As Pessoas Desligaram-se da Afectividade Colectiva



De Lenny Hannah

Em primeiro lugar devo anunciar que para mim a ciência vale o que vale excepto quando se trata da origem do ser humano: pessoa.  

Então que é uma pessoa? Não sei descrever, é de uma complexidade quase equivalente ao Ser De*s: sim, Ele é invisível, mas uma pessoa é palpável; temos uma noção de quem seja De*s mas o conceito de pessoa é um amontoar de percepções. De*s é uno, omnipresente, omnipotente, uma pessoa é uma fragilidade; De*s criou o homem e fê-lo à Sua Imagem e Semelhança (Energia primordial?), deu-lhe o domínio sobre tudo que se encontra na natureza; mas esta ironicamente reduz a pessoa a nada.

Então, o que aconteceu à Energia primordial? Definhou devido à conspiração de Eva e da serpente ou tornou-se intermitente porque Adão não teve fortitude testicular para dizer “eu não toco nisso, porque espero em De*s” 

O facto de De*s ter resolvido transformar-se num espectador: terá complicado a mentalidade das pessoas?  

Vejamos, quando apanho os transportes públicos (eléctrico e autocarro), cumprimento sempre o guarda-freio/motorista, ao saudá-los não é só por cortesia, estou simples e profundamente a dizer “Os anjos do Senhor guiem a tua mão para que nenhum mal te aconteça, visto que tens nas tuas mãos a responsabilidade de dezenas de vidas em cada viagem”; a maioria retribui o cumprimento porém não me dou ao trabalho de tecer grandes considerações para com os sisudos (embora o meu voto seja igualmente para eles) por que lá está, cada um com as suas fezes.

Todos devemos ter muita estima uns pelos outros, pois derivamos todos do mesmo, e além do mais, pessoa alguma deseja a ira de De*s sobre si: mas porquê estima e não gosto? Porque gostar de alguém, é mais que simpatia e risinhos; é uma simbiose da racionalidade e é uma interacção intelectual, onde o desacordo, a irritação e as poeiras energéticas transcendem o julgamento de costumes: gostar é o alicerce numa ligação metafísica.

Milhões de pessoas têm as suas vidas entravadas porque pensam que gostar é lamechice. Minha gente, bola para frente porque gostar não envolve sentimentos, emoções, estes dois últimos são passos que conduzem àquela paixão que eventualmente fará o corpo exultar.

As pessoas desligaram-se da afectividade colectiva, visto que a violência gratuita se transformou num modo de vida. 

Há por aí monstros que sem tréguas atacam, assassinam as ditas namoradas, companheiras e esposas; ninguém nem mesmo a lei faz o que quer que seja, porque a voracidade de golpear a carne humana, saciar-se dos cheiros ignóbeis que o medo ajuda a libertar do corpo e finalmente extirpar a paz de outrem, é algo que está em todas as camadas sociais e é considerado próprio no trato entre pessoas que aparentemente se amam, vivem juntas e dormem na mesma cama.  

Às vezes quero entender a razão pela qual as pessoas andam nas ruas com caras de burro, de hienas prontas a atacar e com aquela agressividade passiva, mas depois recuo e digo-me os anónimos não têm culpa do desconhecimento das vivências dos outros. 

Imagino que o tormento faça as pessoas reagirem de um modo deslocado; mas não é razão suficiente para deliberadamente arrastar inculpados para a fossa e, nem é ético agravar gratuitamente as outras pessoas, pois estas também podem estar sofridas, mas calam por algum tempo os seus horrores, porque estão a sonhar com o dia em que a vida lhes proporcionará alguma dignidade.

Hey, não vou aqui dizer coisas como: “look at the bright side of life; busque a felicidade; não há mal que sempre dure; De*s não lhe daria um fardo que não pudesse carregar; fuja enquanto é tempo; a almofada é uma boa conselheira (muitos nem sequer conseguem dormir)” etc, porque sinceramente não me quero associar a pessoas profanas que se expressam somente em jargão; escolho não lidar com idiotas, ignorantes e estúpidos.

Estou-me nas tintas, que você creia que a sua cara de burro reles intimida alguém; não me incomoda a falsidade alheia; a mente de minúsculo calibre, para mim já deixou de ser tomada em consideração; estou-me borrifando se do alto do seu pedestal você imagina que pensa. E não dou uma bufa pela sua vileza; porque feitas as contas você é que se está a agastar e a lançar-se para o abismo.

Até para a semana

(Imagem: Multidão de pessoas - Google Images)

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