Babush, Jeroen Dijsselbloem, e As Mentiras dos Outros


De que hoje em dia, a política seja composta por gente temperamental e de costumes feridos de imbecilidade, não constitui nenhuma novidade; mas quando esses políticos nos querem enfiar goela abaixo a sua noção de virgindade comportamental, é o mesmo que escarnecer sobre o que resta da deontologia política. Vem isto a propósito da excessiva reacção exibida por António Costa, chefe da claque radical, quando em Bruxelas numa reunião do Euro-grupo, o schmuck do ministro das finanças holandês – a propósito dos fundos para os países do sul da Europa - fez uma comparação infeliz ao vocalizar uma estupidez do tipo “I can’t spend all my money on women and drink and then at the end ask for your help,” (Jeoren Dijsselbloem).

Concordemos o seguinte: os turistas do norte quando vêm a Portugal, e Espanha, gozar as suas férias ficam estupefactos com a quantidade de gente que pulula os bares,  divertindo-se à brava, tendo em conta os índices de desemprego principalmente na camada jovem. Então, depreendem que os governantes dos países do sul, para se manterem no poder, deverão supostamente fazer uso dos Fundos Europeus Estruturais (FEE) para abusivamente distribuir legal e ilegalmente subsídios de toda a ordem aos seus cidadãos que, naturalmente, perante um filão tão infindável, só buscarão trabalho quando melhor lhes aprouver, ou quando for preciso ir apresentar-se ao centro de emprego: que vida mansa..!

O Dijsselbloem, fazendo jus aos políticos da actualidade, exibiu grosseiramente a sua falta de sofisticação cultural sobre o sul, ao imprudentemente ignorar o ditado “quem não se sente, não é filho de boa gente”. Ora, os Portugueses e espanhóis apreciam verdadeiramente estoirar o seu quinhão em mulheres, copos e touradas, conquanto não admitem que este assunto de “saias, bebedeiras e sangue” lhe seja apontado por estranhos como se de uma inferioridade cultural se tratasse; portanto quando um maricón vindo lá donde ele venha se mete à besta ferindo as susceptibilidades do macho latino, o ditado é aplicado ipsis verbis; daí a ira de Babush contra o conard holandês.

António Costa, todos sabemos que a sua ira não se deveu a um mero detalhe de meretrizes, álcool e violação de regras, mas sim no formato do aviso vindo de um camarada de armas, no qual ele fez notar que embora seja socialista, não iria pactuar com o desbaratamento dos FEE na compra de votos para preservar o poder e prosseguir com políticas baseadas na superficialidade.

Bem sei que se levantaram vozes desde a direita até a esquerda clamando que o senhor Dijsselbloem é racista (não sei como se na sua frase não se referiu a gitanos nem a monhés); o homenzinho foi ainda acusado de xenofobia, não sei como (se dentro da UE somos todos europeus) a não ser que me digam que existem umas cláusulas que leiam que os países do sul são inferiores por terem número significativo de judeus, pretos e católicos – já que os mouros estão novamente na berra. Pronto, quanto a mim o Mário Centeno fez bem furtar-se do encontro com o ministro das finanças holandês, porque quem tem telhados de vidro deve escusar-se à sobre-exposição.

António Costa anda armado em policy-maker ao pedir a cabeça do Dijsselbloem para que se nomeie para a sua posição o ministro das finanças de España: balelas, se realmente quisesse mostrar indignação em relação ao ministro das finanças holandês, tudo o que tinha a fazer era mandar o seu ministro dos Negócios Estrangeiros à Holanda e exigir um pedido de desculpas formal pelo comportamento do seu representante em Bruxelas; mas não, preferiu vir a praça pública e botar aquela falação como se estivesse num reality show. 

De qualquer modo, acho que António Costa não tem moral nem espaço de manobra para exigir a demissão de Dijsselbloem porque o seu próprio ministro das finanças, Mário Centeno, mentiu descaradamente numa comissão parlamentar acerca do affair que congeminou com o senhor Domingues, quando este foi indigitado para gerir a Caixa Geral de Depósitos e, apesar dos pesares, o chefe da claque radical recusou-se a demiti-lo: dois pesos e duas medidas...ó Babush se lata matasse...

Até para a semana

(Imagem: António Costa [Esq] e Jeroen Dijsselbloem [Dta])

[As opiniões expressadas nesta publicação são somente aquelas do(s) autor(es) e não reflectem necessariamente o ponto de vista do Dissecting Society (Grupo ao qual o Etnias pertence)]

Comentários

  1. Não vi nada de racista no comentário infeliz do holandês!

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    1. Olá, Anónimo!
      Os políticos estão habituados a mentir, veja o pavoroso espectáculo no hemiciclo de S. Bento: uma vergonha!

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  2. Olá Lenny,

    Tal como o Anónimo, eu também não interpretei as palavras do Sr Dijsselbloem como sendo racistas, sexistas e muito menos xenófobas. Acho que os políticos brincam demasiadamente com estas palavras e, francamente, já me cansam.

    O senhor deu um exemplo concreto, ponto final. Daqui a pouco já não se pode dizer mesmo nada. Teremos de comunicar através de sinais gestuais e mesmo assim não sei se não haverá alguém que se ofenderá com a linguagem. Enfim...

    Mais uma táctica para nos fazer esquecer o caso Centeno, a Operação Marquês, a CGD, O BES e a sua lavandaria de dinheiro, o Angolan Connection etc etc...

    Beijocas

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    1. Olá, Max!
      Para começar, os políticos portugueses não sabem interpretar o que lêm nem o que ouvem, depois são quase todos mentirosos e insidiosos.
      Manobras de diversão do mano do Carlitos e a direita caiu direitinho: idiotas...

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  3. Portugal tem tantos problemas que nem acredito que o mano costa esteja preocupado com este tipo holandês. A imagem de país de bons costumes caiu por terra, e hoje portugal é o saco azul dos angolanos! Pergunto-te de novo, lenny: o moçambique não está envolvido nisso tudo?

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    1. Olá, Carlitos!
      O teu mano Costa sabe muito mas anda a pé, as far as I'm concern; got it?
      O Portugal é um saco-azul de angolanos, dos amigos libanezes de lobistas portugueses, dos testas de ferro de toda a sorte, de corruptos das forças policiais; de moçambicanos discretos que ajem na calada do tempo.
      Claro que Moçambique está envolvido nisto tudo, pois eles pela quantidade de angolanos a fugir para Moza, os indígenas tornar-se-ão testas de ferro dos visitantes "nada malandros": tira as tuas ilações, meu lindo.

      Aquele abraço, resistente de Moza

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