Manifesto Contra a Plataforma 15 de Outubro

Terrina de Prata de  Jean-Baptiste-Siméon Chardin

O país está com uma “p*t* hemorragia” (como diriam nuestro hermanos) e que fazem os cidadãos?

Os cidadãos são hilariantes! Anda por aí um grupo, liderado por um tal André Esperança, chamado Plataforma 15 de Outubro, que organizou uma manif para o dia 15 de Setembro, com o seguinte slogan: “Que se lixe a tróika, queremos as nossas vidas!!!”
Agora pergunto; mas a que vida se refere este cidadão? Quererá ele reganhar o controle da sua vida ou o status quo? Se for este último ele que esqueça porque o povo disse: “nãããão!”. Clama este mesmo cidadão, que se diz por aí que Portugal é um país de gente mansa e ele obviamente não concorda; nem eu tão pouco, até porque o ditado reza que Portugal é um “país de brandos costumes” – ora, brandura não é o mesmo que mansidão. Diz ainda que o governo tem de saber que de um momento para o outro pode saltar a tampa aos portugueses; como Chef amadora devo dizer que as tampas só saltam das panelas quando há avaria do utensílio ou quando o conteúdo do mesmo está em excesso; logo, que devo depreender: que o seu cérebro sofreu uma contusão e precisa de uma operação cirúrgica para aliviar a pressão?

Diz o Sr. Esperança que as medidas de austeridade anunciadas na sexta-feira passada pelo governo trarão “mais desemprego (16%), precariedade, miséria, dívida ou seja mais dificuldades para o povo, que o sector público perderá dois salários e o privado ficará sem um”. Quando o Jornalista lhe perguntou que propunha a sua plataforma para solucionar a crise; o querido respondeu que não tinham nenhuma bola de Cristal, mas que havia um ano que andavam a avisar que este saque não iria parar; e que tinham várias propostas, passo a citar: “Fazer auditoria às contas públicas e, nesse tempo suspender o pagamento da dívida, só assim haverá dinheiro para pagar salários”; continuou dizendo que “estas medidas estão a ser utilizadas para pagar uma dívida que nós trabalhadores, jovens, reformados não contraímos. Uma dívida que não é nossa”.

Bradem os Céus!! E pensar que o sr. Esperança é formado em economia. Eu só posso cogitar que estejamos perante um caso de estagnação mental e cultural apesar de ser instruído.
O meu neto de 5 anos sabe que até ele (indirectamente) é responsável pelo estado da nação e pela sua dívida; porque quando estávamos todos contentes com a distribuição a torto e a direito de subsídios e com a criação da indústria do tacho-cunha (i.e. empresas público-privadas, Institutos e Fundações [tudo furado]), o povo português elegeu duas vezes o PM Sócrates e quis continuar socialista.
Quando o povo português estava frenético devido ao vírus do consumismo (em vez de alugar casa, comprava uma com empréstimo; queria ir de férias, toca a viajar a crédito; queria um carro fazia-se um Aluguer de Longa Duração; precisava de móveis no IKEA, contraía-se um empréstimo com a taxa TAEG de 20%; umas roupitas na Zara, um empréstimo junto da Cofidis; um plasma para “amostrar” aos amigos, ia-se pedir um crédito ao banco por 90 dias (e quem diz isto diz que se fazia o mesmo quando queria comprar loiça nova, renovar a roupa de cama, oferecer jóias à mulher etc...etc...etc). Todos nós, sem excepção, ficámos impávidos e serenos: os speedados olhavam para quem não fumava os spleefs com desconfiança, e quem não quis cair no canto da sereia permaneceu na sua “superioridade”.

Ó, sr. Esperança... para manter o estilo de vida que o povo colectivamente vinha gozando, o estado contraíu empréstimos no estrangeiro para o aquietar; os bancos entraram numa espécie de folie-a-deux com os seus  clientes – porque para satisfazer os insaciedades destes, ficaram igualmente insaciáveis e a ganância fê-los partir à  busca de fundos nos mercados internacionais. Deveria saber que quando os investidores avançaram com o dinheiro, fizeram-no porque confiaram nos trabalhadores, já que estes são a garantia de que a dívida será paga e, são os arquitectos do PIB (produto interno bruto). Consequentemente, todos os cidadãos deveriam ter sido também guardiães do produto do seu suor, pois os números aí contidos espelham uma Nação – i.e. Jovens, mulheres, homens, e velhos (que representam o nosso pote de sabedoria).
Amigo, tal qual o seu nome eu tenho grandes esperanças (não arruaça) para Portugal; por isso aprenda o conceito de solidariedade leal e a ética do timing. Depois pegue no seu curso, arrange maneira de ter um patrocinador, faça investigação; e, pense, mesmo a dormir, acerca do que fazer com a sua preparação académica para melhorar Portugal. Faça Portugal ter orgulho de si e tenha a audácia de competir pelo Prémio Nobel da Economia. Entre para a política e, aí sim, o nosso futuro e dos meus netos será excitante, porque a falácia e a gritaria serão erradicadas do parlamento e o nível do debate será de qualidade invejável.

Sr. André Esperança, o que é que pretende realmente com esta a manifestação? Quais as motivações e, que impacto real terá na vida dos seus concidadãos? Juro que me cheira a esturro...
Sei que se chegarem a ler este artigo, ir-me-ão chamar neo-liberal (ou coisas piores) e prosseguirão com a sua errónea ideia de que a globalização também engloba a imitação de comportamentos erráticos sem propósito, cuja única intenção é desestabilizar o país quando este menos precisa.

Há esperança? Não com o Esperança!

Comentários

  1. Lenny, olá!

    Desde já, adorei este Manifesto.

