Os Estados Unidos irão providenciar a Israel $38 mil milhões de dólares nos próximos 10 anos, afirmaram fontes oficiais na terça-feira, o “maior pacote de ajuda militar que a América já alguma vez concedeu a outro país,” - Israel Hayom (Trad: Max Coutinho)
Qual o preço político deste pacote de ajuda militar? Porque já sabemos o seu preço militar:
Ao abrigo deste acordo, a capacidade de Israel de canalizar alguns dos fundos para indústrias militares locais seria diminuída gradualmente ao longo de um período de cinco anos, exigindo-se eventualmente que todos os fundos sejam gastos nas indústrias militares americanas. Israel tem-se debatido por manter os gastos desses fundos na indústria doméstica.
Aparentemente, o novo acordo também elimina a capacidade de Israel para gastar uma fracção dos fundos em combustível para as suas forças militares. - idem
Não tenho a certeza de que Israel deva continuar a assinar este tipo de acordo com os Estados Unidos da América. Ao invés, o governo do Estado Judaico deveria buscar ter a capacidade para financiar os seus próprios programas militares de modo a evitar a chantagem política que temos vindo a assistir desde a década de 1970.
Depois de passar o cheque no valor de 38 mil milhões, o Departamento de Estado americano sente-se agora mais poderoso:
- Israel terá mais dificuldades em proceder com qualquer plano de anexação da Samaria e Judeia
- A América irá continuar a repetir o mesmo mantra de sempre “os colonatos são ilegais segundo a lei internacional (ainda que não sejam) e são um obstáculo para o processo de paz (embora essa não seja a questão principal)
- A América continua a manter Israel preso pelos testículos – perdoem-me a expressão
- Israel colocou mais um par de grilhões no seu pé esquerdo
- América garantiu que Israel se comportará como deve de ser nos próximos 10 anos, dando-se tempo suficiente para pensar no que irá fazer a seguir (no caso de se dar uma mudança extraordinária no Médio Oriente, na próxima década)
- Israel ilude-se ao pensar que este pacote de ajuda “envia uma mensagem forte de deterrência aos nossos inimigos”...o Irão já recebeu $33 mil milhões em notas dos EUA, somente este ano.
Estes pacotes de ajuda governamentais não são gratuitos. Nem são baratos. Logo, Israel continua a colocar a sua independência política em risco – a não ser que...esteja a fazê-lo para ganhar tempo.
Os Estados Unidos têm acompanhado as reuniões de Israel com o Presidente russo, com o Presidente chinês; a reaproximação entre Israel e os países africanos, a Arábia Saudita e o Egipto; o convite para uma visita oficial por parte da Austrália (i.e. Pela primeira vez um PM israelita irá visitar o país no próximo ano) – por outras palavras, o perfil de Israel está a valorizar. Esta valorização vai, de um certo modo, contra a doutrina de Henry Kissinger de 1975 em relação ao Estado Judaico – logo, a América poderá ter pedido a Bibi Netanyahu que oferecesse garantias de que Israel não pensa em se distanciar do seu “melhor amigo” e trabalhar contra os interesses americanos na busca pela expansão da sua influência mundial. A resposta? Um pacote de ajuda militar.
O período de 10 anos é digno de nota. Os Rabinos anunciaram que o Mashiach já cá está – ainda que não se tenha esclarecido bem se isto significa que a mãe já estará grávida ou se ele já nasceu. Diz-se que após o nascimento do bébé haverá um período de 7 anos em que haveriam conflitos que resultariam numa profunda mudança na ordem mundial. Contudo, há um detalhe interessante a levar em consideração: quando o Mashiach for revelado, temos a certeza de que a América continuará a conseguir manter Israel sob controle? O apaziguamento do mundo em relação ao assunto palestiniano ex-nihilo já nos mostrou que Pacta Non Sunt Semper Servanda. No devido tempo, dar-se-á início ao processo de rectificação.
Conclusão
Embora eu não seja a favor de que Israel receba pacotes de ajuda da América – porque sei o que se exige – não estou em pânico porque sei que nada poderá interferir com o que irá acontecer.
Os lobistas judaicos pró-Israel da América olham para este acordo como um sinal de boas relações entre Israel e os EUA. Os lobistas judaicos anti-Israel da América olham para este acordo como um sinal de que o Departamento de Estado continuará a manter Israel amarrado com rédea curta. Eu olho para tudo isto e vejo estratégia. Também vejo uma grande oportunidade para change we can believe in.
(Imagem: F-35 - Yissachar Ruas)
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