O povo Curdo tem direito à auto-determinação. É incompreensível que o mundo não tenha reconhecido este direito, especialmente quando são tão rápidos a reconhecer os direitos de um povo ex-nihilo que não têm ligações históricas à terra, nem uma língua, cultura ou identidade nacionais (estou a falar do tal povo ‘Palestiniano’). É chegada a hora de começar a trabalhar para o re-estabelecimento do Estado Curdo – o 194º país representado na ONU.
O Curdistão, composto por vários Emirados, foi dividido pela primeira vez no século XVI (mais precisamente em 1555) quando os impérios otomano e safavid o dividiram entre si. Depois foi de novo dividido pelas Forças Aliadas, após a queda do Império Otomano para se criar um Curdistão mais pequeno. E finalmente, a ideia de um Curdistão mais pequeno foi largada pelas Forças Aliadas e pelo moderno estado da Turquia em 1923. Desde então, ninguém – absolutamente ninguém – fez o quer que seja para reparar esta injustiça territorial e histórica e, logo, condenaram um Povo inteiro à submissão, ao mesmo tempo que a comunidade internacional inteira inventou um Novo Povo cujos direitos seriam defendidos com unhas e dentes durante 54 anos.
Os Tratados que Traíram o Povo Curdo
O mundo é muito bom a traçar tratados, pois caem sempre na armadilha diplomática de “um mau acordo é sempre melhor que nenhum acordo”. Um mau acordo, geralmente é assinado para apaziguar uma das partes, é sempre mau e jamais deveria ser fechado por comporta sempre resultados devastadores conforme a história já nos mostrou vezes e vezes sem conta (e.g. Acordo Sykes-Picot, Acordo de Munique, o Acordo de Paz Egípcio-Israelita, os Acordos de Oslo, o Acordo Iraniano etc).
O Tratado de Zuhab
Foi assinado no dia 17 de Maio de 1639 para cimentar o acordo previamente assinado em 1555. O império otomano e o império safavid assinaram-no para pôr fim a um conflito de 150 anos entre os dois; e consequentemente, o Curdistão foi dividido entre os dois reinos – este acordo estabeleceu os alicerces para a futura fractura do Curdistão.
O Tratado de Sèvres
Foi assinado no dia 10 de Agosto de 1920. Este tratado teve como intenção o desmembramento do império otomano e a divisão do espólio entre as forças aliadas (império britânico, França, o Reino de Itália, o Reino da Grécia, o Império do Japão e outros). Este acordo previa a criação de um pequeno estado curdo (naquilo que hoje é o Curdistão-turco), contudo, o povo curdo não conseguiu chegar a acordo sobre as fronteiras futuras do seu estado (que excluia o Curdistão Sírio, Iraniano e Iraquiano) e logo à medida que a falta de Unidade Curda procedia o Tratado de Sèvres foi abandonado e nada se concretizou.
Os Curdos não aprenderam nada da história da humanidade: Et Pluribus Unum é uma declaração muito poderosa. Sempre que o Povo de Israel se desuniu ele foi conquistado e subjugado por outros Povos; quando uniram tornaram-se invencíveis e conseguiram ter um Estado em 1948.
O Tratado de Lausanne
Foi assinado no dia 24 de Julho de 1923 para finalmente fazer a paz após o acordo de Sèvres ter colapsado. Este tratado estabeleceu o moderno Estado Turco, querendo isto dizer que o território que era suposto ter sido alocado ao Curdistão foi absorvido pelo estado Turco. Os restantes territórios curdos foram concedidos aos Mandatos Franceses and Britânicos. E isto marcou o início da luta centenária pela auto-determinação curda.
A Nova Batalha pela Independência
Foi reportado que, em 2010, o Conselho de Inteligência Nacional Americano produziu um relatório no qual previu o estabelecimento de um Estado Curdo até 2030 se o Iraque e a Síria sofressem uma fragmentação severa. Aparentemente, estavam certos se pensarmos que o Curdistão iraquiano goza de maior autonomia e o Curdistão sírio está a caminho de gozar o mesmo privilégio depois de ter feito um pacto com Al-Assad para combater o ISIS (ainda que agora não saibamos como é tudo ficará uma vez que Assad está cada vez mais enterrado sob o polegar do Irão, que não tem interesse nenhum em desistir do seu território curdo).
Se é para o Curdistão ser um estado independente até 2030, então a turquia tem de ser incluída nos planos. Os turcos também devem sofrer uma fragmentação severa e, com o Erdogan no poder, este é o momento perfeito para iniciar o plano. O Conselho de Inteligência Nacional americano também previu que a Turquia teria uma maior influência nos Assuntos Globais: mais uma vez estavam certíssimos. De facto, a Turquia está par tout (como dizem os franceses) o que significa que estão a dar um passo maior que a perna, o que nos apresenta a oportunidade perfeita para atacar um dos seus flancos mais vulneráveis.
Chegou a hora de fazer justiça. O povo Curdo, que tem um língua, cultura e identidade distintas, merece ter o seu país de volta. Irá causar tumulto na região? Claro, mas isso faz parte; só que o tumulto pode ocorrer de forma diferente e de um modo mais inteligente. Ajudamos.
(Imagem: o Grande Curdistão[Ed] - Google Imagens)
Olá, Max!
ResponderEliminarA letargia faz isso aos povos: ficam aparvalhados sem saber o que fazer das suas vidas; e reclamar o que é seu por direito natural e histórico parece impossível e até mal.
Bom trabalho, boss
Max, uma vez li que a Turquia não iria aceitar um estado turco e que iria às armas caso isso acontecesse.
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