“O Argumento pela Intimidação é uma confissão de impotência intelectual.” – Ayn Rand
A impotência intelectual é uma disfunção da qual muitos sofrem hoje em dia. Mas a bem da verdade, a maioria dos afectados são esquerdistas e activistas pró-Palestina.
A Arte da Argumentação é bonita, exigindo não só disciplina (e auto-domínio) mas principalmente conhecimento – há que possuir informação suficiente (sobre assuntos vários) ou a derrota está garantida. Ser fluente na Arte de argumentar também implica identificar o vendedor da banha da cobra (i.e. aquele indivíduo que parece ser inteligente e que fala muito rápido para intimidar, camuflar as suas inseguranças e a sua falta de informação – i.e. factos).
O que é o argumento pela intimidação de que falou Ayn Rand? Pode ser rapidamente definido como “um meio da empatar o debate e extorquir a concórdia do oponente através das suas noções não-discutidas. É um método para ultrapassar a lógica através da pressão psicológica...consiste na ameaça de impugnar o carácter do oponente através do seu argumento, impugnando deste modo o argumento sem que haja um debate.” (in Argument from Intimidation, Lexicon; tradução: Max Coutinho)
Certamente, aqueles que são politicamente activos – online e offline – reconhecem este tipo de argumento. Eu reconheço-o e é por isso, que esta semana, irei partilhar os melhores exemplos de argumento pela intimidação com os quais a minha equipa se deparou em 2014:
Exemplo A
Hayley Nagelberg (17 anos, de New Jersey): “Mas quando se tornou claro que tinham sido quatro israelitas e dois palestinianos, quando se tornou claro que estiveram envolvidos cutelos e facadas...porque é que vocês não lhe chamaram 'ataque'?”
Richard Davis (o VP Executivo do departamento de Ética da CNN): “Só podes estar a brincar, não? Uma palavra? Estás parva ou quê?” (fonte: aqui)
O sr Davis tentou intimidar uma adolescente inteligente ao utilizar um tom “de desdenho ou de incredulidade belicosa” - Dick Davis admitiu ser um impotente intelectual.
Exemplo B
Uma troca de palavras no Twitter (here), que passo a traduzir:
Max Coutinho: verifica o teus factos [em relação à história de Israel] e depois fala comigo.
Sumol67: só se viveres num universo alternativo!
Max Coutinho: ah, então não deténs os factos! Se precisares de ajuda, terei todo o gosto em ajudar. Não caio na propaganda esquerdista; sei como buscar info sozinha.
Sumol67: Max na verdade estou muito à “direita” e quanto a “factos” todos os temos, saber história/situação é diferente!
Max Coutinho: (..) factos, neste caso, = história. E Hx é verdade: Palestina é a Pátria Histórica dos Judeus.
OccPal-Gaza: E as estipulações foram que os indégenas[sic] deveriam ter direitos. Vê Mandate Art 9 & 15
Max Coutinho: não os indígenas, mas pessoas de diferentes religiões. Lê de novo.
OccPal-Gaza: Ah, então achas que os judeus podem ser indígenas mas os palestinianos não. Racista, não?
Max Coutinho: (..) sou racista porque não concordo contigo?
Sumol67: Não Max porque te contradizes acerca das minhas inclinações políticas & não precisas de me atacar pessoal. Não te ataquei.
Max Coutinho: as inclinações políticas não impedem ninguém de pensar. Ataque pessoal? Não te conheço, como poderia fazê-lo.
Sumol67: E é aqui que as tuas mensagens se contradizem. Sem prob. Cuida-te.
