Patriotismo é o orgulho nos valores e a defesa dos costumes; é uma postura racional e entendível por todas as comunidades que compõem o tecido social de uma Nação.
Nacionalismo é o orgulho nos símbolos dum país, é geralmente uma ligação emocional com o passado e seu legado existencial.
Que têm estas duas premissas a ver com o título?
Não falarei da Epopeia marítima porque não tenho a pretensão de me equiparar com Luís de Camões, cuja casa na Ilha de Moçambique se encontra em ruínas (que lata a do governo português; não..?)
Não me referirei à miscigenação: primeiro, porque não foi em proporções consideráveis; segundo, porque o fenómeno aconteceu mais corriqueiramente - em Moçambique, por exemplo, por uma questão prática e política (já que as mulheres é que herdavam a terra) os europeus casavam-se com as herdeiras negras.
Não me pronunciarei acerca dos brandos costumes do povo português, não mencionarei os feitos dos emigrantes, nem tão pouco dissertarei sobre a significância da palavra saudade; não resmungarei sobre a inveja negativa que assola a maioria das almas portuguesas e nem sequer comentarei acerca da moleza de caractér do povo português.
“Senhor, falta cumprir-se Portugal!” (in Poema A Mensagem de Fernando Pessoa)
Ser português é exactamente faltar sempre qualquer coisa.
Fomos um império, mas faltou-nos argúcia política quando atribuímos as independências: os portugueses povoaram Cabo-Verde e S.Tomé e Príncipe, por isso, estes dois arquipélagos deveriam ter ficado sob a alçada de Portugal com o mesmo estatuto da Madeira e dos Açores.
Os portugueses são uns dos maiores inventores do mundo, mas falta-lhes dinheiro para patentear as suas invenções e financiamento para desenvolvê-las; os portugueses têm os melhores vinhos do mundo, mas falta-nos o espírito charmoso dum vendedor implacável; Os portugueses têm bons escritores mas falta-lhes Editoras arrojadas para os transporem além fronteiras; os portugueses são bonitos mas falta-lhes a sofisticação social; os portugueses são conquistadores natos mas falta-lhes coragem de sonhar; os portugueses gostam de coisas bonitas mas falta-lhes a aspiração pelo belo; os portugueses adoram dizer “adoro-te” mas falta-lhes a coragem para amar; os portugueses gostam de crianças mas falta-lhes tempo para fazê-las; os portugueses são pessoas inteligentes mas falta-lhes a expansão mental; os portugueses estiveram nos quatros cantos do mundo mas falta-lhes o entendimento acerca de outras culturas; os portugueses são bondosos mas falta-lhes a generosidade.
Mas afinal o que é ser português? É nada valer a pena, porque a alma é pequena!
(Imagem: detalhe da Torre de Belém - Torre de Belém)
Lenny, tenho de concordar consigo que nos falta qualquer coisa enquanto povo! Temos potencial mas raramente fazemos algo com isso a não ser que estejamos no estrangeiro. E é uma pena realmente.
ResponderEliminarEu sou portuguesa é não quero ser definida com a palavra saudade, isso já era. Prefiro ser definida com a palavra sucesso mas sei que isso será dificil enquanto não nos livrarmos da tacanhez que aflige o país! Bom post, lenny, obrigada.
Olá, Carla!
EliminarEu também adoro a palavra sucesso: é dinâmica, encorajadora e propulsora. Se fosse só a tacanhez ainda se poderia sonhar acordado, o pior e que aquela está aliada a parolada; enfim quem sabe ...
O problema é que neste país quase ninguém está consentâneo com o seu papel: é muito estranho!
Aquele Abraço
Que descrição tão pouco patriótica. Somos um povo de brandos costumes, qual o mal nisso?
ResponderEliminarOlá, Anónimo!
EliminarAcordemos em discordar quanto ao meu patriotismo!
"Somos um povo de brandos costumes, qual o mal nisso?" Não tem mal nenhum, mas também não é uma excelência; visto que é preciso entender a que se deve tal brandura: é uma questão de indiferença ou é uma idiossincrasia histórica; é complexo de inferioridade ou má gestão mental; é uma forma de arrogância ou é medo do confronto?
Ninguém por sistema advoga uma sociedade conflituosa, revoltada, odiosa; mas por vezes um grito de guerra, no momento certo, é uma sacudidela à apatia generalizada.
Obrigada pelo seu comentário e, passe bem!
Ora, ora! Já vos leio há um tempo mas nunca deixei um comentário, mas esta semana dois dos vossos artigos obrigaram-me a sair da toca.
