Está um raro dia de sol em Londres. Allan e Molly Whitepearl oferecem-se um fim-de-semana cultural no National Gallery. Após deambular por uma hora, os olhos da Sra Whitepearl batem numa obra de Thomas Gainsborough intitulada de “Mr and Mrs Andrews” (Vide imagem acima)…que coincidência.
O casal aproxima-se do quadro e começa a analisá-lo.
O Allan inclina-se sobre Molly e sussurra:
- Que tal um jogo, querida?
- Que tipo de jogo? – Pergunta ela.
- Muito simples, amor: escolhemos uma pessoa, ao calhas; para ouvir a análise de cada um de nós e, no fim, decidir qual de nós foi o melhor.
A Molly concorda e toma a iniciativa de escolher uma pessoa. Passados uns minutos ela escolhe uma senhora, idosa, que caminhava na sua direcção. A Sra Whitepearl explica as regras do desafio à Sra Dempsey que aceita, de imediato, ser o árbitro de tão interessante proposta.
Uma moeda é atirada ao ar, e o Allan será o primeiro:
- O marido chega da caça juntamente com o seu melhor amigo e confidente (o cão). A maneira como ele segura a sua arma mostra quão viril é, e relaxado está perante a vida. O cão olha para o seu dono na esperança de ser recompensado, porém, o seu dono inclina-se para a sua mulher na esperança de ele próprio ser recompensado...olha para aquelas pernas musculadas…que magnifíca obra de arte! Gainsborough quis dar ênfase à quantidade de exercício que ele pratica! – Perante este último comentário a Sra Molly olha para a Sra Dempsey e sorri de esguelha, Allan continua – a tranquila esposa sentada debaixo da árvore, quiçá, confidencia ao seu diário o quanto deseja o seu marido. Olha só, Molly; aquele vestido azul-ciel sugere a inocência e pureza dos seus pensamentos! Não admira que o homem esteja tão relaxado...uma propriedade, uma mulher sossegada (no sentido de paz interior...é claro...) e um companheiro leal: que mais poderia ele querer? É a tua vez, meu amor...
Molly dobra ligeiramente o seu joelho, como que para fazer uma pequena vénia ao seu marido e ao árbitro, e desobstruindo a garganta, diz:
- O marido está quase a partir para a caça; mas antes, exibe a sua arma como forma de deixar bem claro, à sua mulher, o que a espera no seu regresso. O meu argumento é apoiado pela postura, sorriso de deboche dele, e a cara de enfado da esposa. No seu diário ela expressa o seu desapontamento (para com o seu marido) perante a falta de habilidade no manejar a “gaita de foles”. [Ironicamente] Repara só, Allan...o céu nublado reflecte o desassossego do seu âmago...a sua insatisfação.... o azul-pastel do seu vestido sugere que ela decidiu aceitar a sua sina – Allan dá uma gargalhada de desprezo, mas a Molly continua – não, não, querido…ainda não acabei! As suas pernas...que de facto, são uma maravilhosa “obra de arte”, podem até indicar a quantidade de exercício praticado, contudo não o tipo de exercício que ela gostaria que ele praticasse – Molly pisca o olho a uma Sra Dempsey de sobrolho franzido -. O cãozinho…o que é que o cãozinho sugere? Ora, se se vive em Inglaterra e se caça, na certa tem-se um cão, não? Então, qual é o veredicto, Sra Dempsey?
Sra. Dempsey respira fundo e responde:
- Ai credo…Meu Deus…eu acho que vocês estão a ver coisas a mais! Tudo o que eu vejo é um homem, que caça; e a sua mulher, na quinta deles...e o seu cãozinho. O céu carregado de núvens diz-me que eles apanharão uma molha não se despacharem…o mais certo é apanharem uma gripe, uma febre, uma pneumonia, e ficar de cama...uma desgraça pegada...!
Olá Max
ResponderEliminaré isso.. cada um com seu ponto de vista sobre um mesmo assunto, é isso que enriquece a vida...
beijos
Um ótimo final de semana para você
Adriana
Oi Adriana,
ResponderEliminarAbsolutamente, minha linda :)!
Tem um óptimo fim-de-semana, também tu :)!
Beijos