O Primeiro Ministro da Índia, Narendra Modi, é o exemplo de como um líder forte pode provocar uma mudança tangível tanto no seu país como na sua região.
Há dois anos atrás, escrevemos “A Índia tem vindo a posicionar-se para pertencer à Primeira Liga Política Asiática, há já algum tempo; mas, corre o risco de não atingir os seus objectivos se não melhorar a estratégia do seu jogo...” (aqui) só que o novo governo melhorou a sua estratégia, e a Índia vê-se mais perto do topo.
Em 2013, houve um conflito passivo entre a Índia e a China (chamado o incidente de Daulat Beg Oldi), onde a China invadiu o espaço aéreo e colocou tropas em território indiano.
Em 2014, após um mandato conferido a um governo de direita, a China parece ter desistido da política do poder e já se conformou com o facto inegável de que a Índia é uma força que impõe respeito.
Este país está-se a modernizar. Este país está a tornar-se uma potência militar. A Índia está a formar uma base de alianças asiáticas (e.g. Japão, Coreia do Sul, Filipinas, Vietnam, Malásia e Singapura) que juntos podem desafiar a China; está a tentar chegar a um compromisso com o Paquistão; está a preparar a primeira visita, em toda a história, de um PM indiano a Israel; e está mais próximo dos Estados Unidos da América.
A percepção generalizada é de que a Índia não deseja ser usada como um instrumento contra os desafiadores da América, mas e se a Índia se tiver apercebido de que uma associação com os Americanos poderá na verdade servir os seus próprios interesses? Tal como Maged Farag, um historiador egípcio disse “Não existem tais coisas como inimizade eterna (...). Só existem eternos interesses”.
Segundo Nitin Gokhale, quando o Presidente Obama visitou a Índia – no princípio deste ano – os alarmes soaram em Beijing; e de repente o Dragão Vermelho viu-se disposto a discutir a “resolução da sua contestada fronteira de 4.057 km com a Índia” e a começar a resolver um conflito de 60 anos.
Sob a liderança do PM Modi, pode inferir-se que a Índia tem neste momento a coragem para usar “a confissão pública do medo chinês” em benefício próprio.
A China teme que os Estados Unidos possam atrair a Índia para a sua esfera de influência, empurrando assim o Dragão Vermelho para um maior apoio do Paquistão – algo extremamente inconveniente de momento, dados os desafios colocados pelo Terrorismo Islâmico em território chinês. Não obstante, é no interesse da Índia virar-se para os EUA (e outros países do ocidente) afim de obter a vantagem militar que necessita para atingir os objectivos regionais.
Por mais importante que a relação com a China seja (afinal, o Dragão Vermelho tem sido o seu principal parceiro comercial há muito tempo), a Índia não pode mais ignorar a agressão do Dragão no mar do sul da China e, não pode mais ignorar o apelo das nações ASEAN:
“'A Índia é um grande país e um país influente' [Ministro da Defesa de Singapura, Ng Eng Hen - ed.]. Uma presença mais alargada da Índia na região poderia servir de amparo às nações Asiáticas do Sudeste contra a China, um país que busca reclamar território da maior parte do Mar do Sul da China.” (fonte, em inglês)
O governo de PM Modi também não pode permitir que a China usurpe território rico em hidrato de metano, contribuindo assim para a rápida ascensão para a independência energética, e a subsequente obtenção de ainda mais poder – logo, atrasar este crescimento serve os interesses de todas as partes na região, e além.
A liderança chinesa tem essa noção, razão pela qual decidiu abordar a Índia de modo diferente afim de a desencorajar de apoiar os países com quem mantém disputas territoriais.
No seu primeiro ano no poder, o PM Modi já conseguiu fazer muita coisa (se pensarmos no tamanho e nos desafios do país que gere); por exemplo:
– a Missão Limpar a Índia ( Swachh Bharat Abhiyan)
– “Participação estrangeira na infraestrutura ferroviária, sem limite
– Aumento das aquisições de defesa: 36 jactos de combate Rafale comprados, encomendas feitas
– $140 mil milhões de gastos nas vias ferroviárias ao longo de 5 anos, incluíndo comboios de alta-velocidade
– Fim do impasse no sector de minas com a aprovação de novas leis para regular e desenvolver o sector
– Conclusão bem-sucedida de leilões no espectro das telecomunicações para o sector telemóvel e banda larga.
– Lançamento das iniciativas Make-in-India, Digital India e Skill India com ênfase na defesa e na electrónica, visando a criação de postos de trabalho
– Início do programa de desinvestimento no sector das empresas públicas
– Dissolução de vários grupos ministeriais para diminuir a burocracia morosa” (fonte, em inglês)
- Assinatura de um acordo histórico com o Bangladesh para trocar mais de 150 enclaves de terra, para simplicar a sua fronteira (um assunto que estava por resolver desde a independência).
[Um aparte: Políticos como Narendra Modi, e Barack Obama por exemplo, estão a aumentar a fasquia política: eles mostraram que, nos primeiros anos do mandato, é possível implementar muitas das promessas factíveis feitas durante a campanha eleitoral; fazendo, assim, pressão aos futuros candidatos no que toca às promessas irrealistas que fazem na caça ao voto.]
Antes de terminar, há uma assunto de importância capital que deveria ser stressado: a Índia deveria re-direccionar a sua atenção para as suas reservas de hidrato de metano, dada a sua voraz necessidade de energia. Não é segredo nenhum o que a Independência Energética pode fazer pelos países; logo, imaginem até onde a Índia poderia chegar se (ao mesmo tempo que procede com as reformas necessárias) investisse mais na exploração das suas reservas energéticas; desse modo poderia re-moldar a sua política externa sem ter de se preocupar com as susceptibilidades de países que representam um desafio tanto para a sua filosofia de vida, como para a sua segurança nacional. Não obstante, isto não será algo fácil de fazer, já que certos grupos (patrocinados por países que não têm qualquer interesse em ver a Índia independente em termos de energia) fariam qualquer coisa para minar o trabalho do PM Modi. Mas nada é impossível com um pouco de yoga política.
Em suma, a Índia está a subir, mas para chegar ao fim da meta precisará de: estabilidade económica e social (que implica mais reformas), poder militar (que implicará forjar sociedades com os EUA e a Europa, e aprofundar a aliança com Israel), independência energética e uma política externa mais corajosa (i.e. parar de fugir do seu destino hegemónico).
Olá, Max!
ResponderEliminarComo diz o manager do Marigold Hotel " No fim tudo estará bem e, se não estiver, é porque não é o fim!"
Por isso antecipo que tudo irá bem para a Índia, nação que ofereceu a minha família um dos bisavôs.
Bom trabalho e beijocas
Olá Lenny :D!
EliminarEsse filme é muito bom.
Ah, pois; a minha família também tem sangue indiano; mas também devem ser poucos os moçambicanos que não tenham sangue indiano.
Obrigada, Lenny, pelo teu comentário e gentileza :D.
Beijocas