ResponderEliminarEu gostaria que ser português significasse conquistar, abrir caminho, ser o exemplo, porque nós somos conquistadores, fomos nós que conquistámos o mundo, fomos nós que abrimos caminho e somos um exemplo para o mundo. Mas não queremos nada disso, preferindo ser a eterna saudade, de quê? pergunto-me, os eternos brandos, brandos? o que é isso?, os eternos ultrapassados. É pena. Talvez a próxima geração seja diferente? Primeiro têm de perecer os modelos portugueses antigos. Obrigado lenny pela coragem.
Olá, Marco!
EliminarNão poderia estar mais de acordo quanto à grandeza de Portugal. Mas o que fazer com tão pesada herança, como avançar? Como influenciar mentalidades e ser relevante no mundo de hoje? Será que o primeiro passo é sanear as velhas mentalidades cujas referências são ideologias e ideais furadas? Será que temos de desencantar cidadãos revestidos da carapaça da compreensão do debate racional de axiomas que coloquem o povo e o país ( não ao estilo dos gregos; que foi aquele referendo?) acima da sua visão, ainda que esta lhes pareça boa? Será que teríamos de regressar à caverna para entendermos o significado de montanha, vila e consequentemente o sentido de comunidade e solidariedade intelectual e social? Divago.....
Sim, eu também estou a contar com a próxima geração: aquela que está agora entre os quatro e doze anos de idade.
Marco, muito obrigada por ter saído da toca.
Cumprimentos
Olhe não sei. Eu gostava mais de portugal na altura do fascismo porque este de agora não o percebo! Sim temos mais liberdade, sim temos mais gente instruída, sim temos mais tecnologia ou lá o que é, sim temos mais de 2 canais de televisão, mas e o que fazemos com isso? No tempo de salazar éramos ricos, tínhamos prestígio, éramos respeitados, fazíamos bébés, produzíamos o que comíamos, e agora? Agora nem sequer tomamos as nossas decisões, a europa é que as toma! Sinto que perdemos tudo, lenny.
ResponderEliminarPara mim ser português é temer a Deus, amar a pátria por mais partida que esteja, e a família por mais escassas que sejam agora. Que Deus vele por nós!
Olá, Maria Joaquina!
EliminarEsse Portugal é passado minha amiga, agora é bola para frente!
Exactamente o que fazer com os feitos alcançados; o que fazer com a democracia? Até agora (pardon my french) tem sido merda!
Agora temos de pegar no bom e torná-lo excelente, pegar nos velhos hábitos enraízados na cambada política e irradicá-los da face de Portugal.
Agora, embora pertencendo a um clube político (UE) temos de ser donos do nosso destino, dos nossos políticos e governantes; o povo deve ser racionalmente soberano e justamente cooperante.
Amiga nada está perdido, Portugal é seu, o povo é você e o intelecto comum ainda nos permite arranjar soluções para o bem colectivo.
Gosto do conceito: Deus, Pátria e Família; mas gosto também da liberdade, virtús, industria, fides, gravitás e comitás. Deus vale sempre, mas a luta é um dever cívico e moral, sem ela somos escorregadios e sem espinha dorsal: lesmas.
Amiga, os russos dizem "quem vive no passado perde um olho mas quem se esquece perde os dois" sem esquecer os feitos nacionais, sem saudisismo e sem hesitações marche em frente! Isto é ser um português esclarecido e pronto para deixar um legado.
Um abraço
Lenny, não posso dizer que saiba o que é ser português mas gostei deste teu post e vou partilhar!
ResponderEliminarOlá, Leila!
EliminarEntendo, porque é bastante complexo.
Obrigada por partilhares o nosso trabalho; és um ás de figura!
Aquele Abraço, minha cara!
De nada, lenny! :-D Aquele abraço
EliminarSer português em princípio é ser afável mas há muito que deixámos de sê-lo, é ser caloroso para com o estrangeiro mas há muito que deixámos de sê-lo, é ser iluminado e culto mas há muito que deixámos de sê-lo, é ser belo mas há muito que deixámos de sê-lo. Sou saudosista de um português que não existe mais.
ResponderEliminarOlá, Celeste!
ResponderEliminarÓ minha cara não esteja tão melancólica, essa atitude entrava os rins e o fígado, faça como eu: na semana passada fui ao Pingo Doce comprar umas luvas de borracha médio-pequeno, quando as calcei reparei que a parte de cima não só não ajustava ao meu antebraço como ainda em contacto com a água, o cano da luva escorregava até ao meu pulso. Resmunguei, e incrédula pensei: onde está o controle de qualidade? Agora a Home7 (marca Pingo Doce) está na minha lista negra; não comprarei mais luvas, briquetes e tudo o que tiver essa malfadada inscricão. Isto é ser português, não aceitar cair na trapaça da Jerónimo Martins.
Sabe que ser português é também saber escolher e partir para outra, nada deve detê-la nem mesmo o saudosismo que é em si uma forma de letargia.
Celeste, cara mia, aquele abraço!