O Anel de Salomão: A Visita da Família Real Britânica a Israel


A política não foi desenhada para constantemente acicatar as emoções das pessoas. O principal objectivo da Arte da Governação é a gestão da vida macroeconómica dos cidadãos. Não obstante, estamos a assistir a um persistente, insidioso e nefasto esforço para virar as pessoas umas contra as outras por conveniências baratas. Um desses casos é a notícia de que os planos para a viagem do Príncipe Carlos a Israel foram cancelados.

Um Breve Esclarecimento

Conforme o mencionado, foi reportado que o Príncipe Carlos poderá já não ir a Israel, no fim deste ano. Os grupos anti-Israel pularam de contentamento; contudo – na sua total folia – esqueceram-se de um pequeno detalhe: quando se anunciou, pela primeira vez em Novembro de 2016, a dita visita Real, ficou claro que esta deveria ser feita por um Membro da Família Real. Para além do mais, se a minha memória não me falha, os cabeçalhos anunciavam “uma provável” viagem, o que significa uma incerteza em relação a tais planos. Logo, senhoras e senhores, não só não havia certezas quanto à tal viagem como também ninguém falou no Príncipe Carlos (para dizer a verdade, alguém até me disse que seriam ou a Princesa Anna ou o Príncipe Eduardo os felizes contemplados), por isso, far-se-ia bem controlar o entusiamo perante o que aparenta ser mais uma vitória BDS, porque essa simplesmente não existe.

Posto isto, um grande bem-haja a quem descobrir o porquê da publicação destas “notícias” neste preciso momento, quem beneficia com isso, e quais planos é que a tal notícia tinha como objectivo minar.

A Viagem Real

Mas partamos do princípio que os relatórios estão correctos. Haverá realmente algo a festejar acerca deste adiamento? Qualquer político, ou participante da arena político, maduro sabe que o timing é tudo. Logo, se o Príncipe Carlos insistir em querer ser o elemento Real a visitar Israel, em capacidade oficial, então é crucial que o faça no preciso momento:
  • Quem é que se deve encontrar com o próximo Rei Britânico no Estado Judaico?
  • Qual o Par que deverá estar presente?
  • Que tipo de novas alianças poderão ser forjadas? 
  • Far-se-á História? 
Estas são questões que exigem respostas. Respostas essas que só poderão ser providenciadas tendo em mente a presença de pessoas específicas na altura da visita. Se a sua presença não for garantida, então será mesmo melhor adiar a visita de estado – com todo o devido respeito ao PM Netanyahu e ao Presidente Rivlin.

Os críticos acusam o Ministério de Negócios Estrangeiro do Reino Unido de enviar membros da Família Real a Reinos Árabes (i.e. Estados despóticos, autoritários e violadores dos direitos humanos) e de desprezar Israel, a única verdadeira democracia no Médio Oriente. Mais voyons, mes amis...a Britânia tem estado um pouco aborrecida connosco porque, afinal, fizemos com que ficassem mal na fotografia durante o Mandato Britânico (especialmente depois de eles terem nos terem traído, a nós Judeus, e de nos terem feito recorrer a meios de combate heterodoxos – perversamente rotulados de terrorismo); e os nossos irmãos em Israel também ainda não esqueceram a traição britânica (i.e. o roubo de território reconhecido na Conferência de San Remo como parte da nossa Nação Histórica e, logo, o futuro estado do Povo Judeu) – por isso o faux pas diplomático de décadas não foi assim tão grave.

A Visita Real é Absolutamente Vital?

Depende do ângulo da questão. Da minha perspectiva, não é vital para a sobrevivência diplomática israelita que se receba a Família Real Britânica em território Judaico – com todo o devido a Sua Majestade. Não sobrevivemos nós durante 69 anos apesar de toda a oposição britânica? Sobrevivemos e continuaremos a fazê-lo. Para além disso, na minha opinião pessoal, os Reais Britânicos visitam países árabes por três razões:
  • Eles precisam de lembrar aos Árabes que eles só têm reinos por causa da Britânia, de outro modo seriam ainda grupos de nómadas espalhados e a lutar pelo poder no deserto
  • Eles precisam de os manter debaixo de olho, sob pena da enorme Comunidade Muçulmana Britânica tentar um destes dias rebentar com o Palácio de Buckingham (só D**s sabe que já estão a tentar rebentar com Westminster)
  • Eles precisam de mostrar ao mundo que a Monarquia ainda é relevante (ainda que eu não os veja a sentarem-se com Reis Africanos). 

Por isso, meus caros leitores, de um modo muito simples poder-se-à dizer que o que o Ministério dos Negócios Estrangeiros Britânico está a fazer é manipular a Família Real por arrogância, medo e protecção do conceito de Monarquia (enquanto símbolo da tradição, história e continuidade).

Será que Israel precisa disto tudo? Não. Porquê? Porque os britânicos foram um mero instrumento para que nos fosse restituído o nosso país – por isso, não lhes devemos nenhuns favores; porque não somos uma ameaça directa ao Reino Unido – pelo contrário; e porque quando a Família Real Britânica decidir visitar-nos, será porque somos vistos como Pares e não como Pupae[1].

Longa Vida para Sua Majestade, Elizabeth II.


[1] Plural do Latin Pupa, Pupae = boneco.


(Imagem: Arcanjo Miguel [Ed] - soundofheart.org)

[As opiniões expressadas nesta publicação são somente aquelas do(s) autor(es) e não reflectem necessariamente o ponto de vista do Dissecting Society (Grupo ao qual o Etnias pertence)]

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