Manipulação


Passados meses, Tarik e Miriam estavam extremamente felizes (o amor trasbordava das suas auras)! O pombinho levava a sua amada para todo o lado; pavoneava-se com ela pelos melhores restaurantes, esplanadas, bares, clubes e...pelo seu escritório. «Aonde é que vamos hoje, querido?» perguntou Miriam enquanto entrava para o jaguar «Hoje vou-te levar ao local onde está a ser construída a minha mais recente fábrica de etanol.» responde um Tarik todo orgulhoso enquanto limpa o vidro do seu carro com a manga do casado. [Telemóvel toca] os dois procuram pelos seus respectivos celulares, quando a Miriam diz «É o meu, querido! Tou...não é uma boa hora para falar...não estou em casa...não trouxe o meu laptop [ela brinca com a cruz que traz ao peito...Tarik observa-a]...pá, não sei a que horas é que estarei lá....eu telefono-te, tchau!» Tarik pega na cruz dela (passando ao de leve a sua mão pelo seio esquerdo dela) e diz «Que peça linda: platina com rubi, topázio, esmeralda, turquesa...[incerto sobre o nome da próxima]...safira, diamante, jacinto, uma ágata...uma ametista, um carbúnculo; esta é uma ónix (adoro esta pedra) e jaspe...uau, Miriam, mandaste-a fazer, foi?» com um olhar cintilante Miriam sorri «O meu pai deu-ma quando fiz 21 anos; nós somos Cristãos!» Tarik ri-se às gargalhadas «Não me digas! Nunca teria reparado [larga a jóia]!» e liga o carro…
Em Grimsby, onde a fábrica está a ser construída, Tarik encoraja Miriam a passear pelo local enquanto ele fala com os arquitectos e consultores. Miriam puxa-o pela gravata, beija-o apaixonadamente e larga-o...Tarik molha os próprios lábios e afasta-se com um sorriso presunçoso estampado na cara...
Miriam passeia-se no local: vira-se para a esquerda, para a direita, baixa-se, enche uma mão de terra, agarra a cruz, e parece estar a falar sozinha! De longe duas consultoras seguem-na com os olhos «Ela está a agir de uma forma muito estranha, não é? Por que é que se vira para a direita e para a esquerda, ao mesmo tempo que brinca com a cruz? Muito suspeito!» «Pelo amor de Deus, Mildred! Não me digas que andas a ler livros de espionagem de novo…és tão paranóica, coitada!»
[Telemóvel] «Tou! Selene! [“Shalom, Miriam!”] Shalom, querida! [“ podes falar, hein?”] Absolutamente! [“As imagens que recebemos estão perfeitas. Contudo, precisas de voltar ao escritório dele e captar imagens do Contrato de Investimento de novo!”] ok, não há problema…Lehitraot [“Lehitraot!”]»… [1]

Jardim de Belém, Lisboa.
Paul olha à sua volta e vê-a, aproxima-se dela, coloca a mão no ombro dela e diz «Shalom!» ela vira-se com um largo sorriso na face «Shalom, Saul! Como estás desde ontem?» «Olha, ainda me estou a rir…és terrível!» «E então…eles caíram na história? Achas que acreditaram que eu sou Ela?» «Com certeza! Amanhã já nos teremos reunído para planear o teu suicídio...» Sheela cobre o jardim de Belém com uma forte e afável gargalhada (Paul acha-a uma mulher lindíssima: alta, elegante, com um pescoço comprido, uma cara oval de um chocolate incrível; olhos pretos, cabelo ondulado comprido igualmente negro [“Cabelo verdadeiro!” ele diz para consigo], dentes brancos [“Ah, Saúl...vejo que a Opus Dei não te matou o humor lol!”] e uns apetecíveis lábios carnudos. Ela trajava umas calças de seda preta, uma túnica preta transparente com um top por baixo, os pés estavam adornados com umas sandálias de salto alto côr de cereja)…«E pensar que Ela é mais clara que tu, Saul!» «Eu sei, é tão chocante!» «Anyway, a nossa base considerou o jantar um sucesso; e tudo obra tua, querido!» «Muito obrigado, Sheela! Por falar nisso, o “noivo” é o verdadeiro?» «Ha, quem me dera! Ela tem tanta sorte, que homem! Daria tudo para estar ao lado dele, nem que fosse por cinco minutos...mas depois seria morta! Não, o meu “noivo” é um colega e nos colegas não se toca [“Que pena!” pensou Paul]! Caminhemos, Saul; já estamos aqui há demasiado tempo, e ainda há muito para falar! Que tal irmos comer Pastéis de Belém!» «Isso seria óptimo!»...
Do outro lado da estrada, num carro, Julie (tremendo) observa-os por uns binóculos «Ah, Paul...eu sabia! Uma mulher sabe sempre [vertendo uma lágrima]…e pensar que me disseste que vinhas a trabalho...grande trabalho! [Telemóvel toca] Alô…[“Julie, sou eu, a tua mãe!”] oh, mãezinha…[“O que é que aconteceu? Estás a chorar, linda?”] É o Paul, mãe…[“O que foi…não me digas que não te deu a bracelete de diamantes que lhe pediste?”] ele tem uma amante, mãe [“Ah isso…também, do que é que estavas à espera? Já viste que hoje em dia estás sempre na igreja?”]…Uma Afro-Europeia ou o quer que seja que eles se chamem hoje em dia [“Ó c’um caraças! Saiu-me melhor que a encomenda...quem diria que o Paulinho gosta de uma côr na sua vida? Está na hora de engravidares, Julie!”]…Achas, mãe? [“Sim, ele vai sustentar-te a ti e à criança para o resto da vida! Ouve, andei a ler sobre os homens da Opus Dei…eles são extremamente responsáveis!”] Que Deus me perdoe, mãe; mas tu tens razão! [“Infelizmente eu tenho sempre razão!”] É verdade…


Vejamos se o Livingsword é hábil no tecer as teias da manipulação, vem comigo!

Próximo Episódio: Eventualidades

[1] Hebraico: “Adeus”

Comentários

  1. Gostei do novo visual!!!! Depois passo para comentar mais, ok?

    Tem um award para ti no meu blog! beijos!!!

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  2. Cidão!

    "Gostei do novo visual!!!! Depois passo para comentar mais, ok?" - obrigada, gato! Certíssimo, passa quando quiseres :D!

    "Tem um award para ti no meu blog! beijos!!!" - um award? Irei lá em breve...obrigadão!

    Beijos

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