Marine Le Pen Quer Começar Uma Guerra Civil em França?


Este blogue já havia avisado acerca do perigo de apoiar o Front National em França. Nas últimas eleições, locais e regionais, o partido da extrema-direita tem conquistado terreno e toda a gente foi enganada pela mudança de retórica da liderança do partido. Há uns anos atrás discutimos os perigos de apoiar este tipo de partidos (in Génio da Destruição: a Extrema Direita), independentemente das vantagens estratégicas que fazê-lo pudesse proporcionar, e na semana passada ficou provado que mais uma vez estávamos correctos.

Marine Le Pen defendeu a proibição dos Kipot:
(..) Em nome da igualdade temos de fazê-lo. Não podemos somente banir o vestuário muçulmano porque senão vão dizer que odiamos os muçulmanos. - Marine Le Pen
Mas é verdade, vocês odeiam os muçulmanos. Há muito que a França tem um problema com os muçulmanos, desde que adquiriram colónias no Norte de África; um problema que se intensificou depois do período da independência. Não obstante, comparar um Kipá com uma Burqa ou um Niqab é a coisa mais imbecil de se fazer.

A proibição das burqas e niqabs é justificado porque escondem a identidade (e o género) da pessoa que os enverga – logo, representam uma ameaça à segurança da nossa sociedade. A proibição dos Kipot não é justificada porque eles não escondem a identidade dos homens que os usam – logo, não são uma ameaça à segurança de qualquer sociedade.

O timing das declarações de Marine Le Pen é interessante: ela decidiu anunciar as suas intenções durante o feriado do Sukkot (uma festividade judaica que celebra os 40 anos que os Judeus viveram em tendas, no deserto, a caminho da Terra Prometida). Os judeus de direita que votaram nesta mulher (não só porque estavam zangados com o Nicolas Sarkozy mas também porque Marine disse todas as coisas certas acerca do agressor muçulmano) devem estar arrependidos neste momento.
Words are meaningless and forgettable – Depeche Mode, Enjoy the Silence
Os seres humanos adoram ser enganados. Se um político é honesto, directo, com eles então o indivíduo é vulgar, louco, maluco, indigno, de mau gosto, inepto. Mas quando os políticos são um lobo com pele de cordeiro, então as suas futuras vítimas rendem-se a eles. A Sra Le Pen mudou de táctica e decidiu parecer mais moderada (mais um termo enganador) que o seu pai, por isso muitos se deixaram encantar pela mudança; mas a verdade é que se ela foi criada por aquele homem detestável e decidiu gerir o mesmo partido que ele, como é que alguém pôde acreditar que ele iria mudar o quer que fosse?

A Sra Marine disse o que as pessoas queriam ouvir acerca do Islão. Está na hora do eleitorado ser menos reactivo e começar a usar o cérebro – o axioma do Twin Peaks “os mochos não são o que parecem ser” é bem verdadeiro. Temos de nos esforçar por analisar a fundo as palavras que são ditas, a linguagem corporal dos oradores, a história do partido, e as nuances (especialmente estas) e chegar a uma conclusão. Le Pen disse o que as pessoas queriam ouvir acerca do Islão e depois prosseguiu para o Judaísmo. E como a Frente Nacional é anti-religião, os Católicos e outros Cristãos serão as próximas vítimas. Trata-se aqui de uma futura violação das liberdades religiosas.

Separar o Joio do Trigo

As mulheres muçulmanas têm o direito de usar o hijab – assim poderão manter a sua modéstia ao mesmo tempo que se assegura a nossa segurança nacional. Elas não podem usar burqas nem niqabs porque ambos representam uma ameaça para nós (mas se elas insistirem em usá-los, poderão sempre sair dos nossos países e mudarem-se para as nações islâmicas onde tais peças de vestuário são tradicionais).

Os homens judeus têm o direito de usar o seu Kipá. As mulheres judias têm o direito de usar o seu lenço e o escudo de David. Eles não ameaçam a vida dos franceses e não colocam a sociedade secular francesa em perigo.

Os homens e mulheres católicos têm todo o direito de usar cruzes – o mesmo se aplica a outros Cristãos. Em nada representam uma ameaça ao estado francês.

A religião per se não é uma ameaça, mas as suas formas radicais violentas são – e é isto que precisamos de evidenciar e combater. Por isso, o que vem a seguir? Que mais irá a França proibir?

Se Nicolas Sarkozy se candidatar às presidenciais: votem nele

Se os inimigos do Sr Sarkozy não conseguirem mastigá-lo, este blogue irá apoiá-lo em 2017. Nicolas Sarkozy tem a coragem de criticar tudo aquilo que está mal com o Islão, não tem medo de chamar as coisas pelos nomes, e é um político razoável. Sarkozy não é como Marine Le Pen: ele não gere, ou apoia, uma milícia da extrema-direita (que treina em determinadas propriedades em França) que vê a milícia judaica como a concorrência que deve ser eliminada.

O Islão Radical é uma das principais ameaças à Segurança Nacional e Regional da Europa. É um facto, e contra factos não há argumentos. Mas proibir em absoluto todas as formas de expressão religiosa, ao invés de banir somente as que são uma ameaça, é contraproducente e só irá incitar a mais ódio.

Estará a Marine Le Pen a tentar começar uma Guerra Civil em França...?


(Imagem: Marine Le Pen - Google Imagens)

[As opiniões expressadas nesta publicação são somente aquelas do(s) autor(es) e não reflectem necessariamente o ponto de vista do Dissecting Society (Grupo ao qual o Etnias pertence)]

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