Audiência na Comissão Parlamentar em Inglês para Português Perceber

Comissão Parlamentar (Fonte: Google Images)

Passei pelo canal “Assembleia da República” e a Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública estava a fazer uma audição aos agentes financeiros SIBS, UNICRE, MASTERCARD.

O senhor Vitor Bento, representante da SIBS, disse não concordar com mais legislação sobre as comissões relativas à prestação de serviços que a sua empresa faculta às PMEs, às grandes Empresas e aos consumidores em geral. Para remarcar o seu ponto de vista apresentou, aos deputados lusos, uma alegoria do seu sistema de pagamento, o qual foi feito através de um tripé renumeratório – 1º pé seriam as comissões cobradas no pagamento das compras; 2º pé seria a anuidade paga pelo consumidores ao emissor do cartão e o 3º pé seriam as comissões nos levantamentos atavés das ATMs; mas em Portugal tal cobrança é ilegal por isso o dito tripé é deficiente. Mesmo assim, o senhor Vitor Bento não se coibiu de advertir os deputados portugueses de que se houvesse qualquer intromissão administrativa que interferisse com as restantes pernas do seu coxo tripé, as Instituições Financeiras far-se-iam pagar através da concessão de Crédito.

Seguidamente, o prof. Gonçalves - representante da UNICRE - tomou a palavra para dizer que o ADN da sua empresa é desenvolver o comércio com o pagamento dos cartões: prestar serviço tanto aos emissores dos cartões como ao consumidor.
A UNICRE justificou as suas comissões dizendo que o funcionamento da infra-estrutura é onoroso e, como os bancos estão aflitos, as possibilidades de investimento na infra-estrutura  causará um aumento de custos para o consumidor.
Admoestou os deputados dizendo que: muitas vezes as boas intenções surtem efeitos perversos.

Finalmente, o representante da Mastercard, senhor Paulo Raposo, tomou a palavra dizendo aos deputados que iria começar pelo fim. Basicamente disse aos deputados para esquecerem essa tentativa de quererem intrometer-se nos negócios da rapaziada porque quem iria pagar - devido à sua audácia legislativa- seriam os consumidores e o pequeno comerciante e, inadvertidamente aquele tipo de iniciativa só beneficiaria os grandes comerciantes – subentenda-se os ricos; que a Mastercard vê com bons olhos as iniciativas legislativas que democratizem o capital tornando-o mais abrangente e mais flexível; mas o modo com está a ser conduzido pela comissão parlamentar, não está a ter em conta os efeitos perniciosos.

A Mastercard praticamente disse aos deputados “tratem mas é de educar o povo para esquecer o uso do númerário, porque este velho hábito torna o sistema pernicioso”; “a utilização do cash no sistema é ainda que indirectamente um incentivo à evasão fiscal e também à economia subterrânea”; e é “fundamental que tenham em mente estes dois factores quando se propõem a planificar sobre a redução de custos nas taxas de intercâmbio, nas quais a mastercard não tem nenhuma vantagem mas defende o modelo porque ele funcionou, tem funcionado e funcionará”.
Continuou dizendo que mexer numa componente de preços não significa uma redução dos custos; é simplesmente sinónimo de que esses custos serão distribuidos por alguém: utilizadores dos cartões (i.e. consumidor).

Caros leitores, tive de rearranjar um pouco o texto dos senhores doutores daquelas empresas, pois a apresentação da sua causa foi feita num português prolixo com termos técnicos em inglês – para o grande público entender – que intimidou quase todos os deputados menos o Fernando Serrasqueiro (PS); porque para a deputada do PSD, Elsa Cordeiro, aquela converseta foi sideral, pois ela preferiu simplesmente lamber as botas aos acquires, issuers; aos interchange fee; aos cost-recover, ao ADN da empresa do Professor Fonseca, ao doom's day do Paulo Raposo por causa do cash; aos stakeholders e surveys “encomendados” pela Mastercard do Raposo etc, etc...o parlapiéu foi tão transcendental que a mulherzinha disse que o sistema estava a funcionar na perfeição, não precisava de mudanças e que sendo Portugal um país de cáca, era preferíval esperar por Bruxelas; mas que so far so perfect e que o partido socialista estava a ser inconveniente.

Aquela gente na comissão causou-me awe and fury; ninguém luta mais pelo povo! Nas mentes e corações da classe política el pueblo está muerto; mas pelo menos deveriam disfarçar algum interesse; qualquer coisa: mas não!

Hummm...see you pra semana!


Comentários

  1. Olá Lenny,

    Portanto, os Mr Credit compareceram perante a comissão para lhes ordenar que se calem e os deixem continuar a sugar o povo até ao tutano.
    Ao menos houve um parlamentar do PS que não só percebia do que ali se passava como também parece ter colocado as questões certas, certo?
    Quanto a Elsa Cordeiro (PSD) é preciso ver em que círculos roda, porque a sua intervenção é indigna. Eu gostaria que ela me explicasse aonde, e para quem, é que o sistema funciona perfeitamente - os jornalistas deveriam colocar estas questões.

    Quanto a mim todas as audiências relacionadas com economia e finanças em Portugal são o reflexo de um sistema de educação deficiente (as crianças, independentemente da via académica que queiram seguir, devem adquirir principios de matemática, economia e finanças de modo a perceberem como tanto o governo como o sistema bancário os pode enganar e furtar).

