Veneza: O Grande Canal desde o Palazzo Flangini até à Igreja de San Marcuola de Canaletto |
Em primeiro lugar, gostaria de copiosamente congratular os
génios que escreveram os discursos feitos na Convenção do DNC – brilhantemente
estruturados e extremamente eficazes.
Muito foi dito acerca do discurso do Presidente Obama;
contudo, gostaria de analisar algumas das passagens mais importantes da sua
Mensagem:
Mudança
“Por isso, a eleição
de há quatro anos atrás não foi acerca de mim. Foi acerca de vocês. Meus
co-cidadãos: vocês foram a mudança.”
Análise: Barack
Obama foi mal interpretado. A “Change we can believe in” (a mudança na qual
podemos acreditar) foi, e continua a ser, o povo. Este mudou o rumo da América –
um país que há tão somente quatro anos atrás era odiado por todos; um país que
foi permissivo em termos de business; permissividade essa que afundou o mundo
na maior crise económica global da História da Humanidade (pela sua
sincronização universal). Ao eleger Barack Obama, o povo criou a Mudança, não
só para a América como também para o resto do mundo.
Objectivos
para o Segundo mandato
“(..) Estou-vos a pedir que apoiem um conjunto de
objectivos para o vosso país – objectivos para a manufactura, energia, educação,
segurança nacional e défice; um plano real, concreto, que levará à criação de
novos postos de trabalho, a mais oportunidades e, à reconstrução desta economia
assente numa base mais forte.”
Análise: os
primeiros quatro anos serviram para evitar que a economia se afundasse ainda
mais e, para criar um ambiente comercial e político (tanto nacional como
internacional) para que os EUA pudessem trazer postos de trabalho de volta para
solo nacional e para criar mais postos no segundo mandato. Neste momento os EUA
são uma nação atraente para se investir nela. Desenganem-se: a criação/perda de
postos de trabalho está intimamente relacionada com a política.
Negócios
Estrangeiros
“Os negócios estrangeiros são uma novidade para o meu
oponente e para o seu vice, mas pelo que todos nós vimos e ouvimos, eles querem
levar-nos de volta para uma era de retórica violenta e ignorância que tanto
custaram à América. Afinal de contas, não se diz que a Rússia é o nosso inimigo
número um – em vez da Al-Qaeda – a não ser que ainda se esteja preso no tempo
da Guerra Fria.Talvez não esteja preparado para exercer diplomacia com Beijing
se não consegue visitar os Jogos Olípimpicos sem insultar o nosso maior aliado
(..)”
Análise: o candidato às presidenciais, Mitt Romney, deu-nos uma previsão
assustadora de como conduzirá os seus negócios estrangeiros. Requer-se que um
presidente dos EUA lidere o mundo – e ninguém respeitaria, quanto mais seguir,
o Mitt Romney (não depois do que nos mostrou). Já ao Barack Obama, todo o globo
o admira e, a sua maioria respeita-o e está disposta a segui-lo. Há 4, 8, 10
anos atrás o passatempo do mundo era odiar a América: hoje, a maioria do países
está com a Ela. Isto é sem dúvida o resultado de uma boa liderança.
“Fizemos frente à China em nome dos nossos trabalhadores”/”Trabalhei
com os líderes do mundo empresarial que estão a trazer postos de trabalho de
volta para a América (..)Porque nós trabalhamos mais afincada e
inteligentemente do que qualquer um. Assinei acordos comerciais que estão a
ajudar as nossas companhias a vender mais bens a milhões de novos clientes –
bens que estão estampados com três palavras orgulhosas: Made in America.”
Análise: uma clara mensagem para a China – os EUA estão a recuperar a
hegemonia manufactureira. Os trabalhadores Americanos têm mais formação e
produzem bens mais seguros e de qualidade superior. As políticas internacionais
do Presidente Obama (através da Secretária de Estado, Hillary Clinton) prepararam
um ambiente internacional favorável a receber produtos Made In America.
“E enquanto eu fôr o Comandante-chefe, iremos manter a
maior força militar que o mundo jamais conheceu.”
Análise: não é segredo nenhum que, desde 2002, a China aumentou a despesa militar em 170%. Contudo o presidente Obama avisa os Dragões Vermelhos de que
não se devem deixar levar pelo o OSINT porque os EUA são, e sempre serão, uma
superpotência com a melhor força militar ao cimo da terra.
Centrismo
“Insistimos na responsabilidade pessoal e celebramos a
iniciativa individual. O sucesso não é um direito garantido. Temos de o
adquirir (..) Não queremos esmolas para pessoas que se recusam a fazer algo por
si e, não queremos bailouts para os bancos que quebram as regras. Não pensamos
que o governo possa resolver todos os nossos problemas (..)”
Análise: com
estas palavras o presidente Obama posicionou-se ao centro do espectro político.
Desde 2008 que tenho vindo a dizer que o presidente Obama é um centrista e, na
passada quinta-feira, ele confirmou o meu pensamento. De certo desapontou tanto
republicanos como democratas radicais: ele não é um socialista.
Auto-Responsabilização
“Ainda que esteja orgulhoso de tudo o que alcançámos
juntos, estou ainda mais consciente das minhas próprias falhas, compreendendo bem
o que Lincoln quis dizer quando disse ‘Muitas vezes fui posto de joelhos pela
convincção esmagadora de que não tinha outro lugar para onde ir.’”
Análise: um politico
que se responsabiliza pelas suas falhas (talvez uma alusão às negociações
falhadas com os Republicanos). A auto-responsabilização é uma das qualidades
mais admiráveis num ser humano, mas num político é ainda mais estimável –
Barack Obama incorpora a própria imagem de um Político do século XXI.
Os analistas dizem que não foi o melhor discurso do presidente
Obama e queixaram-se da falta de detalhes. Primeiro, os detalhes são para a
campanha e para os debates; segundo, um discurso com uma mensagem directa tem
mais valor que um discurso inspirador; terceiro, ele deu-nos uma previsão de
como será o seu segundo mandato (leiam nas entrelinhas).
(N.B. Citações do Presidente Obama traduzidas por Max Coutinho)
Mas bah, Max,
ResponderEliminarGostei da análise e, como já disse em outro comentário, torço pela reelição do Obama por entender que merece um novo mandato.
Abração.
Oi Diler :D!
EliminarObrigada, fico feliz por teres gostado. Concordo contigo.
Diler, obrigada pelo teu comentário :D.
Um abração