A Terra da Sede de Eugéne Fromentin |
A Primavera Árabe revelou algumas verdades curiosas.
Norte de África
Em Dezembro de 2010, deu-se início à Primavera "Árabe" na Tunísia. Fez-se a revolução; Ben Ali foi deposto e, pouco depois, os tunisinos cavalgaram em direcção à democratização do seu país (N.B: tem havido alguns percalços durante o processo, mas a Tunísia deu mostras de ser capaz de resolver os seus problemas).
Em Janeiro de 2011, os egípcios seguiram o exemplo tunisino e lutaram até deporem Hosni Mubarak. O Egipto esperou e acreditou que estivesse no caminho que conduzia à sua democratização, mas vários factores (principalmente, a imaturidade política do povo) impediram que passasse por um processo similar ao da Tunísia.
Em Fevereiro de 2011, os líbios começaram a lutar contra Muammar Kadafi. Os cidadãos líbios organizaram-se e pediram ajuda ao Ocidente (ajuda essa que obtiveram). O Kadafi foi eventualmente deposto e a democracia foi conduzida à Líbia (apesar das mais várias tentativas, por parte de Islamistas radicais, para desestabilizar o país).
Médio Oriente
Em Janeiro de 2011, os iemenitas foram para as ruas determinados a depor o presidente Saleh. Depois de muita luta contra a supressão, tiveram sucesso. Um ano e um mês mais tarde, o eleitorado do Iémen elegeu o seu novo presidente (curiosamente, o único candidato presidencial).
Em Janeiro de 2011, os sírios foram também para as ruas protestar contra Bashar al-Assad, somente para verem as suas válidas exigências serem tomadas de assalto por actores políticos mais proeminentes. Resultado: dois anos e dois meses mais tarde, aquilo que se pensava ser uma guerra civil transformou-se numa guerra internacional, travada entre o Irão e a Árabia Saudita (i.e. Xiitas vs Sunitas), à custa do cidadão sírio comum (N.B: este blogue não defende uma intervenção ocidental na Síria, pelas razões expostas Aqui; não obstante reconhecemos o mal que os proxies iranianos e sauditas [as forças al-Assad e Al-Nusra respectivamente] estão a causar à população síria).
Em Fevereiro de 2011, o Bahrain testemunhou a sua própria versão da Primavera Árabe; versão essa que foi recebida com supressão e opressão. O povo ainda não conseguiu atingir os seus objectivos.
Então, que verdades é que a Primavera Árabe revelou? Sumariamente:
- O Norte de África e o Médio Oriente são duas regiões completamente distintas, com mentalidades igualmente díspares (ao contrário do que muitos comentadores políticos nos querem fazer crer [alguns dos quais chegam ao cúmulo de se referir ao Norte de África como Médio Oriente - gostaria de os ver justificarem a sua geo-perversão]).
- Os líbios e os tunisinos, por exemplo, provaram que os muçulmanos podem falar contra o islamismo radical e, fazer tudo e mais alguma coisa para impedir que esse grupo tome a sua nação de assalto.
- O estabelecimento do Novo Califado Global não é uma ambição universal muçulmana; já que a maioria da Umma só quer viver a sua vida em paz, numa sociedade livre, sem que alguns grupinhos controlem a sua vida e lhe digam como ser muçulmana.
- O conflito Palestiniano-Israelita não é o centro da vida e dos pensamentos muçulmanos (reparem como o assunto tem vindo a decair na lista de prioridades Árabes).
- Algumas potências muçulmanas investem imenso na desestabilização do Médio Oriente.
- A juventude muçulmana, no MENA, aspira a um modelo democrático turco.
- Marrocos e a Jordânia provaram que os monarcas muçulmanos podem muito bem dar ouvidos às exigências do povo e, adaptarem-se rapidamente à democracia (i.e para eventualmente se tornarem numa Monarquia Constitucional moderna, forte e duradoira).
Não acho que os muçulmanos sejam pacíficos porque o Corão manda matar os infiéis. Se assim é como podem eles ser pacíficos, hein?
ResponderEliminarA primavera árabe quanto a mim só veio reforçar esta imagem que tenho deles!
Olá Anónimo :D!
EliminarEm que sura diz isso exactamente? Só para esclarecer os nossos leitores.
Anónimo, obrigada pelo seu comentário :).
Um abraço