Reflectindo no Brexit: Anjos da Guarda Cantaram 'Rule Britannia!'


A Britânia votou para sair da União Europeia. O mundo agora finge estar chocado, como se o aviso não tivesse sido dado e a UE age como se não tivesse agora numa posição de fraqueza (i.e. os Eurocratas, na sua arrogância que esconde medo, agora exigem que o Reino Unido deixe a união o mais depressa possível). Neste post, lerão as minhas observações acerca deste momento verdadeiramente histórico.

When Britain first, at Heaven's command
Arose from out the azure main;
This was the charter of the land,
And guardian angels sang this strain:
"Rule, Britannia! rule the waves:
"Britons never will be slaves."

Observação #1

No mesmo dia que a Britânia votou para re-adquirir a sua soberania, o Parlamento Europeu recebeu o Presidente Mahmoud Abbas que, perante os olhos dos Euro-Deputados, activou células da OLP na Europa. O líder palestiniano repetiu as mesmíssimas palavras que tem espalhado pelo mundo afora desde que a “terceira intifada” começou, em Outubro de 2015 – o que não é uma coincidência. No Parlamento Europeu, foram cuidadosamente empregadas as mesmas palavras-chave, no mesmo tom aborrecido. Qualquer analista de contra-terrorismo sabe que este conjunto de circunstâncias tem um significado específico e faz as devidas correlações.

Still more majestic shalt thou rise,
More dreadful, from each foreign stroke;
As the loud blast that tears the skies,
Serves but to root thy native oak.
"Rule, Britannia! rule the waves:
"Britons never will be slaves."

Observação #2

A explicação mais triste para o Brexit foi que foram os “pobres, os idosos e as pessoas com menos instrução” que votaram para sair enquanto que os jovens, urbanos, os mais abastados e instruídos votaram para ficar – o que é que há de errado com esta análise?
  1. É um pensamento imaturo e arrogante porque dá a impressão de que o voto do pobre, do idoso e do menos instruído conta menos que o dos outros. 
  2. As mesmas pessoas que fizeram e repetem esta análise são provavelmente as mesmas que usam os pobres, os idosos e os menos instruídos para os seus propósitos políticos quando lhes convém (e agora estão desapontados e temem que não os possam vir a usar mais no futuro). 
  3. O Reino Unido não é a América nem a Europa continental. As pessoas que vivem no campo britânico são os mais ricos, os mais instruídos, os reprodutores (i.e. os que fazem mais filhos) e os patriotas. Sim, o campo também tem pobres e pessoas com menor grau de instrução (ainda que o grau de instrução seja relativo quando hoje temos jovens com canudo[s] que são mais burros e incultos que um agricultor pobre asiático que jamais pôs o pé na escola) mas as áreas urbanas têm mais; por isso, seria interessante saber quem é este grupinho de ignorantes que anda a disseminar, a engolir e a repetir tais falácias. 
Também li algures que os tais “Milenares” estão a acusar os Baby Boomers de terem arruinado a sua vida. Bem, os tais Milenares são um bando de meninos mimados que foram ensinados pelo Ensino Público que têm toda a sorte de direitos e nenhuns deveres; que o Estado é o seu deus, enquanto que os pais são unicamente um instrumento de sobrevivência (i.e. os provedores de um tecto, de carro, de serviços de lavandaria, de refeições grátis até ao dia que decidam sair de casa, jamais visitar os pais e culpá-los pela sua superficialidade e más decisões para o resto da sua vida); logo, eu diria que os Baby Boomers não arruinaram a vida deles, mas salvaram-nos deles mesmos.

To thee belongs the rural reign;
Thy cities shall with commerce shine:
All thine shall be the subject main,
And every shore it circles thine.
"Rule, Britannia! rule the waves:
"Britons never will be slaves."

Observação #3

Quando um Primeiro Ministro anuncia que deixará a cargo do povo a tomada de decisão acerca de um assunto de importância capital – que ou ameaça ou fortalece a soberania da sua nação – ele não deve tomar partidos. Ele deve colocar-se de lado, e permitir que todos os campos envolvidos batalhem pelos votos. Aquele que propõe o referendo deve permanecer neutro, especialmente quando ele é o líder de uma nação inteira (tanto dos que são contra como a favor).

O PM Cameron fez uma promessa eleitoral e cumpriu-a: o britânicos puderam tomar uma decisão para reconquistar a sua soberania. Contudo, o David Cameron tomou a decisão a errada: tomou partidos. Logo, por mais descontente que esteja por vê-lo partir (já que foi um bom premier no altura em que a Britânia precisava de um bom líder), compreendo a sua decisão visto que perdeu a credibilidade enquanto chefe de estado. Que ele aprenda com os seus erros.

Observação #4

A Sua Majestade, a Rainha, tem poder. Diz-se que a Rainha Elizabeth II é apolítica, mas a verdade é que ela veio em socorro do seu Reino. Tudo o que bastou foi a Media publicar que a Rainha havia pedido a convidados que lhe dessem três boas razões para que a Britânia ficasse na União Europeia, quando parecia que a morte da falecida Deputada Jo Cox estava a fortalecer o campo “Ficar”.

A Rainha, e o futuro Rei, deveriam deixar de ser apolíticos. Estão no seu devido direito de tomar conta da Britânia, de velar pelos interesses britânicos, e partilhar a sua opinião acerca das coisas. Estamos numa nova era. Nova mas Velha: a sociedade está gradualmente a rejeitar o conceito de democracia liberal e estamos a ver cada vez mais comportamentos monárquicos mesmo dentro das próprias democracias. Logo, Sua Majestade deveria dar o exemplo porque, até agora, ela é o melhor exemplo de uma Monarquia como deve de ser (apesar de tudo).

Observação #5

O Brexit foi um aviso aos não-eleitos. As pessoas não mais aceitarão decisões tomadas por burocratas que não foram por si eleitos. Os não-eleitos já tiveram poder por demasiado tempo (não só na Europa como também noutros lugares – e.g. Departamento de Estado, nos EUA) e só souberam abusar desse mesmo poder. Foram avisados. Ou mudam ou a mudança produzir-se-á por si.

Thee haughty tyrants ne'er shall tame:
All their attempts to bend thee down,
Will but arouse thy generous flame;
But work their woe, and thy renown.
"Rule, Britannia! rule the waves:
"Britons never will be slaves."


(NB: os versos neste post são citações do Rule Britannia)


[As opiniões expressadas nesta publicação são somente aquelas do(s) autor(es) e não reflectem necessariamente o ponto de vista do Dissecting Society (Grupo ao qual o Etnias pertence)]

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