O Aborto e a Lusitanidade

A Condessa de Chinchón - Francisco de la Goya Y Lucientes

Minhas senhoras, não esfreguem as mãos de contente nem se comecem a descabelar; e nem tão pouco comecem a atirar setas de maldição na minha direcção porque “está amarrado!” - como diriam os evangélicos. Portugal seguiu a tendência da civilização ocidental ao legalizar o aborto. Pois bem, o livro sagrado judaico-cristão quanto a este assunto não é específico, o que deixa margem para a fundamentação do livre arbítrio: pelo exposto, eu sou neutra.

Já repararam que as coisas relacionadas com o corpo da mulher são todas elas comandadas pelos homens? Porque será? 
Uma coisa é a anatomia do corpo da mulher per se e o seu respectivo funcionamento; a outra coisa é a presunção do conhecimento da concatenação intrínseca entre o aparelho reprodutor feminino e as várias funções do seu cérebro - qual é o alcance do entendimento dos homens sobre isto?

Estou a divagar, bem sei, porque o que eu queria mesmo dizer é que várias são as razões pelas quais ocorre um aborto e, pelas quais se recorre à prática do aborto. Dizem-me que no primeiro caso, além da dor esta é acrescida pelo senso do falhanço pessoal; no segundo caso também se sofre (se bem que não consigo imaginar a dimensão de tal sentir, porque às vezes há situações pelas quais temos de passar, afim de nos podermos identificar com as mesmas). Porém, o segundo caso é um tormento baseado no livre arbítrio; porque as pessoas têm a liberdade de poderem fazer do seu corpo o que desejam. Mas será?

A maioria das mulheres argumentará que o seu corpo lhes pertence e, que têm ou deveriam ter o direito de usá-lo como entenderem, tal como não trazer crianças a este mundo, para sofrerem por falta de posses ou, por falta de apoio familiar. Para além do mais, essas mulheres não estão dispostas a entregar as suas preciosidades nas mãos de instituiçoes privadas e governamentais, já que estas organizações têm, ao seu serviço, pessoas que brutalizam crianças e as pedofiliam. Compreendo o seu raciocínio e a minha posição é a seguinte: para os brutalizadores advogo penas de prisão nunca inferiores a dez anos; para os pedófilos exijo a forca. 
Mas há que acompanhar o progresso por todos tão ansiado, e um dos sucessos é que a terra – apesar dos pesares – está a parecer um bom lugar para se viver longamente e, pelo facto de estarem a nascer menos crianças, corre-se o risco de um dia se assistir a uma regressão no desenvolvimento ou, então, assistir-se a uma transformação demográfica adversa. 

Por exemplo, em Portugal - em 2012 - a taxa de natalidade foi somente 8,5%: quantas destas crianças, são filhos de estrangeiros? Quantas destas crianças são filhos de casais onde um dos cônjuges é cidadão estrangeiro? 

Eu fui emigrante e aos meus filhos incentivei a total integração; porém, nunca deixei esquecer o português lido e escrito. Passei tudo o que estava relacionado com a cultura portuguesa: os seus autores, as festas e sabedoria populares; a identificação das vestes e  danças regionais; as castanhas assadas no dia de S.Martinho; e às refeições ríamos em português porque contavam-se anedotas e historietas na língua Lusitana. Devido à minha experiência, pergunto-me se esses futuros portugueses que entretanto foram criados nos países de origem de seus pais (e, por uma razão ou outra poderão um dia regressar e reclamar o seu direito de solo), serão eles absolutamente raça – e não me refiro à cor da pele – lusitana? Que sabem eles do âmago português? Quem serão na verdade e, quais os seus planos para esta nação?

Caros leitores, não tenho interesse no que cada um faz ao seu corpo; mas minhas senhoras, a verdade é que quando os políticos querem comprar votos, intrometem-se em assuntos de mulheres, através da criminalização ou despenalização do aborto, para no fim pagarmos nós a factura. 
Aquando do tsunami no Índico em 2004, numa região da Índia, as mulheres que haviam sido esterilizadas e perderam os seus filhos, tiveram de reverter o processo; as mulheres turcas que estavam habituadas a ter liberdade de escolha, com o primeiro ministro islamista Erdogan, são instadas a ter pelo menos cinco bébés, por família; na Europa Ocidental depois de se decretar que, à custa do Estado, se poderia abortar, vêm agora os mesmos decretar que as famílias que procriarem mais, terão incentivos fiscais; porque senão – dizem eles – não haverá quem trabalhe para pagar aos pensionistas.

Amigas, ninguém é de alguém, logo os nossos corpos não nos pertencem na sua inteireza. A única coisa que é quase nossa é a intelectualidade inaudível; o que é nosso na verdade é o sentido de pertença; porque se escolhe ser e estar inserida num determinado grupo. Logo, está na hora de recordar Dom Afonso Henriques, e rapidamente compreenderão que Portugal jamais voltará a ser parte do grande califado global. 

Amiga, só o teu pensamento garantirá a preservação e perenidade da lusitanidade.

