A Esquizofrenia do Ministério da Educação



Ninguém duvida que Portugal seja um país sui generis quando se trata de política administrativa, sendo a mais burlesca delas todas a do Ministério da (des)Educação.
Este departamento estatal nunca está preparado para coisa alguma, sejam: adopção de manuais escolares, vagas escolares, colocação de professores, exames nacionais, provas globais, correcção de provas e por aí fora.
Confiar no Ministério de Educação em Portugal é o mesmo que confiar num  homem todo bem “equipado” e depois acabar defraudada porque aquele é incapaz de providenciar “la petit mort”...

Quando foram empossados para o cargo de ministro da educação, todos eles declararam que o projecto em mão era reformar e reformular o ministério; mas todos eles, inclusivé o actual ocupante do cargo, nada mais fizeram senão provocar pesadelos nos alunos, professores e pais - reformar significa dificultar, reformular equivale a estrangular, projecto é o mesmo que aplicação de políticas subjectivas e de cariz restritivo.
O Ministério da Educação deveria ser conhecido como o “ministério merdoso”; visto que se rege pela merda que cada ministro tem no lugar do encéfalo.

Tive um professor de Filosofia que nos disse que um professor seu lhe havia dito que nunca daria 20 valores a um aluno, pelo simples facto de que ele nunca o tivera. Que pensar disto? Que em Portugal certos elementos do corpo docente são vilmente corruptos.
Em Portugal, se uma pessoa faz o seu curso depois dos trinta não tem valor nenhum, pois deveria ter permanecido na ignorância. Que dizer disto? Que em Portugal certas pessoas são estagnadas intelectualmente e mentalmente medíocres.
Em Portugal, é condição necessária ser-se um empinador senão um indivíduo nunca se formará em medicina neste país; que conclusão tirar disto? Que em Portugal deva continuar a haver insuficiência de médicos, que no Posto médico da Buraca um hipertenso tenha que requisitar uma receita médica para comprimidos da pressão arterial e tenha que esperar três semanas. Que um moçambicano (4º mundo?) me tenha chocado com a seguinte falação “fui a uma consulta médica a Dusseldorf”; indaguei se havia ido como cobaia de algo experimental, ao que me respondeu “Xi que disparate, não! Paguei do meu bolso...é porque os médicos portugueses no caso da minha doença são uns autênticos sapateiros”.
Pensei, Portugal faz por merecer este tipo de insulto por parte de pessoas cujos hospitais são de fazer chorar um coração insensível, por parte de pessoas que em face de um acidente de comboio não tinham soro para socorrer os feridos, por parte de pessoas de vão ser operadas na Índia e África do Sul e morrem por menoridades pós-operatórias.

E agora o senhor Crato faz o quê? Cria decretos e modifica disposições legais quando lhe dá na real gana; só porque algum incapaz/invejoso/acéfalo foi chorar no seu ombro? Não vejo qual o problema de entrar na universidade através do ensino recorrente sem fazer exames nacionais.
E ao que parece os tribunais apoiam as manobras do ditador Crato; dando a entender, nos despachos, que ele pode mandar e desmandar. Este tipo de atitude e situação é que são as prometidas reformas do proeminente professor, agora com o cargo de ministro da educação?
Porquê que em vez de gritarem injustiça, esses chorões não fizeram o mesmo que o Pedro e outros?
Lembro-me que em tempos os portugueses pagaram um balúrdio (milhares de Euros) para ouvir o gurú da gestão americana, o qual hoje tem a sua própria universidade, o Jack Welsh, cujo curso foi obtido exactamente da mesma maneira que o Relvas e o Sócrates; que pensar disto tudo? Que Portugal é um país retrógrado, cheio de nove horas, salamaleques e sem nenhuma Universidade no topo internacional.

Senhor Comendador-doutor-professor Nuno Crato, rompidor da tradição construtivista, apologista da liberdade de escolha e autonomia das escolas, homem de bom parlapié, uma dica para a sua reforma: esqueça a treta dos exames nacionais na conclusão do ensino secundário, cada liceu que faça o seu, cada liceu que seja responsável pela conclusão do 12º ano com aproveitamento minímo de 12 valores, e finalmente cada universidade que se encarregue de testar os novos alunos que desejar receber. Verá quanto dinheiro irá poupar. No fuss no muss...

Senhor ministro, deixe os moços em paz, nada de expulsões. Os miúdos têm aproveitamento exemplar; nada de invejas nem retaliações para quem somente soube servir-se do sistema.
O seu legado deverá ser de um homem avançado no seu tempo e não de um merdoso armado em justiceiro. Cheers man!

Até para a semana.

(Fonte da Imagem: Google Imagens)

Comentários

  1. Lenny, não percebo o que deu nessa gente do ministério da educação; conheço muito boa gente que fez o liceu através do ensino recorrente e foi para a universidade, na altura nós que entrámos do modo "normal" não nos queixámos. Quanto ao exemplo de jack welch e de relvas mais o sócrates: quando é que os nossos conterrâneos irão deixar de ser saloios? Não há pachorra. Mais uma vez, minha cara, gostei da irreverência.
    JP

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    1. Mil perdões, meus caros: Páscoa feliz!

