Carta à China

Lisboa, 27 de Abril de 2008

Exmo governo da República Popular da China,

Tomei tempo para lhe endereçar esta missiva porque, apesar de todo o criticismo (bem merecido, se não se incomoda com a minha sinceridade) sou da opinião de que deveríamos reconhecer os aspectos culturais positivos herdados da China Imperial:
Gostaria de agradecer às famílias Chen, Yang, Wu, Wu/Hao e Sun pelos vários estilos de Tai Chi Chuan. E quando se fala de Tai Chi não se pode olvidar do Kung fu: que exercício de disciplina e resistência; adoro!
Também gostaria de agradecer a Confúcio pela sua imensa sabedoria e conhecimento. Os seu ensinamentos inspiraram muitos de nós a tornarmo-nos Homens de Ren (o sumário das virtudes humanas: lealdade, reciprocidade, sabedoria, coragem, rectidão, fidelidade), logo, melhores seres humanos.
Agradeço a Sun Tzu pelo seu fantástico trabalho intitulado “A Arte da Guerra” que nos ensina a lutar respeitando o inimigo, disciplina, honra e acima de tudo a lutar fazendo uso da razão.
Também agradeço à China Imperial for ter inventado a porcelana: que presente à humanidade! Não há nada como beber um óptimo chá numa óptima porcelana...c’est la petite mort!
Também foste o pai da massa...que delícia! Contudo devo ser honesta contigo e, dizer-te que os Italianos aperfeiçoaram o teu “bébé”.
Há tanta coisa que inventaste e partilhaste connosco, mas uma simples carta não chegaria para incluir tudo; mas mesmo assim gostaria de te agradecer por uma última coisa: a escova de dentes. Eu sei que deste lado se usava o dedo indicador para lavar os dentes, e os povos indígenas usavam ou a Mulala (um ramo, de uma árvore específica, usada para lavar os dentes e a língua, deixando um aroma fresco na boca e lábios de um vermelho luxurioso) ou raízes; mas uma escova de dentes é sempre mais prático.

Agora, sua Excelência (República Popular da China) também está a deixar uma herança histórica muito importante, ainda que uma herança triste:
- O seu regime politico (que já foi provado não funcionar, por que é que não desiste?)
- Tiananmen (ou “O Incidente de quatro de Junho”, uma manifestação levada a cabo por trabalhistas, estudantes e intelectuais entre 15 de Abril e 4 de Junho de 1989; contra o seu autoritarismo, a política económica do seu partido comunista, e para exigir reformas da media e democráticas...só para lhe refrescar a memória).
- Os consequentes ataques físicos e destruição da Deusa da Democracia e Liberdade pelo seu exército da libertação (no dia 4 de Junho às 5:40…foi mau, pá! Eu só tinha 12 anos mas lembro-me de ter perguntado à minha mãe por que é que você não queria que o seu povo fosse livre e ditasse o seu próprio destino político...ela respondeu “A República Popular da China é um pai abusivo, e lá não há Segurança Social para salvar aquelas crianças!”)
- Censura (limitar ou suprimir a publicação, a disseminação ou visualização de certa informação na TV, na media escrita, radio, filmes, SMS, jogos de electronicos, internet…será que também imita os fascistas na leitura de correio pessoal?).
- Tibete (se a comunidade internacional faz pressão a alguns países para deixarem certos territórios, então também deveriam fazer o mesmo consigo – o seu poder económico não deveria ser um factor para não o fazer).

Acho que é tudo. Sei que não se ofenderá com as minhas palavras...visto ser desprovido de emoções e provido de uma inteligência desviada.
Desejo-lhe boa sorte na sua reunião com o representante do Dalai Lama.

Sem outro assunto de momento
Subscrevo-me,
Max

O meu amigo Livingsword é conhecido por escrever cartas extremamente provocatórias, convido-te a leres a sua provocação à China: Aqui