(outro exemplo de disfunção intelectual no Twitter aqui – Inglês)
De novo, acima podemos ver que foi utilizado um tom de desdém, belicosidade e de superioridade pretenciosa, numa pobre tentativa de me intimidar e desacreditar; mas quando desafiados, os meus interlocutores não tinham argumentos, “razões, nem bases para se sustentarem” e logo “a sua agressividade barulhenta serviu para esconder um vácuo – que o Argumento pela Intimidação é uma confissão de impotência intelectual.”(idem)
Example C
Uma amiga da blogosfera pediu-me para dar uma vista de olhos a um artigo de um blog - Los Olvidados: Palestina una história de resistencia – por tê-lo considerado difamatório. Fi-lo e comentei (do qual partilharei excertos):
Max Coutinho: Diz que há apartheid em Israel? Bem, não sei o que a palavra Apartheid significa para si [(após definição do conceito) mas] não há Apartheid em Israel. Portanto gostaria de saber qual o propósito da disseminação desta falácia maliciosa, sem qualquer fundamento factual.
(..)Afirma que os "Palestinianos" são espoliados: claramente desconhece a lei internacional e o relatório de Levy que afirmam que Israel não é uma força ocupadora, e que a Samaria e Judeia (erradamente por si chamada de Margem Ocidental [bem, se se quisesse manter fiel à sua posição de pró-"palestina" deveria ter utilizado o termo internacional [ainda que ilegal]: Cisjordânia) é um território disputado.
(..)Diz que Gaza é um campo de concentração. Em que medida? Serão os pobres árabes de Gaza forçados a trabalhar sem comer horas a fio? Serão eles depois conduzidos a fornos e câmeras de gás para aí serem exterminados? Mais uma falácia sua, facilmente refutável.
(..)É notável a sua propensão não só para a falácia como para a demagogia barata. O dito Grande Israel não implica a destruição "de uma série de países à volta" - ou a São é completamente ignorante no que toca à história do conflito árabe-Israelita (à lei internacional e acordos assinados) ou então está-se a fazer de ignorante, o que é francamente pior e mais perigoso. O Grande Israel implica o território descrito no Mandato da Palestina (faixa de Gaza, Samaria & Judeia e Jordânia) mas que por considerações políticas Israel esteve disposto a abrir mão de parte do território coberto pelo Mandato.
São: Pronto, estou esclarecida: Jimmy Carter é mentiroso e eu ignorante . Tudo quanto tenho lido, ouvido em documentários e em pessoas que já lá estiveram não corresponde à verdade. Lamento laborar em erro. /Agradeço as suas explicações tão generosas e tão claras. /Assumo mais uma vez a minha pouca capacidade para perceber facto tão claramente como o senhor : se os palestinianos são semitas , como é que eu sou anti-semita?!/Ou até nisso estou errada e os palestinianos não são tão semitas quanto os judeus?/Infelizmente , assim se passam as coisas. Tal com Robert FIsk diz em "A Grande Guerra pela Civilização" temos que tentar ser o mais objectivos possível...e o facto de denunciar os crimes de Israel não implica que me esqueça dos crimes da Fatah/ A Humanidade está a ficar, acho eu, muito perdida quanto a valores , infelizmente. E quando se misturam religiões e crenças , pior, porque ninguém deveria ser perseguido por questões religiosas ou de cor de pele.
A autora de Los Olvidados, uma impotente intelectual, não apresentou argumentos que sustentassem as mentiras que escreveu no seu artigo; ao invés preferiu recorrer à vitimização e dar a entender que eu era desprovida de valores e de moral (em mais de 5 comentários separados). Esta sua reacção obedece ao padrão de argumentação pela intimidação que tenta retratar o alvo como moralmente questionável – de modo a impugnar o carécter do adversário.
Os exemplos são extensos mas penso que os meus caros leitores ficaram com uma ideia geral do conceito.
Independentemente do tema, quando se fala com esquerdistas (e alguns membros da direita) é fácil identificar o padrão empregado por todos os impotentes intelectuais - “Só quem é vil (desonesto, sem coração, insensível, ignorante etc) é que pode defender tal idéia.” (idem)
2014 foi um ano atarefado: cobrimos uma vasta panóplia de temas, ampliámos a nossa base de pesquisa e estivemos activíssimos nas redes sociais. Este ano aumentámos o número de leitores, logo, o grupo Dissecting Society gostaría de vos agradecer a todos por nos acompanharem.
Que 2015 seja ainda mais interessante.
Feliz Ano Novo!
(Imagem: Ayn Rand, Wikipedia)
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