Discurso da UNGA do Sheikh Al-Thani: Ameaças a Israel e Confissões


O Sheikh Tamim Bia Hayad Al-Thani, o Emir do Estado do Qatar, fez um discurso muito interessante perante a UNGA, este ano, uma vez que admitiu o que todos nós já sabíamos há muito: o Qatar patrocina dois grandes conflitos impedindo, assim, a paz no Médio Oriente hoje. Porque é que o Qatar não quer paz na região? De todo o seu discurso, o que mais captou a nossa atenção foram as confissões de política externa do Sheikh Tamim:

Confissão #1 – a luta Palestiniana vai continuar

Uma parte considerável do discurso do Emir foi dedicada ao assunto palestiniano. Tamim Al-Thani ameaçou o Estado Judaico com o apoio continuado a uma luta moribunda e a esforços diplomáticos junto do Conselho de Segurança da ONU (UNSC). Entretanto, expressou o seu desespero perante os sinais de reaproximação entre Israel e alguns Estados Árabes.

O Emir optou por se fingir autista e exigir ao UNSC que estabeleça o estado palestiniano, com Jerusalém-este como sua capital. Por outras palavras: enquanto o resto do mundo apela a ambas as partes a voltarem para a mesa das negociações e a chegarem a um acordo mútuo; o Qatar preferiu ir contra a maré ao declarar que as negociações são uma perda de tempo e ao exigir mais um Estado Árabe bem embrulhadinho pelo Conselho de Segurança – que “tem a especial responsabilidade para impor a legitimidade internacional” sobre um plano suicida.

Toda a secção, dedicada ao assunto palestiniano ex-nihilo, está carregada de tons de ameaça:
O que é que Israel poderia com fazer a milhões de palestinianos a viver na sua própria terra e a aumentar em números e recursos? Por isso, as opções estão a diminuir...

Tradução: faremos de tudo para garantir que os países árabes jamais aceitem os árabes da palestina de volta, que eles integrem os “refugiados palestinianos” nas suas sociedades; o Qatar irá pagar salários a palestinianos para se reproduzirem mais que os judeus e iremos patrocinar toda e qualquer intifada até que os Judeus se cansem. Temos dinheiro para isso. 

E as opções estão a diminuir, disse o Emir Tamim. Realmente, estão a diminuir para os Estados Árabes hostis. Para além do mais, estará a posição do Qatar alinhada com os presentes interesses nacionais sauditas? Esta aparente dissonância Qatari só pode significar uma coisa: querem distrair o mundo daquilo que estão a fazer neste momento. E isso poderá ser:

  • O Qatar quer adquirir armas nucleares
  • O Qatar quer continuar a patrocinar terrorismo
  • O Qatar financia a desestabilização de países africanos
  • O Qatar está a tentar preencher o vácuo deixado pela Arábia Saudita no que toca ao financiamento de mesquitas e centros culturais islâmicos no ocidente
  • O Qatar está a re-activar o Hamas e a financiar uma nova guerra contra Israel
  • O Qatar quer desafiar o GCC

Nota: o Qatar não condenou o incitamento “palestiniano” contra os Judeus; não os aconselhou a fazer concessões para estabelecer um estado viável; não lhes disse que têm de fazer sacrifícios de modo a fazer paz. Porquê? Porque o Qatar Salafista partilha com Abbas a mesma visão Islâmica anti-Semita (i.e. Os Judeus são descendentes de macacos e porcos) e partilha com o Haniyeh os mesmos planos (Palestina é todo o Israel). 

Confissão #2 – Iremos continuar a batalha na Síria

O Emir Tamim tentou apresentar-se, e ao seu estado, como o único “amigo leal” que se preocupa genuinamente com o povo sírio; tendo mesmo criticado os Estados Unidos da América, em particular o Presidente Obama, quando disse “Foram traçadas linhas vermelhas ao regime que as violou todas, e mesmo assim aqueles que as demarcaram não se sentiram provocados o suficiente para mexerem um dedo.”

O Emir fez questão de se focar na cidade de Darayya, para relembrar ao mundo o massacre ali levado a cabo; não para suscitar a nossa simpatia, não que fazê-lo fosse acelerar uma solução; não...ele fê-lo porque um dos grupos salafistas rebeldes que perdeu a cidade para o regime do Assad foi patrocinado pelo Qatar: União Islâmica Ajnad al-Sham (al-ittihad al-islami li-ajnad al-sham). Esta derrota ficou entalada na garganta do Emir Tamim.

Ao ler toda a secção referente à Síria, torna-se fácil apercebermo-nos que o Sheikh Tamim quer muito chutar Bashar al-Assad (o Kafir, na sua opinião) para fora do poder. Logo, deu-se ao imenso trabalho de apresentar o presidente sírio como a raíz maléfica de todos o problemas sírios, como se o Qatar e outras nações islâmicas não tivessem tido qualquer responsabilidade no presente caos violento. Tal como o Hamas, o Emir Tamim tinha que stressar que Al-Assad é o agressor de modo a justificar as suas medidas de política externa ilícitas (i.e. Agressão) na Síria – afinal, ele é um bom e pio muçulmano.
A crise síria, e no rescaldo da destruição da maioria das cidades sírias pelo regime. Como resultado, os números dos refugiados dobraram, e a busca por refúgio tornou-se trans-continental. 

É interessante como o Emir falou dos refugiados sírios sem se oferecer para os acolher no seu próprio país.

Conclusão

Sabendo o que sabemos acerca do Qatar (um país salafista) não se pode levar o discurso do Emir a sério quando, perante o mundo, fala de Direitos Humanos, Combate ao Terrorismo, e obter paz para os “Palestinianos”. As ameaças contidas no seu discurso, e a realidade no terreno, anulam aquilo que parece ser as boas intenções lidas perante a UNGA.

Palavras vazias que velam o engano.


[As opiniões expressadas nesta publicação são somente aquelas do(s) autor(es) e não reflectem necessariamente o ponto de vista do Dissecting Society (Grupo ao qual o Etnias pertence)]

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