Segurança Nacional Portuguesa: O Rei Vai Nú

Navio Escola Sagres (Fonte: Google Images)

O ministro da defesa, José Pedro Aguiar Branco, disse num Jantar debate em Coimbra que 86% do orçamento da defesa é aplicado na remuneração do pessoal e somente 13% é investido na gestão operacional e de manutenção. Devido a este desfasamento o detentor da pasta da Segurança Nacional está seriamente a contemplar o uso da tecnologia do corte – porque segundo o ministro “não há milagres” – com a finalidade de obter “Forças Armadas mais ágeis, mais flexíveis e melhor equipadas com menos despesa”.

Mas o que aconteceria se Portugal – afinal o sul do nosso país pertenceu ao império Andaluz – sofresse um ataque terrorista dos islamistas?
Como cidadã estou apreensiva porque a 74 indivíduos, supostamente cidadãos sírios, empunhando documentos falsos, sem um interrogatório aprofundado, foi-lhes facultada a entrada e livre circulação neste país e a consequente fuga – abandonando até um bébé prematuro no hospital – por falta de legislação. Quem poderá garantir aos portugueses que isto não foi um balão de ensaio, visto afinal não ser a primeira vez que a Guiné Bissau, país muçulmano, nos brinda com seus irmãos na fé?

Segundo o artigo do Miguel Machado no Operacional, Portugal gasta com a Defesa em percentagem de PIB 1,6% (i.e. $3mil e 360 milhões) e tem 43.000 efectivos militares, par contre a Espanha gasta 1,1% do seu PIB (i.e. $15 mil e 400 milhoes) e tem 131,000 efectivos militares – nós proporcionalmente, temos mais efectivos – agora hipoteticamente falando, suponhamos que a Espanha esteja a reclamar a posse das ilhas Selvagens porque sabe que elas são um infindável filão de hidrato de metano que tornaria os nuestros hermanos energeticamente independentes por 500 anos. Ora, se os espanhóis o sabem, nós certamente o suspeitamos, então criar-se-ia um impasse e os Spaniards invandiriam Portugal por mar e por terra; que faríamos nesse caso nós?
Rezaríamos pelo espírito de Nuno Alváres Pereira para nos orientar na formação do quadrado em Aljubarrota? Seguiriamos o exemplo dos valentes guerreiros dos campos de Ourique? Não duvido que tenhamos estrategas; mas onde estão os maganos com disciplina militar e concentração necessárias para seguir as instruções, sem anunciar a posição das tropas nas redes sociais?
Clamaríamos pela padeira de Aljubarrota? Bom, não sei se o Continente, o Auchan, o Pingo Doce, o Intermarché e outras companhias panificadoras que fabricam pão à pressão – causador de alergias – depois de feitos os cálculos, se juntariam e fariam o papel da padeira...

No dito jantar o ministro – um feroz praticante do wishfull thinking; do quem me dera e do oxalá – gostaria de ter assegurado o seu apoio aos militares e às suas parcas exigências; mas as suas intenções foram goradas pelo propósito do encontro que era essencialmente comunicar à tropa o seguinte: quero agilidade mas sem lanchas rápidas fluviais e maritímas, sem barcos patrulha equipados com as últimas tecnologias, sem mais  fragatas, e sem mais dois submarinos. E nem pensem em dois porta-aviões por isso continuem as vossas passeatas no navio escola Sagres porque estou sem cheta! Quero mais flexibilidade sem drones, sem investimento no sistema cibernáutico; sem investimento no serviço de informação; sem recurso às últimas tecnologias e tendências; sem investimento para a criação da indústria militar como complemento financeiro...mas quero o melhor dos equipamentos sem grandes despesas.

Eu sei que a maioria dos militares portugueses são de esquerda, por isso quando os socialistas fizeram os primeiros cortes na defesa, os generais não se queixaram porque estavam a colaborar com o Partido. Mas agora neste tempo tão incerto em que os quatro cantos do mundo fervilham em conflitos político-religiosos, os militares portugueses estão na penúria.

Eu poderia recomendar ao ministro José Aguiar Branco que desse carte blanche aos militares portugueses para que frequentassem as feiras dos patriots e tea-party nos Estados Unidos da América, pois por lá, sr. ministro, Portugal adquiriria todas as pechinchas.

