De Max Coutinho
Na semana passada, Teerão anunciou que barcos de guerra iranianos iriam ser destacados no Oceano Atlântico em Março – como resposta às actividades militares americanas no Golfo Persa. À superficie, a resposta parece legítima posto que tem como raíz a presença do USS John C Stennis, um porta-aviões da Marinha Americana, no Golfo Arábico; contudo, deve-se olhar para a questão sob um ângulo diferente que está intimamente relacionado com certas actividades ilícitas levadas a cabo por proxies e operacionais iranianos, nas Caraíbas e na América Latina com apoio Africano.
Barcos de Guerra Iranianos na Venezuela
Este destacamento é um desafio directo aos EUA em mais de uma maneira:
Militar
Esta é uma análise óbvia. O Irão está a tentar fazer braço de ferro com a América ao estilo David-Golias; contudo, Teerão não deve ter ilusões: jamais vencerá essa batalha. O Poder Militar Americano é sem margem para dúvida muito superior ao poder iraniano, por isso este destacamento poderá tratar-se de um caso de nos estarem a atirar com areia aos olhos.
Terrorista
Não é segredo nenhum que o Irão impestou as Caraíbas e a América Latina com elementos do Hezbollah (já para não falar que usa a rede ‘Palestiniana’ para inserir operacionais do Hamas e da OLP na mesma região). E se este destacamento militar servir para ou injectar mais operacionais na área (para fortalecer células terroristas ou conduzir operações de busca na região) ou então para entregar meios (dinheiro, armas, informação) para aprofundarem as suas actividades terroristas ali?
Político-Terrorista
Os EUA invadiram a praia ‘iraniana’ e agora o Irão quer invadir a praia americana ao sentar-se mesmo em frente às suas fronteiras (ref: lembrem-se das palavras de Qassem Suleimani quando ameaçou os EUA “Não há noite que passe sem que pensemos em si. Deixe-me que lhe diga, Sr Trump, o Jogador...deixe-me que lhe diga...Saiba que estamos perto de si, em lugares que nem lhe passam pela cabeça. Estamos perto de si em lugares que nem imagina. Somos uma nação de Martírio. Somos a nação do Imã Hussein. Pergunte a quem quiser. Já passámos por muitas dificuldades,” – 26 de Julho de 2018).
As palavras de Qassem Suleimani foram interessantes: o facto de ele ter chamado “o Jogador” ao Presidente Trump só revela medo da habilidade política do Presidente. A capacidade do POTUS para se apresentar como imprevisível só o favorece porque o Irão não está habituado a este calibre de jogadores (cujos passos não consegue prever). Teerão acostumou-se a lidar com os Europeus estáticos e os políticos americanos obsoletos que sempre pensam e agem da mesma maneira – dando aos iranianos a possibilidade de antecipar cada passo seu.
A Rússia também está a destacar aviões-caça furtivos na Venezuela. A maneira mais simples de analisar isto é supôr que a Rússia esteja a trabalhar com o Irão para desafiar os EUA mesmo debaixo do nariz da Águia. Contudo, baseado no que temos estado a observar no terreno, na Europa, poder-se-á partir do princípio de que a Rússia na verdade está a seguir de perto as actividades iranianas à volta do mundo para, talvez, usar essa informação como moeda de troca – quando o timing for o mais acertado.
A Pegada Iraniana em Casos de Lavagem de Dinheiro
É informação pública que o Hezbollah manda e desmanda em África, na América Latina e nas Caraíbas. A Venezuela é capital das actividades do Hezbollah e Angola é o seu centro financeiro. Este grupo terrorista híbrido é dono de Bancos, de Agências de Transferências de Dinheiro, de Hotéis, de Lojas, Organizações Desportivas através das quais faz a sua lavagem de dinheiro etc. O Partido de Allah também faz negócios ilícitos como tráfico de Drogas, Humano e de Armas; Contrabando de Diamantes e Madeiras (em África), Extorsão, Crimes Cibernéticos e Recrutamento – através de esforços ao estilo de Da’wah.
