Política Externa Americana: O Leopardo Não Muda as Suas Manchas


“Toda a guerra se baseia no engano” - Sun Tzu in A Arte da Guerra

E a América tem enganado o mundo bem. Desde que o poder mudou na Casa Branca, o mundo inteiro tem vindo a ouvir falar da mudança da Doutrina Americana. Este conjunto de princípios foi louvado por alguns e odiado por outros, mas hoje apercebemo-nos de que foi desperdiçada demasiada energia para nada porque na verdade a política americana de ingerência nos assuntos internos dos outros países jamais mudou; não, de facto, a única coisa que se alterou foi a maneira como a Doutrina foi aplicada à política externa.

“Ao alterar os seus preparativos e ao mudar os seus planos, ele mantém o inimigo sem conhecimento definitivo. Ao mudar o seu campo e ao andar às voltas, ele previne que o inimigo se antecipe ao seu propósito” - idem

Não há nada de novo nas políticas de ingerência americanas. É um dado sobejamente conhecido que, por exemplo, os EUA deliciavam-se a interferir na política dos países da América-Latina, investindo imensamente em golpes de estado sob o pretexto de disseminar a Democracia (dentro do contexto da Guerra Fria); contudo, hoje em dia, sob a alçada da última administração, os Departamentos de Estado e de Justiça americanos continuam com o mesmo paradigma só que com contornos diferentes: agora interferem em democracias para se livrarem de líderes que, na opinião desses departamentos, vão contra a sua visão da ordem natural do mundo.

Após o 9/11, muitos criticaram o Presidente Bush por ter dito ao mundo “Ou estão connosco ou estão contra nós”; contudo, em 2015 pouquíssimos são aqueles que se atrevem a criticar a presente administração por insidiosamente agirem com base nessas palavras.

“Ora a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o Senhor Deus tinha feito.” - Génesis 3:1

Nos dias que correm, ser contra os EUA significa uma de duas coisas: ou defender a segurança nacional do seu país (visto como indo contra os interesses nacionais americanos) ou apoiar abertamente um particular aliado dos EUA. Soa-vos a loucura? Óptimo, porque o é.
Jeremy Bird e a sua Equipa viajaram para Israel, financiado em parte pelo Departamento de Estado, para tirar o PM Netanyahu do poder. Como todos sabemos, eles usaram $350,000 dos contribuintes para financiar ONGs anti-Israel para que estas tentassem deitar o Bibi abaixo e substitui-lo por Isaac Herzog e Tzipi Livni – só que falharam.
Jeremy Bird e a sua Equipa viajaram para o Canadá, provavelmente também com um financiamento do Departamento de Estado, para remover o PM Harper do poder. Não sabemos ainda quanto dinheiro foi colocado nesta operação, mas sabemos que desta vez a empreitada foi bem sucedida e Justin Trudeau ganhou as eleições – desejamos o melhor ao Sr Trudeau (que ele coloque os interesses colectivos da sua nação à frente da sua ideologia).
Seria interessante saber, contudo, onde mais a Equipa Bird meteu o seu dedinho a mando do governo dos EUA.

Então o que sugerem estes dois exemplos? Sugerem que a América, através de processos democráticos planeiam enfraquecer alguns dos seus aliados mais próximos através da remoção de elementos que abertamente expressaram o seu apoio político àqueles (tendo, deste modo, exposto os EUA como sendo fracos e traiçoeiros – na perspectiva americana, claro). É uma ideia interessante, ainda que emocional (o que diz muito acerca do arquitecto da mesma); contudo, este indivíduo não previu os perigos que acompanham a implementação de tal plano – e aqueles que seguiram as ideiaa dessa pessoa nem se deram ao trabalho de pensar que para cada acção há uma reacção. Todos os olhos estão postos na presente Administração. Enquanto o Departamento de Estado e Justiça brincam à guerra dos tronos contra a Casa Branca, a Rússia vai ganhando mais terreno e apoios – os Departamentos acreditam que tudo vai de acordo com o seu plano, mas o Presidente Putin acredita que o sistema global é anárquico e que a América já não é o que era.

Dizem que as palavras de Reinhold Niebuhr serviram de inspiração para muitos burocratas, e se assim for então é seguro afirmar que a liderança sombra dos EUA é a personificação do “fanático dos idealistas morais que não estão conscientes da corrupção dos interesses próprios” porque o que a equipa de Jeremy Bird tem estado a fazer é nada mais do que corrupção para ganho próprio, ao virar-se contra democracias e aliados – qual o grupo de interesses especiais que está a manobrar a América hoje em dia?

(Imagem: Terra Visível - NASA)

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