UNGA 2015: Comentando o Discurso de Mahmoud Abbas


O presidente Abbas apresentou-se diante da UNGA para reconhecer que a Fatah/OLP não tem a capacidade para formar um estado viável, e para ameaçar o Estado de Israel.
AVISO: este post contém imagens sensíveis para refutar o argumento do Sr Abbas de que ele dissemina a paz.

Mahmoud Abbas afirmou que os muçulmanos foram impedidos de entrar no Monte do Templo e exercer livremente os seus direitos religiosos – as imagens valem mais que mil palavras:



A Ameaça
“Apelo ao Governo Israelita, antes que seja demasiado tarde, para parar com a sua força brutal (..) porque tais acções converterão um conflito político num religioso, criando assim uma explosão em Jerusalém e no resto do Território Ocupado Palestiniano.”

Esta passagem é praticamente uma carta de intenções; tanto que, pouco mais de 24 horas depois do Pres. Abbas ter discursado, a Fatah/OLP (o seu partido) assassinou brutalmente um casal Judeu na frente dos seus filhos, em Itamar (Samaria), e prontamente assumiu responsabilidade pelo ataque. 72 horas depois repetiram a façanha e mataram mais civis Judeus e um Rabbi.
Detalhe digno de nota: quem perpetrou os ataques foram as Brigadas do Mártir Abdul-Qader al Husseini (facção da Fatah), cujo porta-voz revelou recentemente, a um jornal libanês, que o seu financiamento, treino e armas vieram directamente do Irão “Há sempre contacto entre a resistência palestiniana e o Hezbollah e o Irão (..) Isto já não é um segredo”.

Resoluções da UNGA
“(..) para que o seu desejo e direito ao seu próprio Estado, tal como as outras pessoas do mundo, pode ser alcançado, desde que haja uma solução justa para a questão dos refugiados palestinos de acordo com a Resolução 194 da Assembleia geral e com a Iniciativa árabe para a paz.”

As resoluções da Assembleia Geral não são vinculativas. Mas discutamos a Resolução 194 (em Inglês) na mesma:

“Resolve que os refugiados que desejarem voltar para as suas casas” significando que a resolução não parte automaticamente do princípio que os refugiados queiram todos regressar (e dados confirmam que não querem).

“viver em paz com os vizinhos” significando que não se trata de um direito incondicional, e dada a tendência árabe para a Taqiyya política, Israel faz bem em ser cautelosa.

“dever-lhes-ia ser permitido fazê-lo numa data praticável significando que não é uma garantia; que poderá acontecer (acção condicionada pela realidade no terreno) a qualquer altura num futuro não especificado.

“(..) deverá ser tornado viável pelos Governos e autoridades responsáveis” não especifica que tenha de ser Israel a fazê-lo, logo devemos inferir que a situação deva ser resolvida por aqueles que para começar foram responsáveis pela crise (Estado Árabes).

Esta resolução não-vinculativa basicamente diz que a população árabe que foi aconselhada pela Jordânia a partir de Israel durante a Guerra da Independência de 1948 não têm o direito incondicional de retorno.

Engano Político
“Nós não respondemos ao ódio e brutalidade da ocupação israelita com ódio e brutalidade. Em vez disso, nós estamos a trabalhar para disseminar a cultura de paz e coexistência entre o nosso povo e na nossa região (..)”

O Presidente Abbas busca a coexistência “entre o nosso povo [Árabes] e na nossa região [região muçulmana]”, não a coexistência com “os nossos vizinhos (israelitas), lado-a-lado (Solução de Dois Estados). E já agora eis o que Mahmoud Abbas, e o seu partido, entendem por disseminação da cultura de paz:


“Não iremos permitir que Judeus poluam os nossos lugares santos” (Pres. Abbas 11/11/2014)


Sinagoga em Jerusalém: Terrorismo Palestino - Nov. 2014
“Nós muito francamente já dissemos, e diremos de novo: Se houver um estado Palestiniano independente com Jerusalém como sua capital, não concordaremos com a presença de um único israelita [judeu] nele,” (Pres. Abbas)

Manipulação da Verdade
“Vocês sabem que Israel minou todos os esforços feitos pela administração do Presidente Barack Obama nestes últimos anos, e mais recentemente os esforços do Secretário de Estado John Kerry que buscava obter um acordo de paz através das negociações.” 

