Todos têm um antigamente de determinada descrição - detalhes que tenham acontecido no decorrer da sua vida. Ora vejamos:
1- Uma idosa de 90 anos
Antigamente, as crianças eram bem educadas, mesmo as mais pobres, filhas de gente grosseira. Havia respeitinho pelo mais velho. Os jovens e os homens eram de uma cordialidade comparável a qualquer nobre: ai...bons velhos tempos!
2- Conversa entre LGBTs
Antigamente, a repressão contra nós era draconiana. Esta passeata nunca teria ocorrido; é por isso que eu voto na esquerda, embora muitos deles sejam uns preconceituosos em relação à homossessualidade, mas ao menos vão influenciando o mundo e as coisas estão muito melhores: as nossas garantias e liberdades estão asseguradas.
3- Uma mulher da província
Antigamente, éramos tão pobrezinhos, meu De*s. Quando se nascia pobre, morria-se paupérrimo. Isto era só para alguns poucos; a revolução veio melhorar a vida de muito pobre e de caminho aprendemos que nascer pobre não é garantia de futuro miserável.
4- Imigrante Brasileira
Antigamente, os portugueses eram mais gentis; eram boa praça, mas agora estão xenófobos e por vezes o seu comportamento é tão de gente ignorante, que pode ser confundido com racismo. Não é só português branco, não; noutro dia um português colorim me disse “vai para tua terra, sim, volta para o Brasil; vocês vieram estragar o negócio às cuidadoras portuguesas: desgraçadas”
Qual será o antigamente das pessoas da actualidade?
Serão, por exemplo:
Os cânticos das praxes, da Universidade Autónoma de Lisboa, pejados de grosserias e ordinarices rasteiras, que se faziam ouvir pelo Parque Eduardo VII?
Qual será o antigamente de uma jovem de hoje que tem no seu carnet o telefone de 20 ou 30 homens com quem se relacionou só pelo prazer de mais tarde se gabar perante as amigas?
Qual será o antigamente do actual Presidente da Câmara de Lisboa Fernando Medina: engano ardiloso.
Qual será o antigamente desta catrefada de imigrantes que estão a ser extorquidos pelos advogados portugueses e por gente menos escrupulosa?
Pois, pois, o antigamente é que era, não é; mas era o quê? Ninguém explica, só se diz “Antigamente“...
Quem sabe, talvez a nostalgia pelo antigamente, ou seja pelo passado, seja a incapacidade da mente de se ajustar com a constante mudança da motivação sócio emocional; se calhar a fabricação de quimeras seja um mecanismo de defesa mental, visto que se fosse possível analisar à lupa a vida no antigamente, ela teria sido mais atribulada do que Zen, logo como é que a mente somente selecciona uma pequena fracção das vivências conferindo glamour a um passado que nem sequer esteve perto de ser feliz?
Como disse o grande poeta Fernando Pessoa “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”; ou como já dizia o rei Salomão “ não há nada de novo debaixo do sol: o que é foi, e o que foi será”. Dever-se-ia então concluir que o enfadonho antigamente é o actualmente revestido com as suas idiossincrasias?
Não sei ainda, pois ando às voltas com os meus próprios antigamente: livrar-me-ei deles?
Até para a semana
Olá Lenny!
ResponderEliminarA verdade é que antigamente as crianças eram mais bem educadas, no tempo em que se lhe podia dar umas boas palmadas sem que a Segurança Social ameaçasse retirar as crianças da guarda dos pais....Também havia mais respeito pela autoridade, porque havia autoridade. Agora só há "Liberdades"...
Mas na actualidade também há muita coisa boa.
Bom trabalho e beijocas
Shabbat Shalom!
Os tempos passados são sempre melhores que os presentes. É assim a cada geração. Mas honestamente, eu também sinto saudades de um tempo que nem vivi! Shabbat Shalom veRosh Khodesh Mevorach!!!
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