Como devem calcular fiquei desvairada, "O meu povo está a debandar?" mas porque carga de alhos, perguntei eu a uma outra colaboradora, e esta respondeu-me dizendo "As pessoas gostam de conversar e de trocar ideias mesmo virtualmente, Lenny; perceeebe?"
Já me estava a passar com o excessivo arrastamento da vogal "e", então sorri, agradeci e respondi "compreendo". Pronto, meus caros leitores, desde já, a partir deste post, estou em prontidão para regressar aos comentários e possíveis trocas de ideias.
Esta semana focar-nos-emos em dois tópicos: Ucrânia e a documentação para os seus refugiados.
Neste momento a coqueluche da realpolitik é a bela Ucrânia. As razões pelas quais a Rússia resolveu ir fazer xixi naquele país são redundantes e confusas, portanto não me darei ao trabalho de as analisar.
O presidente russo está inquieto desde há muito. No passado, afirmara que se estava nas tintas por causa das sanções (não é bem assim), depois as suas tácticas de atacar dissidentes em solo estrangeiro causaram-lhe diversos dissabores, o maior deles foi a extracção dos seus operativos, conclusão: está sem olhos no Ocidente.
Se para alguma coisa serviu a guerra de Putin, foi para através da acção humanitária dos refugees introduzir os seus espiões novamente na Europa: vejam só a quantidade de vidas ceifadas pela premência russa com a anuência do governo Ucraniano.
E assim se conduz a política internacional.
Depois da Bósnia vem a Ucrânia: encontro aqui uma similitude com o que aconteceu aos meus conterrâneos de Moçambique quando da guerra civil entre a FRELIMO e a RENAMO, aqueles foram acolhidos pelo país menos habilitado de África: Malawi.
Os ditos jornalistas e comentadores da treta (que vão morrer long) porque quando se é ser humano: o comportamento, a dor e a impotência de nada poder fazer, até o mortiço dos olhos; é igual para todos, não importa a cor, origem, educação: as vicissitudes são as mesmas; porque ao fim e ao cabo "somos todos o mesmo".
Ora, Portugal está a braços com um fluxo de imigrantes, que se encontram em situação stressante devido a falta de documentação (i.e. NISS e ficha de identificação do utente), um é para fazer os descontos para a Segurança Social e o outro é para ter acesso à saúde, a um preço simbólico.
Serve esta conversa para expressar a minha surpresa quando foi anunciado pelas entidades portuguesas que os refugiados da Ucrânia seriam imediatamente agraciados com o pacote inteiro de quase cidadania ( NIF, NISS Cartão Temporário de Residência e Número de Utente); aplaudi a medida, mas…mas como diriam os anglo-saxónicos "why the double standards?"
Com COV-19 ou sem este, os outros migrantes deveriam ter o mesmo tratamento, demorasse o tempo que fosse. Os asiáticos e africanos que cá estão, como todos já sabeis, pois não me canso de bater nesta tecla, os patrões recusam-se a requisitar o NISS a favor dos seus contratados porque alegadamente, uma vez na posse de tal número os trabalhadores desapareciam pura e simplesmente.
Como tudo na vida, os migrantes para propósito de descontos para a ISS que por sua vez serve também de prova no SEF para obtenção de visto de permanência em território nacional, os migrantes tiveram que ser criativos e proactivos.
O quê que aconteceu? Não me levem a mal, eu sou toda a favor de bons negócios, porém, haver sociedades de advogados e outras a cobrar pelo serviço da obtenção do NIF, valores entre €250 e €350 é ultrajante. Ter empresas a cobrar pelo NISS valores que podem ascender aos €800 é ainda mais ultrajante.
Eu sei que por razões de vária ordem, os migrantes não se importam de pagar. Mas "come on…" isto é um monkey business porque após toda esta souffrance, os tipos vão trabalhar para o estrangeiro. Quem finalmente sofre? Os nossos cofres na Fazenda Pública e na Segurança Social; por isso, já que estamos receptivos na ajuda aos ucranianos vamos estender a mesma cortesia aos que já cá estavam: "amenistiando" as suas parcas poupanças.
Bom o debate está aberto, estão todos convidados a fritarem-me o cérebro, vamos aos comentários…!
Até para a semana
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Lenny, concordo que esta guerra é tudo menos o que parece. Mas porque precisaria o Putin de fazer uma guerra para enviar agentes?
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
EliminarMiriam, acha que aquilo é uma guerra? Ele querer queria, mas o mundo ficou a olhar para ele.
EliminarA Europa e os EUA estão com os olhos sobre a política interna e externa de Putin como nunca estiveram.
A externa é quase nula e desesperada.
O presidente russo mais a sua retórica bacoca, fez com que desse tiros nos seus próprios pés, conclusão: o rei vai nú.
Obrigada, Miriam
Obrigada Miriam
Olá lenny,
ResponderEliminarEu acho nojenta a forma como o ocidente reagiu a esta guerra e mais ainda a forma como se evidenciou a discriminação a refugiados do Médio Oriente e Africanos: os ucranianos têm direito a NIF, NISS, automáticamente e a jobs...os Sírios e outros não têm direito a nada de forma automática e vivem em centros de acolhimento que só D-us sabe. Os Migrantes chegam aqui têm de pagar para ter os ditos números e ficam sujeitos a exploradores porque os empregos não são fáceis de arranjar...enfim...
Por isso, a Europa mais uma vez mostra que tem dois pesos e duas medidas...
Beijocas e Shabbat Shalom
Olá, Mas,
EliminarDois pesos e duas medidas? Se assim não fosse não seria Europa; ok?
O que me faz espécie é o nosso Premier; bem sei que ele só executa ordens, mas come on!
Não sou contra a atribuição de documentação nem de facilitar o facultado, mas neste caso tem de existir uma igualdade de tratamento no que diz respeito a atribuição de documentação. O pânico da pandemia ensinou-nos a lidar com o factor contaminação desenfreada da COV 19; os funcionários públicos já devem mecanismos para lidar com a situação pandémica caso venha uma outra; por isso aproveitem está pausa e voltem ao básico: documentação à borla para quem necessite e se houver emolumentos a cobrar: que seja para os cofres do Estado.
Abaixo a extorsão institucionalizada!!!!!!
Obrigada, Max!
Olá Lenny,
EliminarVamos lá ver quando é que vai acabar tudo isto...
De nada. Bjs