    Adorei os três últimos parágrafos. Lindos! lol

    Beijocas

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    1. Olá, Max!

      O chocante foi a arrogância dos Mr Credit; quando como quem não quer nada: avisaram aos deputados de quão pernicioso seria para os Partidos políticos se estes se atrevessem a regular sobre o seu sector.

      Aquilo foi do tipo: estamos tão enraízados no mercado que, se tentarem ser engraçados, subiremos os preços nas anuidades, o crédito será encarecido: em suma quem manda somos nós e vocês tal qual o povo pagarâo o que nós estipularmos.

      Até avisaram aos deputados de quão nefasto seria para a economia se os portugueses preferissem fazer uso do dinheiro em numerário em vez do cartão (débito/crédito): uma desgraça!

      Boa semana de trabalho, minha linda!

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  2. O parlamento precisa de impôr mais respeito, porque afinal representa a vontade do povo.
    O que estes senhores fizeram na comissão foi praticamente dizer aos eleitores/consumidores "vocês não são coisa nenhuma e merecem ser explorados! Ah, e já agora...como se atrevem a chamar-nos aqui, quem são vocês? Bruxelas já está a tratar do assunto!"
    Quer dizer...

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    1. Olá, Celeste!

      Aquela deputada do PSD foi uma desgraça!!!

      Não sou contra o negócio da SIBS, UNICRE e MASTERCARD, sou contra o facto de os bancos serem associados destas empresas e praticarem dupla taxação: cartões e as malditas despesas de manutenção da conta e outras loucuras que tais.

      Se um consumidor é detentor de um cartão controlado pelo seu Banco, então as ditas despesas e taxas bancárias sobre a sua conta deveriam ser eliminadas.

      O Parlamento deveria concentrar-se em legislar sobre a abusiva taxação sobre as nossas contas a ordem: é uma roubalheira!

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  3. Lenny,
    Achei muito interessante o teu artigo, e não tenho nenhuma dúvida de que há deputados a mais, pois esses que não percebem nada de nada, deviam pura e simplesmente desaparecer. 180 estaria muito bem e já seriam possivelmente demais. Quanto aos actores financeiros, discordo pois eles foram feitos para ter lucros, para poderem ajudar a economia. Qualquer uma das personalidades de que falaste, são pessoas credíveis que estão à frente das entidades referidas, para as desenvolver. E quem tem que pagar? Quem as usa naturalmente. Não haverá outra hipótese, pois quem achar que é caro que deixe de usar, é tão simples quanto isso, e quando precisar de levantar dinheiro, e ou fazer pagamentos, vai a um balcão do banco, perde maia tempo e dinheiro que o custo do cartão. Há sempre muita coisa a equacionar. Felicidades pelo teu blog e não só.

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    1. Olá, Anonymous!

      Nada tenho contra o SIBS, UNICRE e MASTERCARD; nem tão pouco me sinto qualificada para julgar a sua credibilidade: mas posso não aceitar que os bancos, que são os detentores dessas empresas me cobrem despesas duplamente.

      Toda e qualquer empresa necessita de ser supervisionada e a sua actividade regulamentada; lembra-te o quão perniciosos podem ser os monopólios e os cartéis.

      Sei que estamos numa economia de mercado, mas até esta pode ser viciada e prejudicar o consumidor: todos nós.

      Obrigada pelo comentário

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  4. Lenny, não vi esta audiência mas pelo que vejo aqui as pessoas não sabem o que andam a dizer e muito menos sabem o que ouvem, e depois nem questionam o que é ainda mais triste! Eu só concluo uma coisa disto tudo: os nossos representantes políticos sabem ainda menos do que nós, como é que é suposto defenderem os nossos interesses?

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  5. Olá, Carla!

    Houve quem fizesse as perguntas certas; mas se não sabem não devem ocupar o lugar de quem talvez fizesse um excelente trabalho.

    Mesmo que os deputados estivessem a tentar comprrender o funcionamento de tais empresas, se houver alguém como a deputada do PSD a sra. Cordeiro, que só faltou estender a passadeira vermelha e pedir desculpas aos inquiridos pelo facto de estarem perante a Comissão: nunca mais chegaremos a entender a engrenagem dessas empresas e a razão da falta de transparência no método de como se fazem pagar pelo seu serviço.

    boa semana de trabalho, amiga!

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  6. HA! Eu gostaria que estas sumidades me explicassem como é que em países como a américa e a alemanha, onde se usa muito o cash para tudo (nos estado unidos até é normal o pessoal andar com rolos de notas no bolso), como é que eles conseguem controlar as receitas fiscais tão bem.
    É que na alemanha e nos estados unidos quem não pagar impostos vai para a cadeia sem dó nem piedade...o mesmo não acontece na Tuga, mesmo com o uso dos cartões de crédito e MB.
    É tudo uma falácia pegada!! E só cai quem nunca viajou....

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  7. Hey, hey, hey...

    O tipo do Mastercard estava era a aplicar a tática do scaremongering; ok?

    Em portugal as pessoas gostasm de se meter no trabalho dos outros; só me apetecia gritar: esse trabalho de apanhar infractores ou os fora de lei pertence a Polícia, a Procuradoria e os tribunais.

    Enfim, na tentativa de amaciar os parlamentares, para não legislarem contra eles, o tipo da Mastercard quis lixar as pessoas que preferem o uso do cash ao cartão de crétito.

    Bom te ver! :)

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