Genocídio & Racismo: Perversão dos Termos para Fugir à Crítica

Interior da Mesquita de El Ghoree - David Roberts
Na última década, tem havido um crescente número de organizações que abusam de determinados termos. Por exemplo, as palavras Genocídio e Racismo têm sofrido abusos por parte de grupos e indivíduos de esquerda.

Definição de Genocídio
O Artigo 6º do Estatuto de Roma do TPI define Genocídio da seguinte forma: 
“Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por 'genocídio' qualquer um dos actos que a seguir se enumeram, praticado com intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, rácico ou religioso, enquanto tal:

a) Homicídio de membros do grupo;

b) Ofensas graves à integridade física ou mental de membros do grupo;

c) Sujeição intencional do grupo a condições de vida pensadas para provocar a sua destruição física, total ou parcial;

d) Imposição de medidas destinadas a impedir nascimentos no seio do grupo;

e) Transferência, à força, de crianças do grupo para outro grupo.”

Tal foi o caso na Europa Nazi, na Arménia (levado a cabo pelos turcos) e no Ruanda. Mas o que é preocupante ver, hoje em dia, é que vários grupos (de modo a influenciarem a opinião pública) tentam aplicar esta definição a cenários específicos de um modo bastante rudimentar.
Por exemplo, foi reportada existência de provas (recolhidas através do Facebook e do YouTube, no contexto da guerra civil síria) que apontam para “um genocídio dos Alawitas, Cristãos, Curdos e comunidades seculares” - esta declaração é problemática e aponta para um abuso da definição de genocídio, em primeiro lugar, porque os Alawitas são conhecidos por serem seculares (i.e. separam a política da religião; razão pela qual a Síria liderada por Assad é conhecida como sendo secular), os Cristãos e os Curdos são geralmente seculares; logo, porquê a inclusão de “comunidades seculares”? Para sensibilizar os ocidentais deístas e niilistas.
Segundo, se esses relatórios, citados por Edwin Bakker (no seu trabalho), tivessem simplesmente dito que o que se passa na Síria são Crimes Contra a Humanidade (homicídio, extermínio, escravatura, tortura, violação e escravatura sexual etc) teria sido mais preciso; porque sejamos honestos, os grupos Jihadistas que lutam na Síria estão a atacar qualquer cidadão sírio que não esteja com eles, e a favor deles (especialmente muçulmanos). Perseguem Alawitas, Cristãos e indivíduos não-religiosos porque estes apoiam Bashar al-Assad; perseguem os Curdos não só porque representam um obstáculo ao estabelecimento do Estado Islâmico, mas também porque de uma certa forma dão assistência ao presidente sírio na batalha contra os rebeldes. Sem, de modo algum, querer minimizar as atrocidades cometidas pelo Al-Nusra e ISIS (por exemplo), temos de ser capazes de reconhecer que os ataques perpetrados contra aquele grupo de cidadãos foram tácticos (para enfraquecer a base de apoio do presidente e conquistar território) e, jamais tiveram como intenção a prática de genocídio (ou seja, o extermínio).

Definição de Racismo
“Preconceito e na discriminação com base em percepções sociais baseadas em diferenças biológicas entre os povos. Muitas vezes toma a forma de ações sociais, práticas ou crenças, ou sistemas políticos que consideram que diferentes raças devem ser classificadas como inerentemente superiores ou inferiores com base em características, habilidades ou qualidades comuns herdadas. Também pode afirmar que os membros de diferentes raças devem ser tratados de forma distinta.” (Fonte: Wikipedia)

Racismo é outro termo que tem sido amplamente abusado por determinados segmentos da sociedade.
Hoje em dia, é comum ver certos muçulmanos tentarem afastar a crítica das suas práticas ao acusar outros de serem racistas. A definição de religião é “doutrina ou crença religiosa; comunidade religiosa que segue a regra do seu fundador ou reformador.”, então parece-me óbvio que esta explicação difira enormemente da definição de racismo; logo, certos movimentos (e certas pessoas) não deveriam tentar insultar a nossa inteligência. Não obstante, na sua tentativa de abusar do nosso intelecto, essa gente expõe um ângulo interessante:
Se racismo incluí uma crença que determina que diferentes raças sejam classificadas como inerentemente superiores ou inferiores, e o Islão (uma crença) considera os judeus como macacos; quem é que é racista? Porque sabemos todos que o Judaísmo recai na categoria dos grupos etno-religiosos; já que ser judeu é muito mais que professar uma religião ou ter origem numa cultura específica; na maioria dos casos trata-se de uma raça (identificável através do ADN), apesar das diferenças nos níveis de melanina na pele de muitos judeus.

Tanto o genocídio como o racismo são palavras extremamente sérias, que não deveriam ser tomadas de ânimo leve. Mas quando começamos a permitir que certos indivíduos as empreguem de modo abusivo ou leviano, não só corremos o risco de as banalizar como principalmente de abrir alas aos abusadores para que pratiquem genocídio e racismo sem enfrentarem qualquer resistência ou crítica.

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