Dilema Moral e de Segurança: As Mulheres e Crias do ISIS


De Max Coutinho

O Califado Islâmico foi declarado extinto embora tenha deixado um rasto de mulheres e crianças cujo destino coloca um dilema moral e de segurança: dever-se-á permitir que eles, muitos com nacionalidades ocidentais, retornem a “casa”? Se a resposta for não, para onde irão e o que se deverá fazer com eles?

O Direito a Não Regressar

O Problema das Mulheres

Diz-se que as mulheres que deixaram o Ocidente, para se juntarem aos seus maridos ou para casarem com combatentes do ISIS, pensavam que teriam uma vida melhor no Califado. Não estou em posição de julgar a sua vida na Europa, ou em qualquer outro país Ocidental, mas é difícil imaginar que a vida num cenário de caos e destruição fosse melhor do que viver deste lado do mundo. Não obstante, elas agora dizem terem sido enganadas ou pelos seus maridos ou pelos seus controleiros.

Factos: muitas dessas mulheres foram treinadas para matar. Muitas dessas mulheres são membros de Células Terroristas. E muitas dessas mulheres não hesitarão em usar crianças para atingirem o seu objectivo terroristas. Muitas dessas mulheres são muçulmanas convictas e estão cegas pela ideologia islamista.

Esta foi a primeira vez que encontrámos uma célula terrorista inteiramenta composta por mulheres – Abdelhak Khiame, Bureau Central de Investigações Judiciárias de Marrocos

Há dúvida razoável suficiente para não permitir que estas mulheres voltem ao Ocidente. Mas também é compreensível que os países Árabes não as queiram porque são uma ameaça às Monarquias Islâmicas. E aí é que está o dilema: se lhes for permitido regressar, o Ocidente corre o risco de trazer para casa terroristas ou células adormecidas inteiras; se negociarmos com os países árabes para as aceitar e conceder-lhes direitos de cidadãs, eles arriscam-se a integrar terroristas ou células adormecidas inteiras (o que mais tarde se iria virar contra o Ocidente). Por isso, qual a solução: prendê-las, mas onde e por quanto tempo?

[O Estado Islâmico] está a usar cada vez mais mulheres para evadir as medidas de segurança e liderarem uma onda de ataques por toda a Europa e o mundo Islâmico à medida que perde território no Médio Oriente – Abigail R. Esmand (fonte, em Inglês)

Se essas mulheres regressarem podem sempre ser encarceradas mas quanto é que isso custaria ao Contribuinte? Se forem aceites no Médio Oriente, a lei ali condena-las-á à pena capital – isto pode soar terrivelmente mas essa é a Lei Islâmica e uma vez que essas mulheres são Muçulmanas, elas têm de se submeter a essa Lei e não à Ocidental. Teremos o direito de interferir com os Procedimentos Legais de outros Estados Soberanos? Não. Para além do mais, aquelas mulheres tomaram uma decisão consciente antes de se mudarem para o Médio Oriente para apoiarem o ISIS.

E as suas crianças?

O Problema das Crianças

Muitas dessas mulheres casaram-se com a única intenção de procriar para o Califado; muitas delas partiram já com filhos na mão (em busca dos seus maridos); não obstante, o destino é o mesmo: a sua prole foi transformada nas Crias do Califado, or as Crias do Leão – crianças pequenas treinadas para atirarem a matar e decapitarem infiéis.

Quantas dessas crianças foram treinadas para se rebentarem? Quantas foram treinadas para colocarem bombas sem serem detectadas?

 Quantas delas foram treinadas para contarem uma boa história às autoridades ocidentais assim que capturadas? Afinal, quem não acreditaria numa criancinha? As sensibilidades ocidentais serão usadas em benefício próprio.

