Comentário: O Braço de Ferro entre a Rússia e o Ocidente

Soldado Russo Falecido - László Mednyánszky
Pragmatismo e racionalidade fria são qualidades admiráveis.
A Terra dos Czares apresenta uma certa imagem de si mas dever-se-ia crer que a Rússia é mais do que aparenta ser...

Segundo Fyodor Lukyanov (do Journal Russia in Global Affairs), o governo de Putin tem três principais objectivos no que toca à sua política externa:

1. A promoção da cultura Russa, da linguagem e do sistema educativo como sendo atractivo e competitivo.
2. Combater a imagem negativa das políticas e modo de vida russos que a media estrangeira emite.
3. A criação de um grupo "Amigos da Rússia" à volta do mundo.

O governo russo esqueceu-se de incluir o seu principal objectivo: ser o Estandarte da Resistência contra o domínio ocidental - principalmente americano (N.B: alguém deveria explicar ao presidente Putin que a obsessão russa pelo domínio do(s) ocidente/Estados Unidos é na realidade uma admissão do seu complexo de inferioridade).

A Rússia poderia contribuir para a cura do mundo em vez de desempenhar persistentemente o papel de bully político. Em vez de insistir em resistir ao(s) ocidente/Estado Unidos, a nação dos Czares talvez devesse começar a pensar em fazer uma séria aliança com aqueles, para que juntos possam trazer um pedaço de paz ao nosso globo.

Cristina C. Gianncchini defendeu, há uns meses, que o conflito sírio era uma guerra proxy entre o Irão e a Arábia Saudita; mas recentemente acrescentou que paralelamente se transformou num Bras de Fer, entre a Rússia e o Ocidente, para ver quem terá maior influência na região. Mas a Rússia parece estar a ganhar o primeiro assalto porque se o mundo forçar o Al Assad a sair quem é que o irá substituir: o Al-Nusra (um grupo afiliado da Al-Qaeda); a Irmandade Muçulmana (sedenta de vigança após ter sido banida em 1982 - reparem no paralelo com a Irmandade Muçulmana egípcia e o Ennahda tunisino)?
Dilema, disse ela...

O Czar Putin pode ter um interesse particular em fazer trocas de itens específicos com a Síria e o Irão (por exemplo), ele pode até estar interessado em desestabilizar a região por razões de combustão; contudo, poderá perder os subsequentes assaltos de braço de ferro porque a queda do regime de Bashar Al Assad é um requisito para a estabilidade do Médio Oriente (e quiçá para o mundo) - com o regime Baath fora de circulação, o Irão irá perder o seu raio de influência na região. Este é o desejado fim - um fim que iria até ajudar a Rússia se pensarmos no seu problemita no Norte do Caucaso.

A Rússia deseja combater a imagem negativa que os outros têm de si; contudo, corre o risco de falhar porque ainda que tenha o dever de defender os seus interesses nacionais, parece defendê-los à custa de muita gente (tanto em casa como no estrangeiro). O governo russo transmite uma imagem de inexorabilidade; o que nos leva a interrogarmo-nos se alguma vez conseguirá atingir os seus 3 objectivos para a sua política externa. Esta inexorabilidade não é nada encantadora nem amigável; logo, torna-se repulsiva para a maioria à volta do globo.

Nós trabalharíamos com a Rússia se ela finalmente entrasse para o século XXI e se jogasse no lado certo do campo (deixaremos ao critério dos nossos leitores russos decidir qual lado esse é).
Nota final: segundo a Equipa Dissecting Society, a Rússia deveria fazer "pelo menos duas coisas: (..) usar a sua cabeça e consultar a sua razão quando formula as suas posições, e verificar o tempo - estamos agora em 2012, não a meio dos anos 70." -- Dmitry Medvedev, no dia 27 de Março de 2012

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