Baluchistão Independente: Apoiar ou Não Apoiar...Eis a Questão


Os vossos líderes estão a ludibriar-vos quando vos cantam cantigas sobre Kashmir e vos lêem argumentos escritos por terroristas sobre Kashmir. Vocês deveriam perguntar ao vossos líderes...porque é que eles não foram capazes de gerir o Paquistão-Este e porque é que não conseguem gerir Kashmir , Gilgit, Sindh, Baluchistão e Pashtunistão ocupados pelo Paquistão... - PM Narendra Modi, 24 de Setembro de 2016
Chegámos a um ponto na história em que já não dá mais para os governos apoiarem injustiças territoriais históricas. Desde que o governo britânico decidiu começar o ciclo de injustiça territorial ao reduzir o território indiano para formar o Paquistão e depois remover terra destinada ao Povo Judeu para a oferecer aos seus aliados árabes, por interesse nacional, e logo espoletar um conflito de 69 anos no Médio Oriente e conflitos de baixa intensidade na Ásia do sul; o mundo tem vindo a repetir o mesmo erro sem parar. O resultado? Não há paz na terra.

O governo mundial apoia a ocupação árabe de terras israelitas; apoiam a ocupação paquistanesa de terra indiana; apoiam também a ocupação chinesa de terras tibetanas; a ocupação marroquina do Saara Ocidental; a ocupação francesa da Córsega; a ocupação britânica da Irlanda do Norte; a ocupação iraniana, síria, turca e iraquiana do Curdistão; a ocupação paquistanesa, iraniana e afegã do Baluchistão. Etc etc...

O que é que andamos aqui a fazer afinal?

O mundo prontifica-se a chamar aos terroristas árabes em Israel “combatentes da liberdade” enquanto que rotulam os combatentes da liberdade do Baluchistão “terroristas”. O globo também aquiesce quando os independentistas curdos são chamados “terroristas” pela Turquia. Tudo em nome dos interesses nacionais – i.e. fomentar guerras que financiarão as nossas economias e depois repetem a palavra Paz, como se ela verdadeiramente significasse alguma coisa para a maioria dos políticos.

Os Baluquistaneses merecem Independência? 

Todas as pessoas têm o direito à auto-determinação quando esta é devida.

O Paquistão, por exemplo, controla a maior parte do território baluquistanês – uma terra rica em gás natural, petróleo, súlfur, carvão, cobre e ouro – contudo não está a desenvolver a região como deve de ser de modo a controlar a população. Os paquistaneses estão a empobrecer os baluqistaneses de propósito para eliminar qualquer aspiração política – e isto é uma violação dos direitos humanos da população indígena.

A China investiu mais de US$40 mil milhões no Baluchistão sob a égide do CPEC (corredor económico da China-Paquistão) contudo, como os chineses são pragmáticos, não se pode descartar a possibilidade de que o investimento do Dragão Vermelho tenha também sido feito já a pensar num futuro estabelecimento do Estado Baluquistanês. Não obstante, esta análise não é partilhada pela maioria e, logo, o CPEC não é visto com bons olhos pela Frente de Libertação do Baluchistão que teme que o projecto eventualmente conduza a uma alteração na demografia (i.e. Punjabis sunitas poderão reduzir os baluquistaneses a uma minoria no seu próprio país), o que iria diminuir as chances da criação de um estado independente – uma preocupação que tem estado presente no conflito Árabe-Israelita desde o princípio (os baluquistaneses têm muito a aprender com o exemplo israelita).

Este artigo começou com uma citação do PM Modi – o primeiro líder político a declarar apoio pela independência do Baluchistão. A Importância desta declaração é capital porque logo após ela ter sido feita, no Dia da Independência da Índia, tanto o Bangladesh como o Afeganistão tomaram a mesma posição que a Índia (perguntamo-nos se os afegãos estarão dispostos a abdicar da sua parte da terra baluquistanesa). Tal nível de apoio enfraquece o Paquistão e ainda falta ver como é que os iranianos irão reagir a tudo isto (apesar das tensões aparentes entre Islamabad e Teerão, desde que a Índia e o Irão retomaram as suas boas relações).
Quanto mais cedo o Paquistão se desintegrar de volta aos seus componentes nacionais, melhor será para as pessoas que hoje vivem sob a tirania da máfia Mullah-militar do Paquistão – Amir Suleman Daud, Khan of Kalat 

Logo, é imperativo trazer a luta baluquistanesa para a arena internacional. Não só porque é a coisa certa a fazer mas também porque fazê-lo serve propósitos de ordem vária, como por exemplo:

  • Deslegitimar o Paquistão nos fóruns internacionais
  • Ajudar a Índia, o Afeganistão e o Bangladesh a conter o Paquistão pacificamente (pelo menos inicialmente)
  • Enfraquecer o Paquistão irá ajudar a controlar o eixo nuclear (Irão, Paquistão e Coreia do Norte)
  • Perturbar o eixo nuclear ajudará a controlar ameaças maiores tanto no Médio Oriente como na Ásia
  • Reduzir a capacidade do Paquistão de financiar certas empreitadas reduzirão a sua capacidade de desestabilizar o Afeganistão (Taliban), Bangladesh (Jamaat-ul-Mujahideen Bangladesh) e a Índia (Jammu & Kashmir). 

Durante a Guerra Fria, o Ocidente cometeu um erro ao apoiar o Paquistão – muito devido ao comportamento reactivo da Índia, sejamos francos – mas agora que a Índia procedeu a grandes mudanças na política externa, não há motivos para o Ocidente continuar a apoiar um Estado que Patrocina Terrorismo e que contribuiu, em grande parte, para o presente estado caótico no qual se encontra o mundo. Por isso, porque não começar por atingir o país onde mais lhe dói neste momento?

Que o debate acerca da independência do Baluchistão comece agora...


NB: para mais detalhes sobre este tema tão importante ler Aqui (em inglês).


(Imagem: Caminho de Bolan - Wikipedia)

[As opiniões expressadas nesta publicação são somente aquelas do(s) autor(es) e não reflectem necessariamente o ponto de vista do Dissecting Society (Grupo ao qual o Etnias pertence)]

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