A minha prima júnior (informante-em-chefe) mandou-me uma mensagem através do Whatsapp dizendo-me que na passada semana, numa operação de charme, os bancos em Portugal convidaram estudantes para visitarem as suas instalações e, pelo intermédio destes últimos, assegurar aos portugueses e ao país que as instituições financeiras são fiáveis.
Fui fazer uma pesquisa aos sites das televisões e lá estava o presidente do Banco Comercial Português/Millenium, o da Caixa Geral de Depósitos e um outro doutra instituição - que francamente de momento não lembro. Bem sei que os dezoito anos de hoje são o tempo da cultura do Facebook, Twitter, Google - aplicações onde é permitida e encorajada a linguagem bonecada – e por consequência os jovens não têm vocabulário, tendo sido triste e cabalmente demonstrado nas tais visitas aos Bancos. Os ditos estudantes na frente dos banqueiros pareciam uns meninos de coro; todos a colocarem atiladamente as mesmas questões e a receberem de volta respostas igualmente bem ensaiadas por parte dos banqueiros sincronizados.
Ora, meus caros jovens, o atrevimento não é sempre sinónimo de desrespeito, a irreverência não é seguramente sinónimo de má-criação; portanto eu gostaria de saber onde reina a vossa audácia? Digo mais, pelo modo como os empregados bancários se comportam – presumir que o cliente seja um estúpido – um pouco de insolência trajada de negro e rematada com uns sapatos preto e beje teria sido soberbo. Por exemplo, nenhum jovem fez as perguntas que se seguem:
- Porque deveríamos nós continuar a confiar nos banqueiros e nos seus empregados?
- A quê que se deveu realmente a crise?
- Como financeiros, não deveriam os banqueiros estar constantemente em alerta vermelho, para se poder contornar as repetições de eventos nefastos?
- Porquê induzir voluntariamente em erro os seus cliente?
- Não será mais seguro cada um guardar o seu dinheiro como melhor souber e onde entender?
Sabemos que os governos, na ânsia de colectar o máximo de impostos, foram ao cúmulo de sancionarem a Central Intelligence Agency (CIA) ao adoptarem os enigmas “lavagem de dinheiro” e “licito, registado e de origem não criminosa”, linguagem cravada nos manuais da agência americana de espionagem para melhor aparar os seus jogos com os maiores traficantes de drogas. Devido a este faux-pas os governos tornaram-se mundialmente os maiores culpados do incremento das fraudes cometidas pelos banqueiros sobre os cidadãos; porque ao obrigarem toda a gente a compulsivamente ter uma conta bancária e perante a falência de um Banco, as pessoas estão somente garantidas até ao valor máximo de €100.000.
Não sou contra o pagamento de impostos, mas haverá certamente outra forma de prevenir a evasão fiscal sem a obrigatoriedade da conta bancária; a não ser que os governos estejam interessados nas contas compulsivas para delas se servirem quando as contas do Orçamento Geral do Estado descarrilam, encorajando então os bancos a usar os depósitos do povo para cobrir as dívidas do Estado, que entretanto esbanjou dinheiro na compra de votos (i.e. distribuição ilícita de subsídios que incentivam a estagnação dos cidadãos).
O rebentamento da bolha financeira em 2008 deveu-se a:
- Dívidas Soberanas;
- Gestão Ruinosa dos banqueiros que despudoradamente incorrerem no crime de auto-financiamento das suas empresas e às dos seus amigos sem as respectivas garantias;
- Crédito irrestrito ao Consumo das famílias;
Logo, poder-se-á afirmar que a crise de há 9 anos atrás foi um conluio concertado entre:
- Os Governos,
- O Grande Capital
- O Povo
Portanto, os Banqueiros podem continuar no alto do seu pedestal delapidando o povo e enchendo os seus cofres, pois estão plenamente seguros de que com charme continuarão a orquestrar a legislação a seu bel-prazer; os políticos continuarão com o seu discurso flexíloquo “ora o grande capital é explorador e opressivo mas por outro lado dá muito jeito quando o governo precisa de se financiar” e o povo - na figura dos estudantes - não fará nada para mudar a situação porque embora as taxas e sobre-taxas gamadas pelos bancos à malta sejam do piorio, o facto é que os bancos são um bom veículo para ser assaltado (e aumentar o crédito mal parado que na verdade está sempre coberto por um seguro, pago pelo consumidor); portanto não admira que a rapaziada não tenha colocado questões pertinentes, aos Banqueiros.
