Missiva ao Presidente Obama

Homem Escrevendo uma Carta by Gabriel Metsu

Lisboa, 13 de Novembro de 2012

Exmo Srº Presidente,

Espero que esta missiva o encontre de boa saúde e de bom humor. Gostaria de começar por congratulá-lo pela sua reeleição: desejo-lhe, a si e à sua administração, um segundo mandato auspicioso.

Permita-me solicitar-lhe que transmita os meus cumprimentos àqueles que escrevem os seus discursos: são uns génios. Como sabe não é fácil seleccionar as palavras certas que melhor transmitam a mensagem (especialmente em política, um campo que exige rigor sublime) e eles fazem-no admiravelmente bem. Não se dá a devida atenção pública aos escritores de discursos.
Também gostaria de expressar a minha máxima admiração pela sua Equipa de Campanha: eles são o Paradigma da Estratégia Política. Os Republicanos jamais conseguiram antecipar os vossos passos.

Faço-lhe uma vénia, Presidente Obama; e faço-o porque sua Excelência conseguiu fazer com que eu o admirasse, a si e principalmente à sua inteligência e intelectualidade. Demorei a compreender quem é o Barack Hussein Obama (Hussein significa "bom" e "bem parecido" por isso não deveria temer usar o seu nome do meio porque, de facto, o senhor é bom e, não querendo passar dos limites, um homem bem parecido - se bem que compreendo que a ignorância de muitos o impeça de usá-lo); mas assim que me sentei e comecei a analisá-lo, apercebi-me do quão honrado é.
Como político provou que a política não tem de ser suja nem corrupta. Mostrou ao mundo o que um político deve fazer na verdade: servir o povo e, não a si mesmo. O senhor revelou a sua grandeza. Faço-lhe continência.

Peço-lhe encarecidamente que não se sinta tentado a pensar que o estou a lisonjear porque não estou (detesto a lisonja já que é o instrumento dos dissimulados e dos traidores). Sou simplesmente uma ex-céptica-quanto-ao-Obama que viu a luz. Pergunta o que é que me fez ver a luz? Pois bem, foi o Primeiro Debate Presidencial. O mundo inteiro sentiu-se desapontado e temeu uma derrota eleitoral; mas tudo o que eu vi nessa noite foi um estratega; um estratega de sangue frio e extremamente concentrado: Fiat Lux!

Muitos foram os que o criticaram por não Schmoozar [1]. Bem, eu também não schmoozo porque schmoozar tem um preço muito alto: corrupção. Um estratega, digno desse nome, precisa de tempo e espaço para pensar; um estratega não deveria investir muito tempo na socialização e, na alimentação do ego alheio, sob pena de perder a concentração.
Muitos são os que o acusam de ser demasiado cerebral - não compreendo o que isto quer dizer porque, quanto a mim, jamais se é demasiado cerebral.

Não tomarei muito mais do seu tempo, Srº Presidente; mas antes de terminar gostaria de lhe agradecer por ter provado que eu estava certa quando o apelidei de Al Capone Político; e, obrigada mil vezes mais por ter provado que eu tenho razão quando digo que o senhor é a semente de uma Nova Raça Política.

Os meus sinceros cumprimentos,
Max Coutinho


[1] de Schmooze: palavra derivada do Yiddish [shmuesn = conversar, rumor], que significa "conversa casual afim de obter ganhos ou ligações sociais".

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