Amor: Fé e Sugestão

Margaret in Church - Eugéne Delacroix

A não ser que politicamente aconteça algo transcendental, até fins de Agosto tentarei não me dirigir aos líderes políticos; porque o verão começa amanhã e oficialmente entraremos na saison de férias: uns vão para o Algarve, outros para Torremolinos, alguns para Fortaleza e como são também humanos, os políticos portugueses irão desfilar a sua parolice nas ilhas Margarita e na de Fidel Castro.
Por isso, até Setembro iremos jogar conversa fora. Esta semana foquemo-nos no pensamento!

Muitas vezes as mulheres dizem “gosto muito de fulano, penso que estou apaixonada por ele”; as pessoas ficam todas enternecidas perante esta frase, mas o facto é que gostar é uma acção que está supostamente para além da superficialidade, porque se for uma manifestação simplesmente mental passa a ser uma acção comportamental sugestionada. Depois a paixão é um estado sensorial e sensual, significando que os sentidos são quem está em controle. Logo, como podem as pessoas aceitar tal verborreia como válida e nutri-la a ponto de se disporem a testemunhar matrimónios (50% divórcios, 25% miseravelmente infelizes e 25% aborrecidos) que sabem ter partido de uma premissa errada?

A certos homens apraz-lhes dizer “aquela mulher deixa-me louco; amo-a como ninguém; estou sempre a pensar nela, é uma loucura!”; os amigos batem palmas, dão-lhe palmadinhas nas omoplatas, riem-se e com o punho cerrado sinalizam a sua virilidade.
Caramba aquela frase deveria ter sido construída assim “aquela mulher deixa-me louco; amo-a como ninguém; estou sempre a pensar nela, é uma loucura; logo: vou fugir dela a sete pés”.

Qualquer um que quisesse pensar realmente poderia antever, para as pessoas acima mencionadas, uma grande confusão porque elas guiam-se pelo sentimento, regem-se pelo medo da solidão, movem-se ao som da ansiedade, enlouquecem-se com o silêncio ensurdecedor dos orgãos reprodutores, debatem-se com a continuidade da espécie e, depois, quando cansados do abuso de toda a ordem e finalmente caem em si, perdem-se entre a consciência e o subsconsciente, e deliberadamente afundam-se porque o acto de fé transformou-se numa pura percepção.

Obviamante, as emoções estão no comando e o raciocínio está toldado, porque o pensamento não se coaduna com a loucura (pelo menos, não dentro do conceito de razão como a conhecemos, até a data); o amor não sincroniza com a loucura, mas é capaz de demonstrações de afectividade.

O amor tem afinidades com o pensamento, pois ambos partilham o uso das profundezas do cérebro, da racionalidade, da intelectualidade e da reflexão.
Quem ama não agride gratuitamente e quando magoa toma consciência e corrige o acto; quem ama atinge a satisfação pelo facto de partilhar o mistério da vida; quem ama não é intrusivo, espera pela epifania ainda que por vezes seja a conta-gotas; o amor é o último bem e não é para todos.

Comentários

  1. Olá Lenny,

    As pessoas, na maioria das vezes, falam sem pensar porque permitem que muitos factores influenciem tanto o seu comportamento como o mecanismo de raciocínio.
    Adorei o último paragrágrafo:

    "Quem ama não agride gratuitamente e quando magoa toma consciência e corrige o acto; quem ama atinge a satisfação pelo facto de partilhar o mistério da vida; quem ama não é intrusivo, espera pela epifania ainda que por vezes seja a conta-gotas; o amor é o último bem e não é para todos."

    Beijinhos

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  2. Olá, Max!

    Cá te espero na próxima semana!

    Obrigada e Shabbat Shalom, sweetie!

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  3. Lindo e lindo, lenny. Parabéns, meu amor! Eu amo com consciência e deve ser por isso que ainda estou solteira hahaha...

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  4. Hey, hey, hey...!

    Pas de problème! Tenho como missão casar três raparigas e, não me importo de, na minha lista, acrescentar mais um nome; ça marche?

    Beijocas e boa semana de trabalho!

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