Programas de Desengajamento e Desradicalização

Já se ouvem os uivos dos Activistas Humanitários a defender as Medidas Holísticas para combater a ameaça. Voarão sugestões da esquerda para a direita: as mulheres e crianças deverão ser sujeitas a programas de Desengajamento e Desradicalização ainda que investigadores como Jessica Stern já tenham demonstrado não haver provas do seu sucesso – de facto, há um exemplo de um elemento saudita que se graduou de um programa de desradicalização e após ter sido libertado tornou-se no vice-líder da Al-Qaeda no Iémen (ler mais Aqui, em Inglês).

Mesmo que essas mulheres passem por esses programas Holísticos não há garantias que elas não venham a transmitir o legado a outras convertidas, ou mesmo a Muçulmanas de nascença, radicalizadas. Se as tais crianças forem inscritas nesses exercícios holísticos, podem não agir conforme o que lhes foi ensinado, mas estarão mais susceptíveis de serem re-recrutadas por outros elementos radicais no futuro – até agora, não há maneira de saber os efeitos, a longo prazo, da sua radicalização no Califado (tornar-se-ão psicopatas, assassinos em série, o quê?).

Para além do mais, trazer esses elementos de volta exigiria um aumento substancial de recursos para aumentar a Segurança Nacional:

  • Vigiar 24/7 todos os elementos regressados
  • Monitorar todas as Mesquitas e Centros Culturais frequentados
  • Criar uma Unidade de Resposta Rápida no caso dos elementos serem apanhados em actividade suspeitas
  • Criar Espaços para os prender em caso de emergência
  • Mudar as Leis para permitir a prisão de Terroristas-Crianças
  • Mudar as Leis para conceder mais poderes às Secretas

Estará o Ocidente preparado política e financeiramente para tudo isto?

Conclusão

Os Programas Holísticos não parecem funcionar. Há suficiente dúvida razoável acerca da inocência das mulheres e viúvas do ISIS – não nos esqueçamos que a maioria dessas mulheres foi parte activa na escravização sexual das Mulheres Yazidi.

Em alguns casos, [as próprias esposas] eram as que faziam com que as mulheres tomassem banho e vestissem roupas limpas e se maquilhassem antes de serem levadas aos homens para serem violadas, (...) Elas eram cúmplices absolutas, e sabiam muito bem o que estavam a fazer. (Fonte, em Inglês)

O Nível de Ameaça é elevado, é inegável; logo, essas mulheres e crianças não deverão regressar ao Ocidente. Elas desistiram do seu direito ao regresso no dia em que decidiram juntar-se às fileiras de uma Organização Terrorista e ajudar a construir o Califado Islâmico.

Por isso, qual a solução para este problema? Estas mulheres são Criminosas de Guerra e devem ser julgadas como tal, seja em tribunais especiais estabelecidos pelo Ocidente (em Campos de Detenção no Médio Oriente) ou em Tribunais Islâmicos – o que seria preferível uma vez que os Estados não devem ensinar às pessoas que as suas acções não têm consequências (reiteramos: elas escolheram tornar-se Muçulmanas).

Também há dúvida razoável acerca das Crias do ISIS: são potenciais armas adormecidas. Muitos tentarão compará-los às Crianças Soldado em África, mas não é a mesma coisa já que as crianças africanas foram drogadas com químicos e depois induzidas a matar, enquanto que as Crias do ISIS foram drogadas com ideologia religiosa e foi-lhes explicado porquê os infieis são uma ameaça tão grande ao Caminho do Profeta. Somente um número ínfimo de Crias será bem sucedida em sublimar o treino terrorista, mas a maioria tornar-se-á ou sádica, ou psicopata ou terrorista.

Por isso, qual poderia ser a solução para este problema? Estas crianças também são Criminosas de Guerra mas como a Lei Ocidental não prevê o indiciamento de crianças pequenas (e o ISIS sabia-o), elas deveriam ser inscritas em Colégios Internos Islâmicos supervisionados pelos Estados Árabes (que são directamente responsáveis pelo seu futuro) com a ajuda do Ocidente.

Este caso é mais uma prova de que precisamos ajustar as nossas Leis de modo a punirmos os criminosos de guerra de todas as idades e géneros - até agora só se tem ido atrás dos homens. 

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