Armação e Traição



Esta é a sequela de “Eventualidades”.
A opção B foi a mais votada: “Antes de nos livrarmos dele queremos saber o porquê da sua obsessão pela Elaine, e depois logo vemos como ajudar o jovem casal.”
Gostaria de agradecer áqueles que participaram na selecção do fim para este conto: vocês são máximo! E agora, eis a continuação:

Tu e eu descemos e aterramos na árvore favorita da Elaine, para observar os eventos seguintes.
Elaine beija o pescoço do seu marido quando se apercebe de que estão a ser observados. Beija a orelha de Christian e sussurra «Estamos a ser observados!» ele agarra nela, atira-a para cima da cama e põe-se em cima dela com um sorriso nos lábios...beijam-se e ele carrega num botão para fazer descer as persianas. Quando o quarto fica escuro, eles levantam-se rapidamente e correm para o quarto contíguo ao seu; Elaine liga os monitores, Christian senta-se ao lado dela e ei-lo...o Sr. Klein.
«Espera aí…eu conheço este tipo!» exclama Elaine, «Quem é ele?» pergunta o marido enquanto marca um número no telefone «Chris, finalmente temos o Buonfiglio à nossa frente! Nem acredito que tenha tido o descaramento de vir atrás de nós!» «Atrás de ti, queres tu dizer, querida!» «Não é a mesma coisa, meu amor?» pergunta ela enquanto beija a orelha dele «De facto, é [corresponde ao beijo]…[“Pronto! Pronto!”] Ó, perdão...Vittorio…ciao, come stai? [“Bene, grazie! Em que te posso ajudar?”] Nem vais acreditar quem aqui está [“Chi?”]: Buonfiglio [“O quê?! Caspita…do que necessitas?”] A Elaine precisa de ti, capisce? [“Estarei aí amanhã!”] Óptimo, e traz os gémeos contigo [“Certo!”]! Ciao [“Ciao!”]!» o Christian desliga o telephone e repara que a mulher está a olhar fixamente para o ecrãn, coloca a sua mão na dela e diz «Vai correr tudo bem, meu amor!» «Oh, eu sei...não é isso! Este tipo esteve mesmo à minha frente e nem sequer o reconheci!» «O que foi que o denunciou agora?» «Este sorrizinho estúpido. Ele acha-se o máximo quando na verdade não vale nada.» Christian dá uma gargalhada e o casal prossegue com a tarefa de vigiar o inimigo...

Eu digo-te “Começo a ter pena do Ernest! Vemos vê-lo de perto!” e aterramos por detrás dele.
[Celular toca] «Tou [“Ciao, Tomaso!”]! Agora chamo-me Ernest [“Ah, sì…scusami…Ernest. Como vão as coisas?”]! Neste momento, a Elaine está a copular com o marido dela, dá para acreditar? Quando estávamos juntos, tinha de implorar para ter um pouco de acção [“Oooh, ma che…olha o respeito,eh! Ela agora está casada! De qualquer maneira, o que ela faz ou deixa de fazer não é da nossa conta; tudo o que quero saber é se irás conseguir agarrar a receita ou não? É para isso que aí estás!”]! E pensar que ela nem sequer me reconheceu: a filha da mãe [“Mas tu não fizeste uma operação plástica…ma cosa faccio, io? Ouve, esquece essa mulher; ela jamais será tua, não depois do que fizeste ao pai dela! Traição é a única coisa que aquele homem não perdoa e, se ele ouvir que um homem andar a rondar a sua pequena ‘principessa’ ele saberá que és tu! Por isso, tem cuidado!”]! Tá, tá…vou pegar na receita e pisgar-me daqui! [“Isso! Agarra nisso e ganhemos dinheiro!”] Certo! Ciao [“Ciao!”]! Ernest desliga e coloca o celular no bolso. A seguir sente um calor na nuca, quando se vira para ver quem é, não vê alma. Levanta-se e vai para casa afim de pensar numa estratégia.

Manhã seguinte. [Campaínha] Luca, o mordomo, atende a porta «Signore Vittorio, seja bem-vindo de volta!» «Ciao, Luca! Obrigado; como estás?» «Muito bem, obrigado por ter perguntado!» Luca repara nos gémeos: um par de jovens baixinhas, com cabelo e olhos pretos, cara redonda, olhos em forma de amêndoa, nariz pequenino, lábios carnudos, pele dourada, corpos de violão e um caminhar de gazela. Lindas! Mas não sorriam nem por nada.
Vittorio e as suas gémeas reúnem-se com Elaine e Christian no escritório. Christian senta-se num cadeirão, Elaine fica em pé perto da janela (para observar a propriedade), as gémeas estão ao pé da porta e Vittorio senta-se vis-à-vis ao Christian: fica decidido que a receita deverá ser levada para fora do país (tu e eu estamos divertidíssimos a observar tudo isto, eles não precisam de ajuda).
«Mas para onde, Chris?» pergunta Elaine «Para um lugar onde o Buonfiglio jamais regressaria: Sicilia!» «È veroSignore Alberto, o seu pai (signorina Elaine), matá-lo-ia se soubesse que ele estaria por perto da ilha!»…Combinado: as gémeas levarão a receita para a Sicília.
Elaine coloca a receita no bolso dos boxers da Giulia e um bilhete no soutien da Giuliana.
Buonfiglio observa-a «Aah, ela está a pôr a receita no soutien dela! Provocadora! Se o Tito estivesse aqui para ver isto…que sexy!» levanta-se e enfia-se no carro.

Aeroporto. Giulia and Giuliana bebem um café no Garfunkel’s. O Buonfiglio aproxima-se delas e repara que elas são iguais [“Qual delas tem a receita?” pensa para consigo mesmo]; flirta com as duas mas só uma corresponde ao seus encantos. Ela levanta-se e ele segue-a até à zona das casas de banhos. Ela puxa-o para si, dá-lhe um beijo apaixonado e, quando ele está prestes a colocar a mão sobre o peito dela...ouve-se um surdo “dum dum dum!”…Três tiros…Buonfiglio cai no chão, as gémeas arrastam-no para dentro de um armário e partem para a sala de embarque. No avião, Giuliana, relê o bilhete que Elaine colocara no seu soutien “Abate-o!”…

Próximo Episódio: Os Vaticinadores
Imagem: David II de Caravaggio

Comentários

  1. Ah! que pena que não deu para eu participar da escolha do final do conto...

    beijos

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  2. Oi Adriana,

    Não faz mal, lindinha! Há-de haver outras oportunidades ;D!

    Beijos

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