Polaroid da Bandeira Iraniana |
O Irão é uma teocracia que apresenta características democráticas
(i.e. eleições parlamentares e presidenciais regulares) o que dá aos Iranianos
uma voz limitada na arena política. Contudo, a sua voz não está a ser ouvida
por causa de uma ideologia ultrapassada (i.e. a Revolução de 79 e o velayat-e faghih [o alicerce
político-ideológico para o regime eclesiástico]) que impede o Irão de andar
para a frente, de colocar o pé no século XXI e de ter um Estado Democrático.
A igreja nunca se deveria meter na política directamente
(até porque essa não é a sua função principal) e pergunto-me o que aconteceria
se o Ayatolla fosse despido dos seus poderes excessivos sobre o sistema político
Iraniano: quem beneficiaria mais?
O Irão está dividido em quatro facções: os Conservadores
Tradicionalistas, os Conservadores Pragmáticos, os Fundamentalistas e os
Reformistas.
Os Conservadores Tradicionalistas e Pragmáticos são de
direita; aderem aos ideias da revolução e adoptam pontos de vista conservadores
no que toca à religião e à sociedade. Também estão ligados ao comércio
tradicional e bazares e, são guiados por Ali Khamanei e os clérigos de alta-patente;
logo, resistem um pouco a reformas que ameaçem os ideais revolucionários e os próprios
interesses político-económicos. Não obstante, os Pragmáticos são mais abertos a
reformas se estas envolverem ganhos financeiros.
Os Fundamentalistas (mais conhecidos como Principlists, em Inglês) também são de
direita e partilham os mesmos ideais que as já mencionadas facções; só que
representam uma geração mais nova proveniente da guarda revolucionária e das
forças paramilitares Basij. Esta facção é extremamente reaccionária no que toca
aos valores culturais e políticos.
Os Reformistas (oriundos da esquerda-radical que depôs o
Shá, fez reféns na embaixada dos EUA e participou na criação do Hezbollah)
perderam fé nas políticas de redistribuição de riqueza e disseminação da
ideologia revolucionária, devido transformação contínua que a facção sofreu ao
longo das duas últimas décadas. O Movimento Verde nasceu dos reformistas;
movimento esse que é composto por organizações de Direitos Humanos e das Mulheres;
elementos seculares e nacionalistas.
À primeira vista, os tradicionalistas e pragmáticos seriam
quem mais teria a perder se o clero fosse afastado da política; mas não tem de
ser exactamente assim: se eles controlam o comércio e a riqueza, controlam a
nação; por isso os Ayatollahs poderiam muito bem ser colocados de parte. Os
fundamentalistas controlam o exército e os serviços secretos; querendo isto
dizer que controlam as forças de segurança e que a segurança nacional Iraniana está
nas suas mãos – para que precisam dos Ayatollahs?
Os Reformistas já expressaram o seu desagrado em relação ao
controle do clero, por isso, torna-se óbvio o quanto teriam a ganhar com o
afastamento do mesmo.
Os homens de negócios, os militares e os grupos com
orientações sociais podem perfeitamente governar o Irão sem interferência do
clero (que deveria estar confinado às mesquitas afim de guiar espiritualmente
os Iranianos).
As teocracias faziam sentido numa época em que os sacerdotes
eram os únicos que iam à escola; eram os únicos que sabiam escrever e ler; eram
os únicos que tinham acesso a certo tipo de informação e conhecimento. Numa
sociedade em que todos os cidadãos vão à escola e sabem pensar por si, não faz
sentido algum que necessitem de um Ayatollah para pensar e tomar decisões por
si: os civis podem fazê-lo perfeitamente por/para si (e ver os seus interesses bem servidos
na mesma).
Os Iranianos são um povo admirável que deveria ser leal aos
Princípios da Revolução do século XXI: uma Nação Muçulmana Laica.
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