Bem, na verdade foi Saeb Erekat que minou os esforços da Administração Obama para chegar às vias da paz (leiam este documento onde a América foi informada acerca dos planos Palestinianos “para rejeitar as propostas americanas e prosseguir com medidas unilaterais [..]”) mas pronto, Mahmoud Abbas acha que as pessoas não sabem disto – embora ele já devesse ter desconfiado disso, dado o facto de ter perdido cobertura mediática e interesse internacional.

“(..) uma solução pacífica de acordo com a solução de dois estados baseadas nas fronteiras pré-1967” 

As fronteiras pré-1967 pertenciam ao Egipto e à Jordânia. Porém, graças a Ariel Sharon, Gaza já está sob controle palestiniano e a Resolução 242 (que pede que Israel se retire de territórios conquistados, não de todos os territórios) não coloca o Estado Judaico sob a obrigação de entregar a Samaria e Judeia. Por isso, porque é que o Presidente Abbas não reconhece que a Palestina já existe enquanto estado físico (na faixa de Gaza) e acaba de vez com esta história interminável? O mundo já está a começar a ficar cansado da Palestina.

Rejeição da Negociações
“É inútil continuar a negociar só por negociar; o que é necessário é mobilizar os esforços internacionais para supervisionar o fim da ocupação de acordo com as resoluções de legitimidade internacional”

Típico comportamento da Fatah. O que a OLP não parece entender é que as resoluções vinculativas invocadas pelo Campo Palestiniano já foram cumpridas por parte de Israel. É por isso que o mundo não pode fazer mais para empurrar o Estado de Israel para o abismo: a lei impede-os. Não obstante, tem sido politicamente conveniente expressar o apoio à “Causa Palestiniana” mas à medida que a Europa, e outros, começam a aperceber-se da relação entre este assunto e a Jihad Global (já para não falar na inconveniência de relacionar abertamente o Irão à Fatah e ao Hamas, devido ao JCPA); o Presidente Abbas e a sua equipa estão a ser ignorados aos poucos – comprovado pela quase ausência de cabeçalhos acerca do discurso de Abbas na UNGA.

Renúncia dos Acordos de Oslo?
“Por isso declaramos que não podemos continuar presos por estes acordos e que Israel deve assumir todas as suas responsabilidades enquanto potência ocupadora, porque o status quo não pode continuar (..)”

O Presidente Obama discorda. De qualquer maneira, o campo palestiniano apercebeu-se de que já violara os Acordos e que poderia ser responsabilizado por isso; por isso, decidiu tomar uma medida de prevenção. Contudo, em termos reais a OLP, na semana passada, não renunciou aos Acordos porque não se pode renunciar a algo que não existe – Oslo ficou anulado no dia que a ONU reconheceu o Estado da Palestina, em 2012.
O que é que isto quer dizer? Quer dizer que o anúncio do Pres. Abbas pode ter um efeito boomerang se Israel jogar as devidas cartas legais. Para além do mais, já existe um Estado da Palestina de facto administrado pelo Hamas: os cidadãos palestinianos têm para onde ir, um lugar à beira mar, e Israel não tem necessariamente de ser responsável por eles.

Avaliação Final: o discurso de Mahmoud Abbas foi o mesmo do sempre: contra-producente. O único aspecto extraordinário é o facto da sua equipa não ter tomado em consideração a conjuntura internacional; logo, este discurso poderá ter um efeito indesejado. A OLP perdeu mais uma oportunidade de fazer algo positivo e o Hamas poderá beneficiar com a falta de bom senso de Mahmoud Abbas.

(Imagem 1 Dowloaded de gadebate.un.org)
(Imagem 2 retirada do Google Images)

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