A festa dos deuses - Giovanni Bellini |
Leontina, uma amiga de infância, viu-me em Lisboa e, do outro lado da avenida a plenos pulmões invocou “ó fingida...fingida...!”
Claro que interditei o meu olhar de seguir tal vociferação; mas a rapariga, perante a minha descarada insensibilidade, colocou-me na berlinda chamando pelo meu nome - somente para me passar uma reprimenda - devido à minha mudança radical de comportamento em relação a "amigas" mútuas.
Pois bem, de que fala ela? Aqui vai:
Estive “num chá de fraldas” onde uma sujeita grávida começou a relatar estórias acerca de uma pessoa conhecida (de ambas); ao qual retorqui dizendo “Esse fardo é seu, porque se a pessoa não me contou é porque claramente reconheceu a minha incapacidade para lidar com esse assunto”.
Uma outra não parava de arengar sobre as medidas do governo contra a função pública. Perguntei-lhe se havia votado, respondeu com uma negativa acrescentando que eram todos iguais - o meu olhar entrou dentro dos seus olhos e fiz-lhe saber que ela merecia todos os infortúnios que lhe estavam a bater à porta.
Quando pensei que a minha franqueza me fosse dar descanso, uma flauzina aborda-me para me falar da parecença da rainha Rania da Jordânia e da princesa Letizia de Espanha - os meus olhos pediram-lhe para que ela fosse àquela parte.
Relatando estes factos, expus assim à Leontina a razão da minha impaciência; que, de imediato, afirmou que eu tinha uma cara bondosa, daí as pessoas gostarem de conversar comigo; e que eu deveria dar graças a Deus porque as pessoas me achavam interessante e confiável.
Expliquei-lhe – em vão – que sofria de TOC; e que facilmente passava a ser socialmente disfuncional, na presença de gente sistematicamente carente. Acrescentei também que era um mecanismo de defesa, o meu aparente ar de constante enfado, pois, permitia-me ter saco para aguentar certos ambientes.
Tentou fazer-me ver que ninguém muda do pé para a mão dessa maneira, a não ser que estivesse a ter prazer em ser cruel. Prosseguiu sugerindo que eu arranjasse um terapêuta para a minha aflição (transtorno obsessivo compulsivo), porque eu eventualmente iria oborrecer gente que me poderia vir a fazer muito jeito.
Sorrindo, adi que eu era daquelas pessoas que valorizava o silêncio; que gostava de se ouvir pensar; que não tinha necessidade de constante atenção; e que se as pessoas não mudam, pelo menos têm o direito de se transformar pelo ajuste...
Feedback: na semana passada fiz um apelo aos meus leitores; e estes responderam de forma positivamente esmagadora. Os leitores do +Etnias: O Bisturí da Sociedade são fantásticos, fabulosos, formidáveis...os melhores da galáxia. Um grande bem-haja e um abraço cordial!
Olá Lenny,
ResponderEliminarRealmente, os teus leitores foram impecáveis: muito obrigada por terem respondido ao apelo da Lenny, pessoal; vocês são o máximo! E agora terei de aumentar o salário desta minha colaboradora lol :).
Quanto ao tema desta sexta-feira: pois é, o enfado é um bom mecanismo de defesa mas nem sempre funciona, porque há gente que não se toca.
Mas apesar de tudo, é bom conviver em sociedade porque se aprende imenso acerca da espécie humana e as suas peculiaridades.
Quanto ao TOC: acho que a maioria sofre um pouco desse "transtorno" com diferentes níveis de intensidade.
Adorei este post. Continua o bom trabalho, minha cara. :D
Beijocas
Olá,Max!
EliminarBoss, são na verdade espectaculares, os nossos leitores; não achas? Amo-os, simplesmente!
Eu adoro o ser humano, mas detesto conversa instantânea, é por isso que nos social gatherings prefiro estar a sorrir do que a falar.
Eu gosto de falar de coisas que me induzam a raciocinar; de coisas que enriqueçam o meu intelecto e que através dessa interacção seja possível a criação de empatia entre as pessoas.
Tu sabes que, eu gosto de voltar as conversas, mesmo passado algum tempo delas terem ocorrido. ;)
Bon weekend, chéri!
Ahahaha chá de fraldas? Lenny, acho que somos irmãs gémeas ahahaha.
ResponderEliminarGostei da referência Rania-Letizia...epá, elas frequentam o mesmo cirurgião plástico: uma quer parecer branca (se calhar na escola, chamaram-lhe algo como sand-nigga ou algo assim) e outra quer parecer algo uma outra branca qualquer. De qualquer maneira, nenhuma se sente bem na sua pele, coitadas!
Não tens de quê, Lenny; estamos aqui para vos apoiar! AAAAMMMMOOOOO o Etnias e o MAX: Dissecting Society!!!! :-D
Shabbat Shalom!
EliminarOlá; girl-friend!
Minha linda, o meu pai gostava de dar as suas "voltas"; mas devido a tua idade, tenho a certeza que somos almas gémeas ahahaha.
"Não se sentir bem na sua pele" parece ser o mal geral da sociedade do século XXI.
Yah, o Etnias e o Max são cool!!! :-D
Boa semana de trabalho!
Oi Lenny,
ResponderEliminarConcordo com a Max e mais, adoro esticar a conversa com esse povo, boto um sorriso de curiosidade no rosto e me ponho a escurar e fazer pequenas perguntas para incentivar o interlocutor a continuar...
Quanto ao TOC, como disse Caetano; "de perto ninguém é normal".
Abração.
EliminarOi Diler,
Boa tática, meu caro, muito boa tática.
Já que cheguei aquela fase, em que sou convidada para isto e aquilo; vou concerteza tentar exercitar o "empréstimo" do ouvido ahah.
AH...Caetano is the guy!
Fique bem, um abração!