Marcas Irritantes: Do Papel Higiénico Gourmet à Alteração Do Sabor

Papel Higiénico Gourmet "Preto" - Renova

Esta semana vamos conversar sobre as empresas multinacionais; mas antes vou contar-vos um episódio engraçado que se passou entre mim e a minha genecologista: eu andava com um prurido irritante, usei Canesten da Bayer e nada; mandei vir Savlon da África do Sul o mesmo resultado; decidi, então, ir à minha amiga e médica.
Enquanto lia o resultado das análises, ela exigiu que eu confirmasse a minha presença na sua 3ª boda; parte de mim dizia “Não sanciones mais uma loucura” e a outra sussurrava-me “Confirma já, porque se fôr algo grave, precisas da  maluca”.
Terminado o escrutínio, assegurou-me de que não tinha nenhum problema fisíco e, como actualmente quase todos os médicos são também psicólogos, perguntou-me pelo meu marido; retorqui dizendo “É o mesmo de há 37 anos e juro que não estou a ser capciosa”; sorrindo entregou-me os papéis das análises e disse-me “É uma simples depressão” e receitou uns anti-depressivos. Protestei dizendo “Não tomo nada sem saber a causa”, ao que ela respondeu dizendo “Tola, é para a tua vagina e, agora toca a andar porque tenho mais gente para consultar”.
Fitei-a e disse-lhe “Por €125 tens de fazer melhor que isso, sê o meu Doctor  House, juntas faremos um brainstorm, porque tenho que saber a causa; percebes?”
Depois de resmungar por causa das suas outras clientes, percorremos passo a passo o meu processo de higiene e chegámos à conclusão de que o culpado era o papel higiénico. Fiquei chocada porque eu uso Renova desde sempre. Pois bem, vou mudar-me de mala e cuia para a Kimberly-Clark - i.e. vou ao Auchan/Jumbo comprar Scottex.

Outra causa de fricção mental é a tampa do detergente de loiça CIF da UNILEVER.
A parte côncava da tampa enche-se de detergente, depois o frasco fica peganhento devido ao sabão que escorrega por ali fora e, como se não bastasse, a dita tampa é extremamente difícil de manejar.
Este produto é um horror para os idosos, por exemplo a minha tia de 80 anos, que embora sofra de artroses nos dedos das mãos, ainda gosta de lavar a sua loicita. Na semana passada fui almoçar com a titia, e obviamente ofereci-me para lavar a loiça; declinou a minha oferta com o pretexto de que durante as suas tarefas oferece o seu dia a Deus.
Sentada na cadeira da cozinha, do canto do olho, eu estava observando a dificuldade com que ela se debatia para levantar a tampa do CIF, imaginei as dores atrozes pelas quais ela deveria estar a passar e pensei: se durante a  lavagem da loiça, as pessoas falam com Deus; quantos “porras” ouvirá o Criador por minuto devido à irritante incompetência da UNILEVER?

Por último, porque será que quando as multinacionais adquirem outras companhias, os produtos baixam de qualidade?
1. O gelado Häagen Dazs foi adquirido à familia Mattus pela General Mill-Pillsbury e Nestlé; acontece que o sabor caramelo e o dulce de leche, eram cremosos. No verão passado quando comprei o gelado – que ao que tudo indica é fabricado em Espanha – apresentava cristais de gelo.
2. A kraft adquiriu a Cadbury, o sabor dos chocolates está completamente modificado - a sensação sedosa no fundo da língua, mesmo antes do chocolate docilmente se escapar pelo esófago abaixo, foi substituída por um sabor gorduroso que as papilas gustativas consideram irritante.
3. A Nestlé adquiriu a Rowntree Mackintosh produtora dos famosos bombons Quality Street; estes chocolates e caramelos exibem uma consistência típica do Continente do que a do original English Toffee; o bombom de coco perdeu a macieza. Bom a Nestlé é exímia em “matar” bom produto: lembram-se do bombons Soir de France?

Estas multinacionais estão no mercado para ganhar dinheiro – é perfeitamente compreensível – mas transformar uma degustação de notas limpas ao palato numa  deglutinação com sons à la Gipsy Kings: é deveras irritante!

Até para a semana!