Segurança Interna: Parte II

Soldado Deitado de Lászlo Mednyánszky


O autor do ataque terrorista, em Oslo (no dia 22 de Julho de 2011) foi Anders Breivik, que afirmou ter agido para acabar com a islamização da Europa Ocidental, culpando o governo (e as suas políticas liberais de imigração) pelo fenómeno.
Para este efeito, o jovem criou companhias-fantasma agrícolas para que pudesse comprar fertlizante em quantidades suficientes, sem que por isso levantasse suspeitas. Tendo em conta que o fertilizante é um ingrediente utilizado para fazer bombas (razão pela qual Israel não permite a entrada deste componente em Gaza, através das suas fronteiras), o jovem Breivik entrou de imediato para a lista de alerta das forças de segurança. Mas foi levada a cabo alguma investigação? Não. Porquê? Talvez porque não fosse Muçulmano.

Os ataques de Oslo levantam algumas questões pertinentes: terá Anders trabalhado mesmo sozinho; irão os seus actos inspirar outros terroristas da extrema-direita; estará o movimento neo-nazi Sueco envolvido ou não (mesmo que não o pareça); será que células de um único homem serão a nova tendência no terrorismo?

Os grupos de extrema-direita são perigosos.
Geralmente começam por ter como alvo um único grupo religioso-cultural (neste caso, parecem querer atingir os Muçulmanos) mas quando começarem a ter fome por mais, poderão partir para outros conjuntos (seguindo o presente contexto, poderíamos dizer que depois do Muçulmanos, iriam atrás dos Judeus [o velho cliché da extrema-direita], os pretos; depois os ciganos; os Católicos; depois os Hindus, Budistas, gays...e talvez até bruxas...).

Agora, por que é que Anders Breivik atacou um grupo de jovens Noruegueses que simplesmente exerciam o seu direito democrático de se reunir e partilhar ideias políticas? Muitos analistas dizem que o acampamento político foi considerado, por Breivik, como um ninho socialista e, por isso, um ninho do multi-culturalismo marxista - na sua cabeça, tratou-se de um ataque preventivo para assegurar o futuro. Mas eu gostaria de ir mais longe...
As palavras-chave "Muçulmano" e "multi-culturalismo marxista" são propagandistas e servem para distrair.
Não há coincidências. Os ataques que levaram à disseminação da mensagem de Breivik (i.e. causaram a exposição imediata do seu Manifesto. A media espalhou de forma rápida mensagens da Extrema-Direita pelo mundo inteiro; exalando, assim, o sopro do radicalismo para as narinas dos adeptos dormentes da extrema-direita) ocorreram num timing impecável: crise económica e social; grandes ondas de imigração, fatiga provocada pelo Islamismo; e o curto período de tempo desde que a chanceler Angela Merkel e o PM David Cameron proclamaram o falhanço do multi-culturalismo. 

A declaração de missão de Anders Breivik incluía a obliteração de políticos de Esquerda, responsáveis pelo "multi-culturalismo marxista na Europa"; mas jamais poderemos ter a certeza das suas palavras, porque a extrema-direita também não é exactamente fã da direita, uma vez que a considera demasiado liberal (os fascistas fazem pouco da liberdade individual e da liberdade de expressão). Por isso, pergunto-me: o que aconteceria quando os fascistas se apercebessem de que afinal não restavam tantos marxistas assim para "limpar"? Estariam outras ideologias políticas a salvo? Não. O autoritarismo renasceria e a democracia seria de novo assassinada.

A Segurança Interna Europeia não se pode dar ao luxo de passar pelas brasas, não em tempos de dificuldades económicas. Ela deve acordar e permanecer em constante alerta. Ameaças de qualquer quandrante devem ser profundamente analisadas e confrontadas para que os que sonham em ser Hitler não tragam de volta as trevas da História Europeia.

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