Para a semana cá estarei, operacional.

Comentários

  1. Foi mesmo vergonhoso ver os sírios pisgarem-se daqui sem mais nem menos, o que indica que eles eram bandidos, e portugal simplesmente não pôde fazer o que deveria por falta de legislação, uau! Agora, se isto foi um ensaio então que Deus nos acuda porque o inimigo já viu que por aqui pode fazer o que quiser!
    Hahahahaha opá, adorei a mensagem implicita do ministro de defesa:

    "E nem pensem em dois porta-aviões por isso continuem as vossas passeatas no navio escola Sagres porque estou sem cheta!" - HAHAHAHA lindo!
    Adorei, adorei, adorei. Shabbat Shalom, lindas!

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    1. Hey, Ana!

      Eu gostaria de saber quem organiza esses "jantares debate"; a mim parece-me que sejam: monólogos de mal agoiro.

      Bjcas e Shabbat Shalom, minha linda!

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  2. Olá Lenny,

    Ainda bem que resolveste levantar esta vital questão: estará Portugal preparado para um ataque terrorista ou mesmo uma invasão? Não se pode ficar encostado a pensar "Ah, não estamos em guerra, estamos em paz!" ou "Isso nunca acontece aqui!" porque os americanos também diziam que depois de Pearl Harbour nunca mais iriam sofrer ataque nenhum e olha o que aconteceu no 9/11...

    Eu só gostaria de saber como é que o ministro Aguiar Branco gostaria de ter mais agilidade e flexibilidade na defensa nacional a baixos custos. Certamente sabe quanto custa um drone, por exemplo...
    Mas pronto, se calhar ele estava a dizer: está na hora de despedir metade do Top Brass porque temos chefes a mais e não tropas suficientes? Parece-me tudo demasiado absurdo para ser verdade.

    Muito bom trabalho, Lenny. Como sempre.

    Beijocas

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    1. Olá, Max!

      O mais surpreendente é que nunca ninguém se lembra de que as Forças Armadas são também uma boa fonte de formaçao profissional; as pessoas saiem melhor preparadas porque a formação é acompanhada pela prática no terreno; enfim..!

      Obrigada, pelo teu comentário, minha linda!

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  3. Hahaha Toda a mensagem implícita é maravilhosa, rim-me imenso. Olhe Lenny, o estado da defesa em portugal é tão mau que só temos de agradecer aos socialistas por essa vergonha! Graças a António Guterres deixou de ser obrigatório ir à tropa, querendo dizer que diminuímos significativamente o número de reservas treinadas para uma eventual batalha. Se formos invadidos ou sofrermos um ataque terrorista, estaremos tramados, Lenny.

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    1. Olá, Maria!

      Eu concordaria com os cortes se os militares tivessem um back up: por exemplo indústria militar, para que produzissem coisas inovadoras e as comercializassem.

      Os políticos são espécies de vistas curtas: é tão desapontante!

      Maria, gostei de vê-la por aqui!

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  4. É uma maravilha dar jantares para se dizerem merdas.

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    1. Olá, Anónimo!

      Sendo a nossa essência o pensamento; quando o ser humano fala e não se ouve: é lamentável!

      Um abraço

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  5. Realmente, se portugal não quer investir na modernização militar e das suas forças de segurança, no actual contexto mundial, então é que não há mesmo milagres que o acudam quando a bosta chegar ao ventildor...

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  6. Ó lenny, eu não sei para que é que se organizam estes jantares, só pode ser pelo convívio! E pergunto isto porque, penso eu que se deveriam organizar estes convívios para obter o que se quer e não para ouvir que não se vai obter o que quer que seja: mas obrigadinho pelo comerete!
    Eu rezo a Deus para que nunca soframos ataques da natureza que aqui mencionou, porque acho que não estaríamos prontos para eles.

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  7. Olá, Maria Joaquina!

    Ahahahahah, obrigadinha pelo comerete? Essa é boa!

    Se por acaso este país sofresse um ataque, Deus diria " sofre as consequências, porque não te soubeste conduzir": mas estou-lhe agradecida por pôr este país nas sua orações: eu faço o mesmo.

    Boa semana de trabalho!

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