De Max Coutinho
Há muitas camadas no Universo dos Serviços de Informação. A HUMINT permanece o único método de recolha de informação verdadeiramente eficaz, porquê? Porque nenhum algoritmo, nenhum computador bate o Cérebro Humano e a sua capacidade para se relacionar com as pessoas.
Nunca se sabe quando estamos perante um “Agente Secreto”: ele pode ser o seu vizinho, o condutor de autocarro, o funcionário do supermercado ou qualquer funcionário público, ou ainda um sem-abrigo. Não há forma de saber. Mas a questão é: que tipo de informação é que tais agentes recolhem: relevante ou fútil? Eu diria que depende.
Se alguém for uma pessoa de interesse, claro que um cenário será construído no bairro/rua dessa pessoa e, de repente, os vizinhos já não são vizinhos comuns. Chega-se a um certo ponto e o alvo só necessita de averiguar se os jogadores são hostis ou amigáveis.
Um condutor de autocarro está numa posição privilegiada para colectar informação de natureza mais alargada: que tipo de turistas é que vêm para o país, onde param mais, do que tiram fotos, do que falam etc etc?
Um funcionário de supermercado também se encontra numa boa posição para recolher informação já que ouve muitas conversas e vê muita gente.
Um funcionário público está numa posição mais complexa visto que para conseguir recolher vastas quantidades de informação, sem ser detectado, necessita de assistência tecnológica - porquê? Porque o público é um dos maiores obstáculos que há: eles reparam em tudo o que o funcionário faz, diz e mesmo as expressões da sua cara; ainda que não se apercebam desse facto na devida altura.
Um sem-abrigo é o melhor disfarce de todos já que normalmente ninguém dá nada por ele. Tanto quanto sabemos ele poderá recolher informação enquanto remexe no lixo, enquanto está debaixo das mantas e dos cartões. Ele também ouve tudo o que as pessoas dizem, já que estas tendem a subestimar os sem-abrigos, e como tal, põem-se à vontade para dizer o que quiserem à frente, ou por perto, deles. Brilhante!
Tudo parece simples, mas a recolha de informação nunca é simples e dever-nos-íamos perguntar se os Governos, e as pessoas que inventam tais métodos, pensam verdadeiramente no impacto que tais operações têm na vida dos agentes. Compreendemos que assim que se entre para tais organizações quase tudo lhes seja explicado, mas há situações que escapam previsões e paradigmas. E depois?
E isto foi só um snack para o pensamento…
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