Legislativas 2019: Minto, Menti, Mentirei...e depois?


De Lenny Hannah

No país do laissez faire le hasard dominavam quatro corporações e as suas subsidiárias. As quatro afirmam solenemente que a sua incumbência é o povo: sem o povo nada são, sem o povo não existiriam, sem o povo não haviam...As suas subsidiárias clamam que o povo é o seu destaque, o seu ponto fulcral e o seu eixo.

De quê é que se está a falar?

  • Aquele povo que lavra a terra de sol a sol
  • Aquele povo que trabalha nas fábricas
  • Aquele povo que vive da pesca
  • Aquele povo que recebe salários de miséria (entre €630 e €650)
  • Aquele povo com pensões deploráveis (abaixo de €1.000)
  • Aquele povo camionista com salários de sofríveis (€700)
  • Aquele povo que pode morrer por falta de médico ou de 1 ambulância aérea/ambulância mal equipada
  • Aquele povo que não tem médico de família ou aquele povo que em pleno século XXI tem de esperar 2 ou 4 anos para ser operado
  • Aquele povo em que o marido morre enquanto ajudava os bombeiros a combater um incêndio florestal e a cuja viúva, com filhos menores, foi-lhe oferecida uma compensação de €50
  • Aquele povo, em Baião, na aldeia que não tem saneamento básico nem água canalizada nem tão pouco é tratada a que consome
  • Aquele povo que perdeu tudo nos incêndios de 2017 e continua sem casa e sem compensação de espécie nenhuma.

Preciso de um esclarecimento: a que povo se referem eles?

Ora vejamos o que se diz por aí:

Partido Socialista 

António Costa: O PS criou emprego mais que qualquer outro governo; melhorou o Serviço Nacional de Saúde; aumentou as reformas, contudo a falta de pagamento da primeira prestação aos que já se reformaram há dois (dois) e três (3) anos foi só uma tecnicalidade; combatemos ferozmente a corrupção facultando negociatas entre o Estado e a família socialista; as obras públicas estão mais sólidas que nunca - veja-se a resolução do Departamento de Pediatria de S. João do Porto: agora que estamos à beira das eleições vamos tirar os meninos dos contentores e libertar no papel €25 milhões para construir uma ala pediátrica sofrível...

Também devido às eleições, demos o dito por não dito e libertámos a verba para aquisição das ambulâncias para o INEM e Bombeiros; ainda vamos estudar como faremos com o slogan “acabámos com a crise de 2008” que foi exacerbada pelo governo de direita PSD/CDS que tanto estrangulou o povo; o meu governo fez tudo o que estava ao seu alcance pelo povo; as greves que grassaram como cogumelos foram instigadas pelos reaccionários que não entendem que o governo depende de vários factores; mas tudo se resolveu pela nossa capacidade negocial e devido ao rigor orçamental e justiça social: o povo anda mais feliz que nunca!

PSD

Rui Rio: o primeiro ministro anda um bocado equivocado; não me referirei à legislatura de 2011/2015  liderada pelo dr. Passos Coelho e pelo dr. Paulo Portas. Vou para eleições e logo se verá.

CDS

Assunção Cristas: o primeiro-ministro só fala, fala e fala e não tem nada para mostrar. O wishful thinking do CDS é crescer mais que na legislatura anterior, aliar-se à direita mas da nossa conveniência; não faremos alianças nefastas: o povo que tenha paciência.

PCP

Jerónimo de Sousa: a direita está cada vez mais reaccionária; o capitalismo quer escravizar os trabalhadores; a maioria dos patrões são do PS mas o PCP vai ordenar ao sindicato que lhe é afecto para que chegue a acordo com a Antram (patronato que explora o proletariado). O PS deve fazer mais pelos trabalhadores e deixar-se de políticas contra os trabalhadores que mais parecem de direita.

BE

Catarina Martins: o PS não deve ser ingrato, sem o BE não teria governado; as melhores leis foram sempre da autoria do BE; o BE foi sempre leal e cumpriu com o contrato celebrado com  o PS; o BE faz tudo pelo povo; nós no BE somos muito sonsos; no BE, a chefe Katty fala sempre a declamar e num tom condescendente; faz uso de falinhas mansas com entoação de uma professorinha frustrada, in suma somos como o povo - uns tristes.

Corredores de São Bento

Catarina: o António é um...é um ingrato, nunca pensei!

Jerónimo: a menina é que lhe deu essa confiança, tão ávida estava de arrancar votos ao PCP.

Rui Rio: Ó António, você é um contador de histórias: inventor e maquinador.

António Costa: Jawohl, heeheehee!

Rui Rio: um fala barato; você raia a inverdadeiro!

António Costa: isto é política pura e dura meu caro, não é um nenhum concurso para seleccionar o melhor condutorzinho do colégio alemão! Yah, eu minto de vez em quando, menti por necessidade e mentirei sempre que for preciso e depois...?

Pois é, não é?

Até para a semana

(Imagem: Legislativas 2019[Ed] via Google Imagens)

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Comentários

  1. Olá Lenny,

    Infelizmente está a demorar a obliterar as velhas formas de fazer política: aquela em que a mentira impera. Mas eu espero que aos poucos consigamos limpar a arena e começar a trazer políticos que sejam mais honestos, e que se transmita a verdade sempre que possível (porque em situações de segredo de estado, de segurança nacional, nem sempre convém falar a verdade).

    O socialismo, o comunismo, e suas variantes, ensinaram as pessoas a mentir. E logo, corromperam a sociedade. Olhem bem para o Bloco de Esquerda (BE) mas será que alguém com dois dedos de testa acredita no que aquela gente fala? A Katty, como lhe chamaste, é a pior de todas: è propria una attrice mancata. A maneira como ela fala soa a falso.

    Enfim, vamos lá ver no que irá dar tudo isto.

    Beijocas

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  2. Hahahaha adorei o diálogo! A política resume-se a isso: os gajos mentem-nos com todos os dentes que têm na boca e nós votamos neles e depois somos lixados! O costa anda há quatro anos a dizer que a crise acabou mas não acabou nada! Eu ainda não consigo poupar nada, sinto-me roubado e tou farto disto tudo! Vou votar no Ventura!

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  3. Todos os políticos, salvo raras excepções, mentem mana!! Mentem muito. Mas yah o mano costa é demais. Vamos lá ver se um dia não cai a máscara depois da Tuga virar país como Moza hehehehehe...o mano vai ficar na história!

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  4. Não somos parvos, tamos a ver que todos eles mentem! Votem iniciativa liberal!

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  5. A política portuguesa não é interessante de se seguir porque o paradigma não muda. Não acompanha os tempos. O modelo é sempre o mesmo: não responder a perguntas, mentir, mentir, mentir, fingir que se é bem educado e simpático para a pessoa que se quer derrotar etc...É tudo muito cansativo. Boring, even.

    É uma pena...

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  6. Portugal está estranho, não parece o mesmo! Onde estão os portugueses?

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