Recebemos, recentemente, a informação que a maioria dos Libaneses que entram em Angola e Moçambique, por exemplo, são machos que receberam treino militar e entram em África com instruções para fazerem filhos com as nativas, que mais tarde serão enviados para estudar à volta do mundo (ainda que os principais destinos sejam os EUA e o Brasil). Se estes homens são meros homens de negócios para quê que precisam de treino militar?
Existe ainda mais um detalhe: dentro desse grupo de “Libaneses” muitos na verdade são iranianos e ‘Palestinianos’ – e se olharmos para a presença “Libanesa” em lugares como o Brasil, Venezuela, Cuba, Trinidad e Tobago (TT) etc facilmente identificamos o mesmo padrão (ainda que em TT seja mais que sabido que o Hezbollah, o Hamas e os Iranianos cometam ilegalidades como trazer milhões de dólares em dinheiro vivo, em aviões privados para o seu território).
Abordando uma Questão Difícil: Associados Ocidentais
Este não é um tópico novo, no entanto, fez-se muito pouco para associar Ocidentais às actividades terroristas Iranianas. Ultimamente, as autoridades, e alguma Media, começaram a associar Africanos às actividades do Hezbollah/Irão mas atiram sempre para debaixo do tapete qualquer participação Ocidental nesses crimes. Por exemplo, o Presidente do Banco Espírito Santo (Ricardo Salgado) foi investigado, preso preventivamente e constituído arguido em casos de lavagem de dinheiro (entre outros) devido às suas ligações com as ‘elites’ Angolanas; contudo, ninguém foi o suficientemente a fundo para associar o seu nome, e trabalho, ao Financiamento de Terrorismo. Mesmo que o Ministério Público não tivesse provas concretas do seu envolvimento em tais actividades, há mesmo assim indícios suficientes para abrir um Caso Prima Facie.
O mesmo aconteceu em Malta, no caso que envolveu o círculo mais restrito do Primeiro Ministro e que resultou no assassinato de uma jornalista de investigação (Daphne Caruana Galizia) no ano passado – ainda que os fundos tivessem sido canalizados através do agora defunto Banco Pilatus, propriedade de Seyed Ali Sadr Hashemineyad que alegadamente esteve ligado a Coreon Dú (José Eduardo Paulino dos Santos, o filho do ex-presidente José Eduardo dos Santos), ainda não se viu o nome de nenhum Ocidental acusado de co-autoria nas lavagens de dinheiro, e no financiamento de terrorismo etc.
NB: Hashemineyad foi preso, no ano passado, na América por suspeita de lavagem de dinheiro e por ter ajudado o Irão a contornar as sanções impostas pelos EUA. A Filha do Fundador da Huawei também está acusada de ter ajudado o Irão a contornar as medidas coacção diplmáticas americanas.
Mas quem são os Ocidentais que ajudaram esta gente? Onde está a lista dos seus nomes e porquê que nunca foram mencionados (ou se o são é sempre em relação a outros casos)? Ajudar na prática de terrorismo é um Crime sério, um que também recai na categoria de Co-Autoria do crime, e logo está na hora de ir atrás de toda a gente que ajuda a praticar o terrorismo (seja de que modo for). Os Bancos e Instituições Bancárias são um bom começo.
Quando há demasiadas perguntas e insuficientes respostas ou soluções, isso geralmente significa uma coisa: falta de vontade política. E se não há vontade política, então há que partir do princípio que a maioria da classe política esteja envolvida de algum modo. Quem são eles?
A teia tecida pelo Irão é extremamente complexa e voltaremos a este tópico ao longo do ano para compreender mais ou menos como é que a maior ameaça à Humanidade pode ser combatida, e como os seus cúmplices poderão ser apanhados sem destruir o sistema totalmente. Fiquem atentos.
(Imagem: Navio de Guerra Iraniano[Ed] - Google Imagens)
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