto parece perigoso uma vez que caminha na linha fina entre o autoritarismo e o combate ao extremismo.

Próximo Capítulo: os Estados Árabes Ouviram mas Seguirão a Europa?

(Imagem: Logo da Cimeira UE-LAS[Ed] - Google Imagens)

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