Regresso dos EUA à Ribalta: Tá Certo ou Errado?


Hoje vamos dar uma vista de olhos ao terceiro indicador (poderão ler o segundo Aqui). Em Janeiro, este blogue previu a re-emergência dos Estados Unidos da América como líder mundial, uma mudança na sua política para o Médio Oriente e a viragem para África e para a Ásia. Estivemos certos ou errados?

Indicador C: EUA, Return of the Mack

Em termos económicos, 2015 foi generoso para com os EUA: os níveis de confiança dos americanos aumentaram; e por causa do baixo preço do petróleo, tanto o consumo como a venda de casas subiram. Um outro aspecto positivo foi a criação de postos de trabalho que aumentou também. Contudo, a despesa e o investimento das empresas ainda não regressaram aos níveis da época pré-crise (devido às exportações inactivas, petróleo barato e baixos lucros).

Os EUA geraram 12.1 milhões de novos postos de trabalho nos últimos cinco anos, baixando a taxa de desemprego para 5% (o mais baixo em 8 anos) e deram aos americanos mais dinheiro para gastar – Jefry Bastash

Apesar dos dados positivos, alguns permanecem cépticos perante o facto das taxas de desemprego permanecerem a 5%, de não ter havido um boom económico e o PIB ter encolhido no quarto trimestre (para 2%). Não obstante, de uma maneira geral, as pessoas parecem estar confiantes na economia Americana já que permanece a maior economia do mundo; e como disse Jack Lew os EUA "terminam o ano bem posicionados".

Médio Oriente

Tem sido interessante ver as negociatas americanas no Médio Oriente: a pressa de assinar um “histórico” pacto nuclear com o Irão – que não só aborreceu os aliados árabes e judeus mas também fez com que a América ignorasse as transgressões dos direito humanos de Omã (i.e. trabalho forçado e tráfico humano) só porque o Sultanato ajudou a América a concretizar o acordo. Deveremos interpretar isto como um sinal de que os EUA estão finalmente a entender que conceitos tais como a democracia, liberdade, direitos humanos etc só funcionam no ocidente; e se sim, irá estender a mesma cortesia aos países africanos (e parar de lhes impôr o assunto dos Direitos Gays)?

Omã, um aliado de confiança dos EUA, localizado numa posição estratégica na ponta da Península Arábica, orgulha-se de ser uma presença estável e um mediador numa região marcada pelo conflito. O país de 4 milhões de pessoas tem uma política de “bom vizinho” com o Irão e relações próximas com o Ocidente - Reuters

Os Estados Unidos da América é agora petro-independente (mais uma promessa cumprida daquelas feitas pelo Pres. Obama em 2008); contudo, viu-se forçada a assegurar aos seus aliados, produtores de petróleo, que pouco ou nada havia mudado nas suas relações – só que isto não é inteiramente verdade, especialmente quando olhamos para a Síria (onde os EUA permitiram que a Rússia assumisse um papel mais proeminente na luta contra o ISIS) e para o Conflito Arábe-Israelita (onde o Presidente Obama finalmente sucumbiu à realidade no terreno). Mas independentemente de como se olhe para a situação, é óbvio que a política americana está a mudar gradualmente – esperemos que na direcção certa.

África

Os EUA já começaram a virar-se para África há um par de anos atrás, para estancar a crescente influência chinesa no continente. Esta viragem foi feita de forma paciente, através da AFRICOM, de modo a ganhar a confiança dos africanos (que durante muito tempo nutriam sentimentos socialistas anti-Ocidentais, mas que agora já começam a abrir-se um pouco mais) ao treinarem soldados, policias, e ao participarem em centenas de operações de segurança para ajudar a estabilizar o continente, com vista a aumentar o investimento num continente projectado para ser um dos maiores mercados até 2050.

Enquanto a China parece estar a diminuir os seus investimentos no continente africano, e noutras partes do mundo, devido aos seus problemas económicos; os EUA aproveitaram e penetraram no continente afim de beneficiarem das suas riquezas. A única desvantagem da participação americana, em África, é mais uma vez a imposição de paradigmas ocidentais no sistema político local – dois exemplos disto são o assunto dos Direitos Gays (que expuseram gays africanos ao perigo) e os esforços para depôr certos líderes africanos (e.g. Paul Kagame [Ruanda] e Yoweri Museveni [Uganda]) somente porque eles não se encaixam no modelo democrático americano (NB: o povo do Ruanda e da República do Congo votaram, em referendum, para manter os seu líderes no poder – deverá a América ir contra os desejos do povo?). Não obstante, com alguns ajustamentos, vemos o envolvimento americano em África com bons olhos.

Ásia

A participação da América na Ásia tem também sido bastante interessante: apoiou o Japão na alteração do artigo 9; fez frente à China no que toca à situação no Mar do Sul da China (evitando assim uma colisão grave entre os seus aliados e o Dragão Vermelho) e tem mantido a balança de poder na região, de uma maneira bastante eficaz (mais do que no Médio Oriente). Pode-se dizer que na Ásia: portou-se como uma potência e líder mundiais.


Veredicto





Errámos quando partimos do princípio que os EUA fossem re-emergir como líder, a nível global, quando não o fez em relação ao Médio Oriente (tendo em conta que se trata da região mais importante de todas, no que toca à diplomacia e política externa); falhou na sua mediação do conflito árabe-israelita; e deu tiros diplomáticos no pé em África (correndo o risco de cometer os mesmos erros do passado). 







Mas acertámos quando previmos a continuação de uma economia estável – talvez a razão pela qual a administração Obama prefere concentrar-se nas políticas domésticas (como uma antítese ao Presidente Bush que se concentrou mais nas guerras no estrangeiro, tendo negligenciado assim a economia em casa)? - e quando dissemos que os EUA ir-se-iam afastar do Médio Oriente e virar-se para África e Ásia.




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