Comentários

  1. Olá Lenny,

    As pessoas têm direito de escolha, e como tal podem escolher sofrer, dar cabo do seu aparelho reprodutor (dificultando futuras gravidezes), ficar com o sentimento de culpa etc etc. É a sua escolha, o seu karma e não nos devemos meter nisso.
    Porém, não concordo que o Estado use o dinheiros dos contribuintes para pagar as escolhas pessoais dos cidadãos. O estado deve providenciar hospitais para a execução do aborto, mas as pessoas que paguem do seu próprio bolso; porque há contribuintes que não concordam com a prática do aborto e logo o seu imposto não dever ser usado para essa "causa".

    Portugal está a envelhecer. Portugal não faz filhos porque os seus cidadãos nacionais ou fazem só um (ou porque são biologicamente incapazes,ou porque foi um acidente ou porque têm de continuar a espécie humana sem gastar muito dinheiro) ou não fazem nenhum porque não poderão fazer das crianças um demonstrador da sua opulência e vaidade. Depois, quando os estrangeiros fazem filhos (porque os fazem por gosto), acusam-nos de estarem a invadir Portugal - tenham a santa paciência.

    É tudo quanto tenho a dizer, Lenny.

    Óptimo trabalho.

    Beijocas

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    1. Peço desculpa por alguns erritos - hoje estou com pressa.

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    2. Olá, max!

      Espero que os portugueses comecem a fazer bébés com prazer...

      Bom-fim de semana!

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  2. Tomem mas é a pílula porque a criança não tem culpa! Para além do mais concordo com a Max em tudo o que ela disse!

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    1. Olá,Carla!

      Temos a pílula, o preservativo e ainda a abstinência.

      Bom-fim de semana!

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  3. Olhe, Lenny a bíblia pode não ser específica mas eu acho que a prática vai contra o mandamento "Não matarás!" e abortar é matar uma vida, quer gostemos ou não, a verdade é para ser dita. A lusitanidade está a morrer porque as pessoas, que Deus as perdoe, estão a afastar-se do caminho divino, dos valores familiares e do bom senso: se hoje há a pílula (e que o sr padre não me oiça) porque não tomá-la? Porquê andar a fornicar, engravidar e depois abortar? Ai meu Deus...meu bom Jesus, Salvem Portugal!

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    1. Olá, Maria Joaquina!

      "Não matarás!" é o mesmo que "não deves matar!" que é diferente de "não podes matar!". Não acha?

      Amiga disse uma grande verdade; não deveríamos permitir que se interrompesse o curso da vida; mas para isso nas nossas comunidades deveríamos ser uma pequena aldeia e, sem desculpas parvas, ajudar o próximo a criar uma criança.

      Fornicar é bom, engravidar não é o fim do mundo e abortar é uma questão de escolha. Fala de valores familiares, não me faça chorar...

      Maria Joaquina, vamos pensar positivo e esperar que o bom senso impere e as pessoas recomecem a fazer filhos,

      Bjcas e bom-fim de semana!

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  4. Não comento acerca do aborto (principalmente porque a minha opinião não iria acrescentar nada de positivo ao debate). Mas acerca das baixas taxas de natalidade na lusitânia: o que os portugueses não se apercebem (e deveriam aperceber-se) é que se trata de um problema de Segurança Nacional!
    Se os portugueses não fizerem filhos quem é que poderá vir a preencher as lacunas demográficas? Aqueles que o nosso bem-amado Dom Afonso Henriques tanto lutou para expulsar e formar o nosso país! Pensem nisso tendo em conta a conjuntura mundial actual...!

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  5. Hey,hey,hey...!

    Amén...! É isso mesmo: a conjuctura mundial actual; é um perigo, que o digam o Infante Santo e El Rei D.Sebastião

    Querida, eu não teria conseguido expressar-me melhor!

    Obrigada pelo teu comentário e boa semana

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  6. Olá Lenny,
    Como Max, você tem amor à polêmica, pessoalmente não desgosto das polêmicas, porém sou pre-disposto ao consenso. Assim vamos ao caso: Primeiramente da questão do aborto, abro mão por duas razões; uma religiosa, sendo católico entendo que "não matarás" é igual a "proibido matar" , outra física, sendo homem não teria jamais, condição de opinar com verdadeiro conhecimento da causa. Agora o crescimento demográfico: Esse é um caminho onde se anda para trás, na contra mão, ou seja, quanto melhor as condições de vida menor o crescimento demográfico e vice-versa, nos países pobres há grande crescimento! Assim querida, se os portugueses não se reproduzem numa velocidade que atenda ao equilíbrio populacional, isso deve-se a boa vida que levam! Ou não?

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  7. Olha ai guria, li esse artigo e lembrei de você: http://www.jornalagora.com.br/site/content/noticias/detalhe.php?e=4&n=50713

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    1. Ola, Diller!

      Eu também gosto do consenso, mas gosto também de dar um abanão na árvore :)

      Li o artigo e o mais triste é que na Etiópia devido aos casamentos precoces(12 anos de idade), é um dos países onde os índices de fístula nas meninas mamãs é horripilante e, como se não bastasse, as pobrezitas são ostracizadas.

      Quanto aos portugueses levarem uma boa vida é indiscutível; mas a França a Alemanha e o Reino Unido vivem melhor que nós e fazem mais filhos que nós!

      Eu acho que os portugueses são egoisticamente felizes!

      Estimei vê-lo por aqui, meu caro; obrigada :)

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