Há dois assuntos interessantes que ainda que pareçam não ter relação entre si, na verdade estão intimamente relacionados: o dilema árabe e o ataque em Manchester (da semana passada).
O Dilema Árabe
Os Estados Árabes sabem que têm um verdadeiro problemas nas mãos: a Jihad Global. Esta Jihad está intimamente ligada à tal Causa Palestina. Eles sabem disto tanto quanto qualquer analista honesto. Ao contrário de muitos no Ocidente, eu não substimo os líderes árabes. Nem tão pouco substimo a sua capacidade para ler os eventos, e não diminuo o seu desejo de mudança e de um certo nível de paz. Não deve ser fácil ver o Médio Oriente a ferro e fogo: pessoas morrem todos os dias, o futuro árabe está a ser obliterado minuto-a-minuto, o desenvolvimento está parado e o terror apoderou-se da vida dos muçulmanos. É isto que os Príncipes e Reis árabes querem para a sua região?
É verdade que, durante muito tempo, os Sauditas patrocinaram a disseminação da ideologia Wahabbi; e também é verdade que os Qataris financiaram a construção de inúmeras mesquitas tanto na Europa como em África – cujos efeitos agora vemos. Sim, o Islão tal como está agora é uma religião imperialista e expansionista – quanto mais cedo o admitirmos, melhor. Mas serão os nossos homólogos árabes imunes à mudança? Resistentes talvez, mas não imunes.
Em Israel existe uma verdadeira coexistência entre muçulmanos, judeus, cristãos et al. O Estado Judaico é um país desenvolvido, onde as pessoas podem viver em paz. Imaginem se o mesmo pudesse acontecer de novo nas nações árabes – quão linda e poderosa seria a região? Mas divago...
Portanto temos aqui um dilema: a Causa Palestiniana transformou-se na Causa da Bandidagem, é tão simples quanto isso. E se os Árabes desejam parar de serem conotados com violência, derrame de sangue, terror, imaturidade política e miséria; então precisam de renunciar à agenda política palestiniana. Precisam também de pôr a Jordânia e o Egipto (dois países directamente responsáveis pelo problema) no seu lugar.
Qual é a causa preferida da Irmandade Muçulmana? A Palestina enquanto Estado Islâmico. Qual é a raiz da Irmandade Muçulmana? A Jihad. Se os Sauditas e outras Famílias Reais árabes querem garantir a sua posição, e criar mais espaço de manobra, eu sugiro que sigam o espírito do conselho oferecido pelo presidente Trump: arranquem a raiz do problema, puxem a ficha.
Quantos Príncipes sauditas e dos emirados sonham com uma sociedade diferente para os seus reinos? Quantos deles realmente desejam ver os seus países a finalmente entrarem no século XXI pela mãos de cientistas, arquitectos, engenheiros, médicos, linguistas, matemáticos, astrónomos etc árabes? Resolvam o dilema, juntem-se a Israel e transformem o Médio Oriente na Potência Regional que pode ser.
O Ataque de Manchester
Na semana passada, tivemos outro ataque terrorista levado a cabo por um terrorista muçulmano. O elemento havia nascido em Inglaterra, de pais refugiados, que mais tarde regressaram à Líbia. Salman Abedi treinou na Líbia, no mesmo campo de treino onde terroristas envolvidos nos ataques na Tunisia treinaram (para além disso, Abedi também está ligado aos terroristas que atacaram Paris e Bruxelas nos últimos anos); o seu pai lutou nas fileiras da AQ contra o Ghadaffi; e o seu irmão aparentemente também é um militante do ISIS. Há inclusive relatórios contraditórios acerca da mãe do meliante (uma cientista nuclear) – por isso temos mesmo de fazer uma investigação à família inteira porque poderemos estar perante um novo ângulo no paradigma do Terrorismo Islâmico.
Os campos de treino na Líbia são sobejamente conhecidos há anos: o IRA treinou ali, a OLP treinou ali, a ETA treinou ali, a AQ treinou ali, o ISIS treina ali – sempre os mesmos actores; por isso, porque é que é tão difícil estabelecer a ligação entre estes grupos e a presente Jihad Global? As redes destes grupos podem estar, directa ou indirectamente, a dar apoio a células terroristas islâmicas na Europa (já muitas vezes estabelecemos o envolvimento da OLP/Autoridade Palestiniana).
Tendo tudo isto em conta, declarar a lei marcial na Europa e pedir aos estados da NATO que combatam o ISIS lá longe é fútil. Não temos feito outra coisa – para dizer a verdade, andamos nisto há 16 anos e o problema persiste. Está na hora de mudar de política (e seguir o exemplo Checo é um bom começo).
Lembrem-se que 2020 aproxima-se e, por isso, a situação só se intensificará. Agora é hora dos Países Árabes provarem que a suas intenções são sérias, porque se não o fizerem: então, eles estão todos no golpe e têm andado a travar uma guerra de atrição connosco.
(Imagem: Jerusalém do Monte das Oliveiras - David Roberts)
[As opiniões expressadas nesta publicação são somente aquelas do(s) autor(es) e não reflectem necessariamente o ponto de vista do Dissecting Society (Grupo ao qual o Etnias pertence)]
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