Será que o infortunado senhor Veiga fez bem em guardar oito milhões em espécie no seu cofre malgré la loi?
Até para a semana
(Imagem: Banco [Ed] - Banquete da Palavra/Google Images)
[As opiniões expressadas nesta publicação são somente aquelas do(s) autor(es) e não reflectem necessariamente o ponto de vista do Dissecting Society (Grupo ao qual o Etnias pertence)]
Afinal crédito mal parado está suportado por uma apólice de seguro? Então os gajos se calhar até querem que as pessoas não paguem!! Mana, yah aprendi mais uma coisa contigo, a sério! Os bancos vão-nos levar à falência e não há operação de charme que me convença o contrário. Bom texto, lenny.
ResponderEliminarOlá, Carlitos!
EliminarAmigo, quando pedes um empréstimo ao banco - como não és amigo do amigo do banqueiro - és obrigado a dar uma garantia e és ainda coagido a fazer um seguro sobre o dinheiro emprestado. Portanto o crédito mal parado é dos amigos dos amigos, não de gente desamigada; está a compreender?
Os banqueiros, os accionistas e seus acólitos nunca têm prejuízo, mas os livros clamarão que tiveram perdas aqui e acolá, por causa disto e daquilo; capisce?
Aquele abraço, resistente de Moza
Olá Lenny,
ResponderEliminarNão quero partilhar os meus verdadeiros pensamentos acerca de como é que a banca pode ser destruída se não começar a respeitar os depositantes. E o governo compactua com esse desrespeito quando permite que o cidadão comum, hoje em dia, tenha que pagar para ter o seu dinheiro num banco e arriscar-se a que no fim se veja roubado pela instituição bancária porque alguém usou os seus fundos indevidamente. É uma vergonha.
O governo tem de começar a proteger os direitos básicos dos cidadãos, senão tem de ser acusado de negligência. Em Portugal, hoje, temos situações de extrema injustiça (como já bem apontaste aqui n vezes); e o que é que se faz? Nada, porque alguém ligado ao Partido X e Y está metido em negociatas que atingem o consumidor directamente. É uma vergonha.
Se Portugal quer mesmo ser inovador só tem de fazer uma coisa: reconquistar a sua soberania, abolir a lei que obriga as pessoas a terem conta bancária, ser criativo no controle fiscal, e proteger os direitos básicos das pessoas para que possam ter "disposable income" de modo a injectá-lo na economia (que irá provocar mais demanda, mais empregos, maior produção, maior riqueza etc). Mas dentro de um quadro da UE, isto será um pouco difícil...
Bom trabalho, querida. Shabbat Shalom
Olá, Max!
Eliminar"Disposable income"? Só e quando a esquerda se compenetrar de que o voto não se compra através de subsídios disparatados.
A compra de votos implica cobrança excessiva de impostos e quando assim é: não há dinheiro de poche para ser injectado na economia. Enfim...
Boa semana de trabalho
A banca tem vindo a denegrir a sua própria imagem ao longo dos anos; e tudo por causa da ganância. Pensámos que tivessem aprendido com a crise de 2008-20012 - cujos nefastos efeitos ainda não acabámos de sentir - mas pelo que vemos ainda continuam na mesma senda. Hoje, a extorsão é legalizada quando são os bancos e as grandes empresas a praticá-la sob a máscara do marketing e otras cosas más - paga-se para abrir conta (um absurdo), paga-se para retirar fundos, paga-se pelo cartão MB e de crédito (e não é pouco), paga-se para fazer transacções básicas, paga-se para manter a conta aberta, paga-se se não se mantiver um saldo que agrade ao banco (como se este tivesse gente 24 sur 24 a olhar para as contas dos clientes), paga-se até a deslocação de um gestor que se desloque para o interesse do banco...incrível.
ResponderEliminarA banca tem precisa de um reboot, como diria a Max. Shabbat Shalom.
Olá, CCG!
EliminarA banca é gerida por gente incompetente e sem imaginação.
Boa semana de trabalho, amore!