Legislativas 2011 - Análise do Programa Eleitoral do PS



Ora bem, li o programa eleitoral do PS (disponível Aqui); e sinceramente fiquei extremamente desapontada com a falta de esforço por parte dos socialistas: 8 páginas de esquizofrenia positiva.
Quando um país está no estado no qual Portugal se encontra, o partido reinante deve esforçar-se mais por explicar ao eleitorado por que é que este deve re-elegê-lo (principalmente, após uma péssima prestação de serviço à Pátria).

Os Portugueses têm de se informar e de pensar antes de votar. 

Desejo ajudar os Portugueses a reflectir acerca do futuro da nação; e por isso, partilho, em baixo, alguns dos pontos altos do programa do Partido Socialista e o meu comentário:

"Nós fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para poupar o País a uma crise política totalmente evitável, totalmente desnecessária e totalmente inoportuna – uma crise política ditada apenas pela ânsia do poder, da parte das Oposições, e que provocou consequências gravíssimas no plano económico e financeiro, obrigando Portugal a recorrer a um programa de assistência externa. Nós tudo fizemos para evitar essa crise."

Não, não fizeram. Quem criou a crise (que levou à crise política) foi o governo socialista, ponto final.
Culpar a crise internacional é de uma falta de sabedoria, porque é suposto Portugal não ter entrado nas negociatas dos Hedge Funds e dos Prime Rate (até porque a banca Portuguesa dedica-se a tudo menos àquilo que deveria a 100%: Financial Trade, Banking e financiamento de empresas para a criação de riqueza nacional. Em vez disso preferem o crédito ao consumo [i.e. supra-individamento pessoal e, consequentemente, nacional]). A culpa está no excesso de despesa governamental.
Que ânsia pelo poder podem o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista ter? Estes dois partidos sabem bem que nunca terão acesso ao poder (a não ser que o PS, de futuro e numa onda de desespero, forme uma coligação com eles). Já o PSD e o CDS deram margem de manobra ao governo socialista para que este pudesse servir a nação - significando isto que deram corda ao governo para se enforcar.

"Não: as dificuldades são muito sérias e, neste momento difícil, devemos defender o País, proteger as pessoas, preservar e desenvolver os serviços públicos e as funções sociais do Estado que ajudam as pessoas, especialmente, as que estão em maior risco ou privação."

Foi para isso que foram eleitos e já o deveriam ter feito desde o princípio. O governo falhou quando decidiu não pressionar os Bancos Nacionais para emprestar às pequenas e médias empresas para que estas não tivessem que despedir pessoas exercendo, assim, uma maior pressão sobre o governo (através dos subsídios).
Os Portugueses são conhecidos no mundo inteiro como bons trabalhadores. Mas em Portugal, o governo socialista quer fazer dos Portugueses uns mendigos dependentes dos subsídios (desemprego, reinserção social etc) - Basta!

"o PS, que tentou evitou uma crise que conduziria a eleições antecipadas"

Acredito que o PS tenha evitado a todo o custo a entrada do FMI em Portugal (nisso, eu estava com o PM Sócrates). Contudo, viemos a saber que as contas públicas haviam sido maquilhadas (à semelhança da Grécia, ainda que menos grave) e que o país não teria sequer condições para implementar o dito PEC IV.
Também, o PS (enquanto partido e governo) permitiu que o Primeiro-Ministro Sócrates (líder de um governo minoritário) fosse a correr para a Europa apresentar o Plano de Austeridade sem que a Oposição fosse consultada. Mais uma vez: a crise foi criada pelo próprio governo socialista.

"[Oposição] Estavam preparados para precipitar a queda do Governo, à primeira oportunidade; mas não estavam preparados, não estão manifestamente preparados para apresentar ao País uma alternativa (...) Souberam destruir, mas são incapazes de construir!"

O PS não teve competência para apresentar um programa eleitoral bem elaborado e, para desviar as atenções dessa incompetência acusa a Oposição de não apresentar propostas concretas, de não mostrar o seu programa...enfim, uma infantilidade sem fim (ainda que expressada de um modo poético, reparem na antítese "souberam destruir...incapazes de construir").
A Oposição faz bem em reflectir acerca do que o País precisa e não tem de correr a apresentar textos vãos e vazios de substância política, social e económica; só para mostrar ao Partido Socialista que sabe trabalhar a correr.

"O programa eleitoral do Partido Socialista é simples, é concreto e é claro."

É demasiado sucinto, isso sim. Não explica como irá implementar as medidas propostas, quanto irá tudo custar e que impacto terão no orçamento nacional (visto que segundo as medidas impostas pela Troika, Portugal terá que cortar severamente nas despesas e forçosamente diminuir o défice).

In summa, o programa eleitoral do PS parece um discurso de comício básico: muita prolixidade, muita promessa, muita isenção de culpa, muita alucinação, muito pouco concretismo...e défice de realismo.

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