O Irão e a Rede Montada para Contornar as Sanções


De Max Coutinho

No que toca a contornar sanções, o Irão é o país mais criativo do mundo. Nenhum outro Estado o ultrapassa porque enquanto a Coreia do Norte depende da China para ultrapassar as medidas punitivas internacionais, o Irão só depende da sua inteligência e do seu mais leal associado: o Hezbollah, o Partido de Allah libanês.

A Administração Trump retirou os EUA do Acordo com o Irão (assinado em 2015) e recolocou Teerão na lista de Sanções; os iranianos protestaram; os Europeus criaram mecanismos para ajudar o Irão a violar as sanções impostas pela América; o Estado Revolucionário Islâmico não está feliz e ameaça também sair do Acordo para retomar o seu programa nuclear (que sabemos nunca ter parado).

Os Ayatollahs jogam um jogo: finjamos que as sanções do Trump estão a funcionar e aceleremos o Plano B.

O Plano B

Este plano não é novo: já falámos dele Aqui e Aqui. Não obstante, trazemos mais informação. Quando o Presidente Obama impôs sanções ao Irão, no período de 2011-2013, o então Presidente Ahmadinejad viajou por toda a África para negociar com os Estados Produtores de Urânio – eles providenciariam urânio e o Irão financiaria o seu “desenvolvimento”. Simultaneamente, suspeitou-se que a Arábia Saudita estivesse a fazer jogo duplo ao vender combustível ao Irão ao mesmo tempo que apoiava o Presidente Obama (NB: é preciso lembrar que o contexto político era muito diferente do de hoje e Barack Obama era um Presidente fraco aos olhos dos líderes do Médio Oriente). Mas havia uma terceira fase do Plano B que não foi suficientemente discutida: o papel que os libaneses, à volta do mundo, desempenharam para ajudar o Irão a contornar todas as sanções.

O Polvo Libanês 

Quando pensamos em homens de negócios em África, na América Latina, na Europa, na Ásia e praticamente em todo o lado, pensamos no Hezbollah. Contudo, nem todos os empreendedores libaneses são membros do Partido de Allah, ainda que trabalhem para eles directa ou indirectamente (há uma prática comum na comunidade libanesa e paquistanesa: chantagem. Obrigarão membros da sua comunidade a cooperar com grupos terroristas sob pena dos seus familiares serem mortos no país de origem). Para propósitos investigativos, deve-se sempre presumir que um empresário libanês esteja a trabalhar para o Hezbollah – voluntária ou involuntariamente. Imaginem quantas pessoas neste estado existem à volta do mundo, num país, num estado, distrito, bairro, prédio e poderão começar a entender o alcance dos tentáculos do Polvo Libanês.

Era uma vez, uma comunidade de Libaneses bem estabelecida na República Democrática do Congo, na indústria diamantífera; depois Joseph Kabila veio e expulsou-os do seu país. Então, concentraram-se na Zâmbia e para Angola continuaram a fortalecer a sua posição africana. Hoje, os governantes Angolanos estão nas mãos destes libaneses e até o Kwanza (fora do alcance do comum angolano) está sob controle libanês. Na Zâmbia, mantêm um low profile, observam e tomam notas acerca do que se passa na região – a Zâmbia faz fronteira com a RDC e Angola.

Agora, os libaneses controlam a indústria diamantífera em Angola. Eles podem até estar por detrás da relutância do Estado Angolano em permitir que as grandes companhias mineiras explorem diamantes no seu território (antes acreditava-se que 90% das reservas estavam ainda por explorar – porque faria isto um país pobre? Ou os governantes escondiam algo ou alguém já explorava as minas de forma não oficial). Esses diamantes saem de Angola através de Mulas: Angolanos(as), Portugueses, Brasileiros(as), Marroquinos(as), Libaneses, Tailandeses, Vietnamitas, Chineses...etc.

A Isabel dos Santos, a filha do Presidente Emérito José Eduardo dos Santos, adquiriu a De Grisogono, uma marca de Jóias de Luxo fundada pelo Libanês-Italiano Fawa Gruosi. O irmão dela, Zenú dos Santos, também está ligado aos libaneses – o seu sócio mais chegado, recentemente libertado do cárcere em Luanda, é suspeito de ser na verdade libanês (embora ele diga ser Luso-Angolano, ainda que em Angola ninguém consiga encontrar registos dessa família angolana dele). Alguns das Altas Patentes Militares deste país Africano fazem também negócios com elementos libaneses/do Hebollah que têm passaporte angolano e viajam de trás prá frente para o Brasil, Portugal, Dubai, Marrocos, África do Sul e Moçambique (só a título de exemplo).

A imagem está a ficar mais clara? Adicionemos então mais alguns ingredientes: os libaneses/Hebollah penetraram o sector financeiro português através dos seguintes bancos: BCP Millennium, Montepio, BNI Europe, BIC Europe, BAE (Banco Atlântico Europa) via testas-de-ferro portugueses e angolanos. Como é que as autoridades portuguesas agem como se não soubessem disto? Quem são as altas figuras de Portugal que estão no negócio de ameaçar a Segurança Nacional Portuguesa?

Os tentáculos do Polvo Libanês estão a esticar-se. Qual o objectivo?

O Objectivo: Contornar as Sanções

A nível político, as sanções estão impostas e até o Presidente francês ameaçou impôr mais medidas punitivas se o Irão abandonar o Acordo Nuclear, ainda que parcialmente. Teerão não está preocupado com esta ameaça porque sabe que está coberto e protegido pela Piovra libanesa. A sua posição em Bancos Europeus, a sua participação em empresas ocidentais, as taxas colectadas nas pequenas e médias empresas libanesas, as comissões obtidas através de negócios ilícitos à volta do globo e o lucro gerado pelos subornos pagos a políticos (para passarem leis que os beneficiem) é garantia suficiente de que nada lhes faltará.

Conclusão

O Plano iraniano começou algures entre 1985 e 1987 – eles tiveram tempo para se prepararem. Logo, soluções políticas não resolverão o problema e assassinatos políticos por si só também não resolverão o problema – porque se se remover um líder hoje, amanhã aparecerá outro no seu lugar (os islamistas são como cogumelos). Logo, a única solução é criar um ambiente tal que incentive os Estados idóneos a combater o Hezbollah dentro das suas fronteiras ao ir atrás de todos os membros da rede (nacionais ou outro) – e isto não é dificil de fazer, assim que os Estados adoptem a política do Brasil e das Caraíbas em aceitar a ajuda de Investigações Independentes (que têm acesso a inteligência de alta qualidade).

Este regime tem de ser estrangulado de vez.

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