Corrupção Funcional vs Corrupção Corrosiva

La Pia (com Dante e Virgílio) - Gustave Doré
A palavra corrupção tem vários significados; contudo, neste artigo em particular, corrupção somente significará: desonestidade e suborno. 

A corrupção é um crime moral? Eu peremptoriamente pensava que sim - principalmente após a minha frustrante experiência em África - mas por começar a estar mais flexível, direi que depende.  
Anualmente, emitem-se relatórios que expõem qual nação membro da UE, da OCDE ou da WTO (por exemplo) é mais corrupta ou menos transparente; contudo, a desconfortável verdade é que todos os países são, de algum modo, corruptos.

A corrupção é ubíqua. Por exemplo: 

  • Certos grupos contribuem financeiramente para certas causas (que têm um enorme impacto social) afim de atingir determinados ganhos políticos.
  • Instituições Salafistas (neste caso, como parte da estratégia da Política Externa Saudita) investem em indústrias estratégicas americanas (e.g. media), doam enormes somas de dinheiro para as universidades americanas (para terem os investigadores e peritos sob o seu controle) e certificam-se de que a indústria de Relações Públicas continua a contratar empregados - através de contratos milionários; tudo de modo a garantir que a Arábia Saudita não seja devorada na arena da opinião pública e, que as susceptibilidades da Ummah não sejam feridas pelo Ocidente. 
  • Certas Repúblicas Islâmicas contribuem para muitas fundações, universidades e outras organizações Europeias; para se certificarem de que, por exemplo, os seus proxies não são banidos ou rotulados como Grupos Terroristas. 
  • Alguns políticos são conhecidos por receberem incentivos para fazerem girar a roda do sistema a favor de certas organizações (que acabam por gerar milhares de empregos, por desenvolver as autarquias e que, logo, acabam por se tornarem um elemento crucial à economia local). 
Quando a corrupção é construtiva (i.e. quando todos ficam a ganhar - quando leva à criação de emprego, de infraestruturas de qualidade; ao investimento na educação, na P&D e artes; ao desenvolvimento de economias locais [aliviando, assim, o ónus do orçamento de estado]) é chamada Corrupção Funcional; algo que nós, enquanto sociedade, estamos mais dispostos a aceitar já que o povo beneficia dela. 
A corrupção funcional apresenta um dilema: ao aceitarmo-la, recusamo-nos a reconhecer as consequências políticas que dela advêem - id est, cair nas garras de grupos/nações com intenções duvidosas. Não obstante, sem ela a roda da Instituição poderá emperrar. 
Quando a corrupção é destrutiva (i.e. quando uns ganham e outros perdem - quando um pequeno grupo fica rico à custa da maioria do povo que não terá emprego; que morrerá à fome; que beneficia de infraestruturas de má qualidade ou não beneficia delas de todo; que ou recebe instrução [com o intuito de ser submetido a uma lavagem cerebral em massa] ou não a recebe de todo; que vê a P&D como uma frivolidade estrangeira; que é levado a acreditar que a arte é uma distracção, etc etc) chama-se Corrupção Corrosiva; algo que não estamos tão dispostos a aceitar porque o povo é humilhado e, por ela, destruído. Esta sorte de corrupção é, sem dúvida alguma, um crime moral.

Os exemplos de Corrupção Corrosiva são numerosos; mas eu gostaria de vos convidar a observar a nossa sociedade e a identificar os efeitos subliminares da Corrupção Funcional... 

"Todas as instituições têm propensão à corrupção e aos vícios dos seus membros" - Morris West

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