    Tendo já tido um debate intenso com membros destas plataformas (aqui neste blogue) devo dizer que mais uma vez o timing desta manifestação é péssimo. Ainda que fique feliz por ver o povo Português a exercer o seu direito à manifestação e à liberdade de expressão; pergunto-me que efeito real surtirá esta manif na vida do Portugueses?

    Não seria melhor se estes 40.000 cidadãos se juntassem para ajudar os mais carenciados? Não seria melhor juntarem-se para ensinar às pessoas a não contarem tanto com o estado, a fazerem algo por si (e.g. agricultura urbana para se alimentarem de forma mais saudável) e pela comunidade?
    Mas não. Fazem sempre a mesma coisa: promovem a desresponsabilização, não só pessoal mas principalmente colectiva.

    Quanto ao jovem Esperança: deste-lhe um bom conselho.

    Não subscrevo estas campanhas vãs que nada fazem por aqueles que verdadeiramente se viram lesados pelas acções consumistas do Povo Português.

    Beijos

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    1. Óla, Max!
      Obrigada boss, por teres vindo comentar!
      Sabes o que digo disto tudo? Tempo a mais nas mãos, porque os verdadeiramente carenciados estão em casa a deitar contas à vida, minha cara.
      Beijocas

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  2. Lenny, venho do MAX - ainda estou em estado de choque...uma bloguista, amiga da Max, morreu...enfim.
    Ouvi falar desta plataforma de 15 de outubro que se manifestará no dia 15 de setembro...serei só eu a achar isto estranho? A ti cheira-te a esturro, Lenny? A mim cheira-me a estrume. Esta gente só anda atrás de protagonismo político...vais ver, daqui a uns tempos este André Esperança vai aparecer numa lista do BE ou então de um offshoot do bloco. Portanto, o jovem é economista...de 10 valores (na verdade 9,5)? Porque como economista deveria saber que todo o país é responsável pelo presente estado da nação - quer dizer, todos menos os que como eu não contraem empréstimos para viver acima das suas reais possibilidades (e olha, não falo somente dos mais abastados, porque há muitos que fazem o mesmo de entre a classe média).

    Não vi esta gente manifestar-se quando o Sócrates andava a levar este país para o buraco; mas quando estamos a fazer de tudo para sair dele é quando resolvem ir para as ruas...tá-se mesmo a ver daqui a uns tempos temos novo partido com membros à busca do tacho parlamentar.
    Vou ficar atenta a este artigo: da última vez uns tipos apareceram aqui a quererem bater na Max (meses depois dela ter feito um artigo a criticá-los).

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    1. Hey, Ana!
      Yah, partiu...
      Em Portugal criam-se plataformas e coisas que tais, para nada, isto é incrível. Não sei se ouviste falar, o sr.Carrapatoso CEO da vodafone e o próprio Passos Coelho criaram coisas do género, sem resultados palpáveis para Portugal senão para proveito próprio...enfim.
      Manisfestarem-se no tempo do Sócrates? Para quê? Ouve, o Fernando Rosas, na sexta-feira à noite na TVI, desmoralizou-se ao dizer que havia passado na sua vida por coisas...mas que agora, estava tão chocado, quanto ao rumo do país, porque nunca pensara que no outono da sua existência, pudesse assistir este descalabro do povo Português. Só lhe faltou verter uma lágrima de crocodilo e acusar a direita de desumanidade sem paralelo.
      Pergunto eu: porque não usou ele o microfone, ao qual teve sempre acesso, para alertar aos seus comparsas da esquerda-caviar, e dizer que o seu silêncio, quanto as políticas do Sócrates, estava a ajudar a arruinar o povo, por quem ele tanto chora agora?
      Quanto ao resto cá estarei eu, para o que der e vier!Lol
      Ciao

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  3. Como eu costumo dizer por essas bandas: sempre tem uns perdidos
    Uns que só querem bagunça ou status, bem aquela história de 15 min de fama.
    Lamentável.

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    1. Viva, crazyAngel!
      Tem razão é lamentável, porque as medidas do governo, são necessárias e não há volta a dar-lhes.
      Sou a favor do protesto quando faz sentido, e neste momento este barulho não é apropriado, pois nem sequer digerimos bem as medidas anunciadas.
      Aquele abraço!

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  4. Max e Lenny, tenho lido nos blogues amigos de Portugal vários post, todos revoltosos! Acredito que quando se chega ao fundo do povo, o recomeço se faz necessário. Mas daí é jogar fora todo o lixo. Portugal precisa de uma limpeza geral!

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    1. Luma,

      Concordo que Portugal precisa de uma limpeza geral: incluíndo certos grupinhos que fingem lutar pelo povo, quando na verdade lutam pela defesa da sua agenda política - as palavras demagógicas de certos líderes de plataformas expõem as suas verdadeiras intenções.

      O povo Português escolheu os governos que colocaram o país neste estado e perante a incompetência desses mesmos governos não foi para as ruas lutar. Porquê? Porque nessa altura o estado ainda conseguia maquilhar as finanças públicas e todos beneficiavam dessa maquilhagem.

      A democracia tem um preço e agora está na hora de pagar.

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  5. Óla, Luma!
    Portugal precisa de recomeçar e este passo nem sempre é fácil; não é?
    Eu teria todo o prazer de participar numa marcha de protesto, se a agenda fosse para falar de soluções para os cidadãos, onde cada um dos participantes no final se comprometesse a ser um agente de mudança.
    Acredito que: se o povo não tivesse dado carta branca aos políticos, não estaríamos neste beco, quase sem saída, de tão apertado que é...
    Muito obrigada pelo seu comentário
    Um abraço

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