Médio Oriente: Parem de Culpar o Presidente dos EUA, o Culpado É Outro


Todo o presidente americano é responsabilizado pela situação no Médio Oriente por muitos (se não pela maioria) à volta do mundo. Tal acusação é não só injusta como factualmente incorrecta, porque quando a mesma política é levada a cabo por administrações diferentes com diferentes ideologias e posturas, então o problema não está na Casa Branca mas sim no lugar responsável pela Política Externa Americana: o Departamento de Estado.

O Governo não-Eleito
Presidentes vão e vêm; mas existem elementos poderosos dentro do Departamento de Estado que ali permanecem a ditar o destino internacional há anos. Estes indivíduos não foram eleitos pelo povo e, no entanto, parecem ter mais poder que aqueles que despendem milhões de dólares para serem escolhidos pelos eleitores americanos. Este facto é perturbante mas ao mesmo tempo apresenta uma oportunidade.

Após a queda do Império Otomano, o Médio Oriente foi perturbado pelas potências ocidentais – nomeadamente o Reino Unido e a França – que dividiram a região de acordo com os seus próprios interesses e num absoluto desrespeito pelas tribos locais (por outras palavras, dividindo famílias inteiras). Para além do mais, estas potências quando buscaram emendar os seus erros violaram acordos internacionais ao conceder ilegalmente território judaico aos seus parceiros árabes – montando, deste modo, o palco para décadas e décadas de conflito.
E depois veio o Henry Kissinger, em 1975, em nome do Departamento de Estado. Os Estados Unidos da América decidiram esfarelar a influência Britânica e Francesa na região; e uma das primeiras medidas foi o estabelecimento de uma aliança a longo prazo com o Árabes afim de reduzir Israel para proporções históricas:

"Não precisamos de Israel para ter influência no mundo árabe. Pelo contrário, Israel prejudica-nos mais do que nos beneficia no mundo árabe. (...) Não podemos negociar a existência de Israel, mas podemos reduzir o seu tamanho para proporções históricas." - Henry Kissinger

Foi aqui que se deu início à deterioração do Médio Oriente.
Mas tiremos um minuto para ponderar nisto: a América pode reduzir o tamanho de Israel para proporções históricas. Assim pensava pensa o Departamento de Estado.

Os indivíduos não-eleitos, no edifício de política externa americana, querem ditar o destino de Israel e do Líbano (NB: o que é interessante acerca da minuta de 1975 é que ela parece sugerir que os EUA contribuíram para as ascensão do Hezbollah de modo a diminuir o poder da comunidade Cristã libanesa, tudo para quebrar uma aliança e enfraquecer a influência de Israel na região) e para esse efeito têm estado dispostos a minar os esforços de cada presidente eleito de modo a concretizarem o seu plano insidioso.

Os Eleitos
Muitos estão a contar os dias até à saída do presidente Obama, já que de momento ele é a “face do mal”; mas dado o historial americano, deveríamos apostar que o próximo Presidente também vá ser manipulado de tal maneira que ele, ou ela, será a próxima “face do mal”.

Pergunta: porque é que nunca ninguém chamou ao presidente Clinton a “face do mal”? Será que é porque por acaso ele não tinha um nome estrangeiro?
Se olharmos bem para a sua política externa (PE), ele não só se desviou da responsabilidade de capturar o Osama Bin Laden (significando isto que o 11 de Setembro poderia ter sido evitado, e cerca de 3.000 vidas não teriam sido perdidas) como também forçou os Acordos de Oslo que não só encorajaram mais Terrorismo Árabe (já que o objectivo das Nações Árabes, desenhado por Abd al-Nasser e concretizado em Maio de 1964, era usar a então recém-criada questão palestiniana como instrumento para travar uma guerra de atrição contra Israel) como também colocaram em marcha o plano de 1975 para reduzir o território israelita para “proporções históricas”. Por isso, porque é que Bill Clinton sai ileso de uma PE tão lesiva?
E agora que o lado árabe rejeitou os Acordos de Oslo, os tais não-eleitos estão a fingir que não ouviram porque tal rejeição vai contra as suas políticas obsoletas; e o Presidente eleito que se encontra numa posição débil simplesmente faz o jogo deles (por motivos de force majeure).

Não à Histeria Colectiva
Por isso, não contem comigo. Não irei chamar nomes ao Presidente Obama, ao Presidente Bush, ao Presidente Clinton, e ao Presidente Bush porque, no que me diz respeito, o Médio Oriente (MO) está ainda pior do que inicialmente porque o Departamento de Estado americano decidiu, há 40 anos atrás, fazer um jogo perigoso que somente serve os interesses dos elementos não-eleitos que ali se sentam (sim, porque de acordo com inquéritos feitos os eleitores não apoiam as suas políticas para o MO nem a sua posição no que toca a Israel, à Síria e etc).

Rejeitando a Mudança
Poder-se-ia argumentar que o departamento de estado americano não sabia melhor em 1975; que aquela era a única forma que sabia fazer política na altura; e de facto, é um argumento válido. Contudo, quando em 2015 esse mesmo departamento se recusa a mudar e continua a fazer as mesmas políticas falhadas que só trouxeram problemas aos EUA; temos de nos questionar se não terá chegado o momento de confrontar os oficiais não-eleitos e os interesses obscuros que eles parecem servir.

Nenhum Governo Sombra nefasto dura para sempre.

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