Auto-Retrato de Baccino Bandinelli |
“Deve ser relembrado
que não há coisa mais difícil, mais perigosa, ou mais incerta no seu êxito, do
que liderar a introdução da nova ordem das coisas” (Nicolau Maquiavel, in O Príncipe, capítulo VI)
O custo de mudar o que já estava estabelecido é muito alto.
Aqueles que se propõem a alterar o estado das coisas, que conduzirão o mundo para
uma nova ordem, poderão ter a certeza de que implicarão com eles, que serão
insultados, perseguidos, atingidos e (in
extremis) assassinados.
A pessoas não dão as boas-vindas à mudança por motivos
vários:
- Medo de deixar a sua zona de comforto. Assim que um ser humano se habitue a agir e a reagir de uma determinada maneira; a fazer as coisas à sua maneira e se sinta confortável com as suas próprias escolhas; ele irá refusar sair do seu “ninho” mental e aventurar-se em novos vôos.
- Medo da incerteza. Os humanos adoram agarrar-se às suas certezas, contudo a certeza é uma ilusão. Claro, a mudança carrega consigo a incerteza (acerca de qual o caminho a percorrer, qual o resultado da escolha, as consequências do acto etc), mas sob a égide da incerteza poderemos sempre ter a certeza de que as energias estão em constante movimento; enquanto que, sob o escudo da certeza poderemos ficar descansados de que as energias estagnaram tanto quanto nós.
- Medo de aprender coisas novas. A nossa espécie acredita que ao chegar à fase adulta já não precisa de aprender coisas novas, já que ele possui todo o conhecimento necessário (adquirido empírica ou academicamente) – outra ilusão. Aprendemos desde o dia em que encarnamos até ao dia em que desencarnamos (e para lá disso).
- Poder. Para as pessoas, que conhecem o poder pelo nome e se fundem nele, é-lhes muito difícil despegar-se dele; logo, qualquer sorte de mudança é vista como uma ameaça à sua posição e, como tal, tomarão diversas medidas para deitar abaixo aqueles que tragam (ou prometam trazer) a mudança, custe o que custar – “vaidade das vaidades”.
Galileu Galilei fez uma revolução científica: foi insultado,
perseguido e preso; o seu trabalho foi banido.
Patrice Lumumba tinha uma visão para a sua nação recém-independente
(visão essa que desagradava ao Ocidente, já que Lumumba se recusava a ser o seu
marioneta): foi deposto, ridicularizado, perseguido e executado.
Joana Simeão e Lázaro Kavandame (Moçambique) opunham-se à FRELIMO
e tentaram desafiar a sua hegemonia e domínio uno-partidário: foram presos,
ridicularizados, torturados e executados.
Aung San Suu Kyi tinha uma visão democrática para a sua
nação (Burma): durante anos ela esteve sob prisão domiciliária e as suas
palavras foram censuradas.
Os exemplos são numerosos...
Maquiavel tinha razão tanto em 1505 como em 2012:
“O inovador tem como inimigos todos aqueles que beneficiaram sob o
antigo sistema”
Comentários
Enviar um comentário
O Etnias: O Bisturi da Sociedade™ aprecia toda a sorte de comentários, já que aqui se defende a liberdade de expressão; contudo, reservamo-nos o direito de apagar Comentos de Trolls; comentários difamatórios e ofensivos (e.g. racistas e anti-Semitas) mais aqueles que contenham asneiras em excesso. Este blog não considera que a vulgaridade esteja protegida pelo direito à liberdade de expressão. Cumprimentos