No Domingo passado,fui convidada a degustar algumas iguarias indianas (não tem nada a ver com o que anda por aí) e fiquei muito triste com as histórias de um imigrante alemão e de dois indianos que por cá labutam enquanto esperam pela sua legalização definitiva.
Adam é alemão, mas um dos pais deve ser do Médio Oriente, Ahmed é indiano muçulmano da província de Gujarat e Sanoj é indiano católico de Kerala. O primeiro é MIT, estudou nos EUA; o segundo é engenheiro civil e tem também mestrado em Relações Internacionais; o terceiro é advogado e é também soldador (negócio de família na Índia).
A minha vizinha, que desconfia de tudo quanto seja estrangeiro, diz que os dois indianos são espiões, pois não cabe na cabeça de ninguém que com tanta formação estejam aqui a trabalhar nas obras em vez de terem ido para a Grã-Bretanha, onde falam inglês como eles e pagam muito mais que em Portugal. Enfim…
Então, houve alguém que mencionou que os portugueses são xenófobos, porque quando um deles teve que se dirigir à Segurança Social, para tratar de algo relacionado com os seus descontos, foi destratado por "fu**ed up little wh**e". O Adam diz que foi ao Montepio para abrir conta e que a funcionária lhe dissera que nada podia fazer por ele, uma vez que ele não falava português.
Eu comecei por dizer que a percepção dá lugar a interpretações dúbias; disse também que nem todos são simpáticos, nem amáveis; e acabei explicando que a única maneira de vencer em Portugal é aprendendo o português.
No caso do Adam achei estranho porque sendo cidadão alemão e da UE, ele em Portugal é como se fosse português: neste caso encolhi os ombros.
É proibida toda e qualquer discriminação em razão da nacionalidade (art. 18.º TFUE - direitos dos cidadãos da UE);
Claro que eu sei que há entre nós muito estúpido, filhos de um deus menor na certa. O que esses asnos não sabem é que esta vaga é diferente da do "qué frôr", porque desta vez são mais literados com um ou dois cursos e mais importante ainda:
Representam cerca de mil milhões de Euros para os cofres da nossa Segurança Social.
Pouco importa que cá fiquem ou não, mas o facto é que antes de lhe ser concedida a autorização de permanência, já eles trabalharam um ano e pouco e a descontar religiosamente para a Segurança Social.
Eu reitero que não os queria aqui. Eu achava que só devêssemos receber os das ex-colónias, mas olhem como a vida nos troca as voltas. Agora, não só os respeito como lhes estou agradecida, em nome dos futuros pensionistas, pelo seu sacrifício e serviço. Contudo, meus caros imigrantes têm na mesma de aprender português depressa e bem: é a única escapatória.
Até para a semana
Mas desde quando é que se começou a tratar dos estrangeiros dessa maneira? Nós regemo-nos por um princípio imposto por D*us: Não oprimirás o estrangeiro pois estrangeiro fostes na terra do egipto. E os Portugueses são um povo de emigrantes, já se esqueceram? Shabbat Shalom
ResponderEliminarAinda que desgoste do desrespeito, e sou da opinião de que não deveria ter lugar na nossa sociedade, também reconheço que os portugueses estejam a ter mais orgulho na sua língua. Porque não?
ResponderEliminarMas também há que admitir que os portugueses em geral estão muito atrasados no que toca à língua inglesa (quanto mais as outras)....