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    2. Olá, João Pedro!
      Nunca deixarão de ser saloios, porque a maioria quando vai trabalhar, não é para ganhar experiência, crescer e até partir para uma situação melhor. Estão ali no mesmo rame-rame, anos a fio; daí não entenderem o sistema de créditos através da experiência laboral: é uma caca.
      Gostaste? ;)
      Páscoa feliz, meu caro!

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  2. Esqueçam os exames nacionais! São uma perda de tempo, de dinheiro e só enervam os alunos.

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    1. Olá, Anónimo!

      Ai fadista....
      Porquanto há alunos que têm um bom desempenho durante o ano lectivo, mas quando estão perante uma avaliação que pode baixar-lhes a média, enervam-se durante o exame e o resultado é insatisfatório.

      Cumprimentos

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  3. Olá meus amores! Pois é, portugal no seu melhor, não é verdade? Sempre fui contra os exames nacionais para os alunos que estão no liceu o ano todo. Na minha opinião só os estudantes trabalhadores, que não frequentam as aulas normais, deveriam fazer estes exames e mais nada.
    Coitado do Pedro e de outros: conseguem imaginar o que é estar na Uni sem saber qual o seu futuro? É desmoralizante. Portugal deveria ter vergonha por perseguir alunos desta maneira! É por isso que vai continuar a ser ultrapassado; olha, um destes dias até angola ultrapassará a Tuga!
    Pesach Sameach a todos!

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  4. Hey, hey, hey....
    Se um aluno é assíduo e aplicado para que serve o exame nacional? Estará o ministério de educação a passar um atestado de ignorância aos professores?
    Porque não responsabilizar a Escola no seu todo pela formação dos seus alunos? Quem precisa da máquina burocrática que se encontra sentada no ministério da educação, a fingir que sabe melhor que toda a comunidade ciêntífica, que lida com os alunos diariamente?
    Só deve fazer exame nacional quem não tiver nota para passar (2ª oportunidade) e os alunos nocturnos.
    Está a perseguir alunos que até têm aproveitamento exemplar. Esquece Angola é prematuro; daqui a pouco o Brasil vai dar cartas à Portugal: e esta heim...
    Pesach Sameach!

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  5. Olá Lenny,

    Pronto, mais um ministério preocupado com ninharias. Ao invés de estar ocupado em perseguir o Pedro, e outros como ele, concordo que se devesse re-avaliar a necessidade dos exames nacionais. Digam-me as provas gerais de acesso eram melhores?
    As universidades portuguesas deveriam fazer como as lá de fora: média do liceu, prova de acesso (português e matemática; português e outra língua relevante ao curso; português e latim [direito]; português e filosofia) feito por cada universidade, historial de voluntariado e uma composição escrita pelo aluno a expressar os seus interesses. Tudo isto iria elevar a qualidade das universidades e, quem sabe, colocar algumas instituições portuguesas no ranking internacional.
    Estamos cansados de ver Portugal como um país furado.

    Bom trabalho, Lenny.
    Pesach Sameach

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    1. Olá, Max!
      Esta gente que nos governa é por vezes tão pequena.
      Por exemplo o Prof. Nuno Crato é um homem cujos horizontes deveriam ir além dessas teorias que expressa nos seus livros; o seu pensar deveria estar em consonância com actos marcantes que podessem vir a ser o seu legado para o brilhantismo intelectual.
      Porque, terminado o curso, os estudantes deveriam ser capazes de raciocinar através da conexão de ideias e chegar rapidamente a solução desejada: mas não...
      Mesmo os ditos erros nas provas de avaliação dos professores, não deveria ser motivo de chacota ou de comiseração, mas deveriam servir como uma boa razão para que, as escolas começassem a ensinar a origem das palavras e o seu emprego; enfim...
      Outra coisa: causava-me má impressão, o facto de os alunos serem obrigados a decorar os manuais, em vez de serem encorajados a questionar e a compreender o que está escrito. Contudo hoje entendo porque o nível de 70% dos professores portugueses deixa muito a desejar: horripilante!
      Quanto aos professores da modernidade: uns querem ser amigos dos alunos; outros querem ser engraxados; aqueloutros querem competir com os seus educandos; outros ainda são incompetentes por natureza e, há aqueles que são simplesmente vis, porque não estão vocacionados para o ensino: nenhum aluno que queira verdadeiramente aprender, merece esta merda; ok?
      Poder já para os liceus e universidades; o ministério só deve elaborar o programa curricular, avaliar os professores em simbiose com os alunos (afinal quem melhor para dizer se um professor é competente ou não que o receptor do ensinamento?) e finalmente arbitrar conflitos.

      Pesach Sameach

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  6. Xi, não percebi nada. Boa páscoa para vocês!

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  7. Olá, Leila!

    áááááh ...minha linda e bela senhora também não vou explicar. Porque se bem me lembro, o sistema educativo em Moçambique era bem mais simples de seguir e entender: o mundo tem dessas coisas; não é?
    Páscoa feliz para si também!

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