Conversa Sobre Segurança Nacional Entre Dois Colegas


De Cristina C. Giancchini & SC

No mês passado, tive uma conversa interessante com um colega (aqui designado como SC, de Silent Contributor) sobre os recentes ataques terroristas em Londres, e porque é tão difícil para a classe política coordenar-se com o sector da segurança. A maior parte da nossa conversa não é para consumo público, não obstante há uma secção da mesma que penso ser bastante elucidativa e que, logo, deverá ser partilhada com os nossos leitores. Essa parte da nossa interacção deu-se da seguinte forma:

Giancchini: Só me pergunto que mais provas precisam os europeus de que sempre que o Abbas fala, há uma célula jihadista que é acordada em alguma parte? O DS já avisou acerca disto vezes sem conta.

SC: Não sei bem. Mais uma vez, ninguém está a levar o Abbas e a OLP (desculpa, ELP) a sério. É um verdadeiro desafio.

Giancchini: E achas que estão a gerir bem as operações do ISIS na Europa?

SC: Bem, na verdade, também não estão a levar em conta o facto que o IS tem vários ex-membros da Guarda Nacional iraquiana que estão muito bem treinados. Quando pensamos no seu Modus Operandi (MO), eles são muito similares às tácticas de guerra militares e de guerrilha que eles estão sempre a mudar e a adaptar para atingir os seus objectivos.

Giancchini: Afirmativo. Logo, o que deveríamos reter das actividades desta semana?

SC: Na Grã-Bretanha (GB), assim que o Exército foi removido das ruas, eles (ISIS) atacaram; atacaram no Afeganistão, nos Camarões (BK) e continuam a suas atrocidades na Síria, Iraq e no Egipto. Em França, eles conseguiram evadir a forte presença das forças de segurança e nas Filipinas, eles estão em confronto directo com os fuzileiros.

Giancchini: Bem pensado.

SC: Temos de tomar em consideração quatro modelos:
  1. A abordagem da GB (Polícia, Unidades de Forças Especiais, Unidades do Exército e SAS)
  2. A abordagem francesa (Polícia, Exército, Unidades de Polícia Especial e Forças Especiais)
  3. A abordagem da Coligação na Síria e Iraque (emprego de drones, jactos de guerra, forças de terreno, forças especiais e mísseis navais)
  4. Fornecimento de armas, munições, treino e inteligência às milícias locais e forças militares na Síria e no Iraque. 
A abordagem mais bem sucedida é aquela que usa Unidades especialmente treinadas para o efeito (Polícia e o Exército, e uma combinação dos dois). Isto também é baseado no sucesso do modelo israelita.

Giancchini: O que devemos fazer então?

SC: Temos de ir mais longe, temos de re-treinar todas a unidades para atingirem estes níveis e mudar a legislação e leis para permitir que a Polícia, os Militares e os Serviços Secretos possam trabalhar e treinar juntos. Se conseguirmos isto, então teremos mais chances de combater o IS e a AQ (e outros mais). Se pudermos adoptar este modelo, então poderemos estabelecer um padrão.

Giancchini: Mais algum conselho?

SC: Sim. Temos de olhar para a forma como se colecta a Inteligência:
  • Como é que é feita?
  • Existe um padrão?
  • Há algum ponto comum?
  • Como é que a análise é feita?
  • Há algum padrão de análise?
  • Há algum ponto comum analítio?
  • Quanta desta inteligência é inteligência humana?
É aqui que acredito termos o nosso ponto fraco, já que dependemos muito da tecnologia. O sistema israelita enquanto incorpora a tecnologia, e todos os seus gadgets, permanece confiando muito na inteligência humana e por isso têm uma boa taxa de sucesso. Se as unidades da UE e do Ocidente se aperceberem disto, então poderão começar a ter operações de sucesso. Este modelo poderá estabelecer um padrão.

Giancchini: Roger that. Que mais deveríamos estar a fazer, na tua opinião?

SC: Ah, deveríamos reconhecer que tem de haver uma resposta apropriada aos ataques terroristas.

Giancchini: Eu acho que todo reconhecemos isso, incluindo os políticos. Pressinto que o seu problema é como reunir as condições para apresentar uma resposta adequada sem prejudicar a sua posição política. Na maior parte das vezes, os assuntos da Segurança Nacional tanto pode ser um King Maker como um Deal Breaker – especialmente se o Governo não conseguir traduzir os eventos para o Público.

SC: No último ataque na GB, a polícia respondeu em 8 minutos e os serviços de emergência seguiram-na. Viu-se que foi um trabalho de equipa e que tinham um plano. Também tinham equipas móveis de agentes armados, a trabalhar em turnos contínuos em veículos marcados e não marcados, e uma larga unidade de agentes sob disfarce (algumas destas unidades poderiam ser SAS). Eles também aprenderam a controlar a informação que foi partilhada na media acerca dos terroristas e dos ataques até ao fim das suas investigações. Estes modelo poderá estabelecer um padrão para a preparação também.

Giancchini: Sim, mas mesmo assim conseguiu ferir a posição de PM Theresa May porque por mais eficazes que tivessem sido as forças de segurança, a PM não conseguiu explicar numa linguagem simples o que acontecera e o que ela pretendia fazer exactamente (“Enough is Enough” não foi enough), e isso ficou espelhado nos resultados eleitorais.


(Imagem: Caffè de Ville - Victor Ostrovsky)

[As opiniões expressadas nesta publicação são somente aquelas do(s) autor(es) e não reflectem necessariamente o ponto de vista do Dissecting Society (Grupo ao qual o Etnias pertence)]

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